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Itália: terremoto não causa mortes, mas fere 20 e danifica patrimônio

Tremores destruíram uma catedral beneditina, uma torre medieval e outros monumentos importantes

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1 de 1 italia, terremoto - Foto: Reprodução/Twitter

O terceiro terremoto forte a atingir a Itália em dois meses não provocou mortes neste domingo, mas atingiu a identidade da nação, destruindo uma catedral beneditina, uma torre medieval e outros marcos importantes que haviam resistido aos tremores anteriores. O primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, disse que “a alma da nação está perturbada” pela série de terremotos, que começou com o tremor mortal de 24 de agosto, matando quase 300 pessoas, seguiu com dois tremores em 26 de outubro e com o maior de todos eles, um terremoto de 6,6 graus de magnitude que tirou as pessoas da cama na manhã deste domingo. Foi o terremoto mais forte a atingir a Itália em 36 anos.

Não foram reportadas mortes – um fato que os especialistas atribuíram à evacuação de áreas sensíveis e centros de cidades frágeis. Cerca de 3,6 mil pessoas foram transferidas para abrigos, hotéis e outras acomodações temporárias após os tremores da semana passada. Muitos foram dormir em acampamentos ou veículos. Renzi prometeu reconstruir casas, igrejas e empresas, afirmando que “um pedaço de identidade italiana está em jogo neste momento”. “Sentir o colapso da terra sob seus pés não é uma metáfora, mas é o que aconteceu esta manhã e metade da Itália sentiu isso”, disse o premiê.

Com uma magnitude preliminar de 6,6, foi o terremoto mais forte desde que um tremor de 6,9 perto de Nápoles matou cerca de 3 mil pessoas em 23 de novembro de 1980. O terremoto foi sentido desde Salzburgo, na Áustria, por toda a península italiana até a região de Puglia, no calcanhar da bota. Cerca de 20 pessoas sofreram ferimentos menores. As autoridades responderam com helicópteros para ajudar os feridos e monitorar colapsos, porque muitas estradas foram bloqueadas por deslizamentos de terra.

O tremor desferiu outro golpe doloroso para o rico patrimônio artístico da Itália nas

comunidades que ficam nas montanhas dos Apeninos. O pior dano foi relatado em Norcia, município na Umbria mais próximo do epicentro. Duas igrejas foram destruídas: a Basílica de São Bento do século 14, construída sobre o local de nascimento tradicional de São Bento, fundador da ordem monástica Beneditina, e a Catedral de Santa Maria Argêntea, conhecida por seus afrescos do século 15. Apenas as fachadas rachadas dessas igrejas ainda estavam de pé, com a maioria das estruturas entrando em colapso em pilhas de entulho

e poeira. Grandes seções das antigas muralhas de Norcia – que sofreram danos e rachaduras nos tremores anteriores – desmoronaram, juntamente com torres.

Amatrice, o município que suportou o peso de destruição em 24 de agosto, sofreu golpes em tesouros que haviam resistido aos tremores das últimas semanas. A medieval torre do sino da comunidade, que resistiu no meio dos escombros depois do terremoto de agosto, havia se tornado um símbolo de esperança e resiliência para a população atingida. Durante uma visita à zona do terremoto no início deste mês, o Papa Francisco rezou sozinho no meio dos escombros, com a torre de tijolo ainda em pé ao fundo. Mas o último tremor fez com que desabasse parcialmente. A igreja do século 15 de Santo Agostino também entrou em colapso.

O terremoto forçou o fechamento temporário de algumas das mais importantes atrações turísticas de Roma, incluindo o palácio presidencial, para que as autoridades pudessem verificar danos.

A agência de notícias ANSA informou que o terremoto danificou a igreja de São José, em Jesi, um município cercado por muralhas medievais na cidade costeira de Ancona. O telhado desabou parcialmente e rachaduras apareceram perto do altar. Em Tolentino, houve danos visíveis na Catedral de San Catervo e da Basílica de San Nicolas, que contém obras de arte e elementos arquitetônicos que datam dos séculos 14 a 17.

Sismólogos disseram que o tremor veio de uma série de falhas no Apeninos, e eles não descartavam novos terremotos no futuro próximo. “É normal para os Apeninos”, disse o presidente do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia da Itália, Carlo Doglioni. Ele citou uma sequência similar de três tremores dentro de um período de meses em 1703 na região.

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