Israel x Hamas: guerra tem trégua com expectativa por saída de reféns
Acordo entre Israel e Hamas prevê que libertação de reféns comece nesta sexta (24/11), paralela a cessar-fogo e libertação de prisioneiros
atualizado
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Na véspera do 50º dia desde a escalada do conflito entre Israel e Hamas, a Faixa de Gaza amanhece com uma promessa de interrupção nos ataques de ambos os lados. A trégua, que deve durar apenas quatro dias inicialmente, faz parte do acordo firmado entre israelenses e o grupo extremista para permitir a libertação de parte dos reféns capturados no ataque de 7 de outubro.
O governo do Catar assegurou que o acordo começa a ser cumprido já nesta sexta-feira (24/11). Majed al-Ansari, porta-voz do Ministério de Negócios Estrangeiros do país árabe, afirmou que a libertação dos primeiros reféns está prevista para as 16h (11h de Brasília). A primeira leva deve conter 13 pessoas.
O acordo, costurado com apoio dos Estados Unidos (EUA) e que contou com a mediação do governo do Catar, prevê a libertação de um grupo de 50 pessoas, entre mulheres e crianças, dos 240 reféns mantidos pelo Hamas e por grupos extremistas da região. A expectativa é que grupos de 12 a 13 reféns sejam libertados em cada um dos quatro dias de trégua.
Além da interrupção do conflito, o acordo prevê a libertação de 150 prisioneiros palestinos mantidos por Israel. O governo israelense ressaltou que não permitirá a libertação de pessoas acusadas de homicídio. Os termos também estipulam a entrada de combustível e suprimentos humanitários na Faixa de Gaza durante a pausa.
O trâmite esperado para a libertação dos reféns, como informou o governo do Catar, deve seguir o mesmo das outras quatro pessoas que receberam liberdade até o momento. Assim, os extremistas, após reunirem o grupo a ser libertado, devem entregar os reféns à Cruz Vermelha, que fará o transporte até a fronteira.
Novo capítulo
Além de trazer esperanças para as famílias das pessoas capturadas pelo Hamas, a trégua e a libertação dos capturados marca o início de um novo capítulo na guerra entre Israel e o Hamas, já que é a primeira vez que há um acordo entre as duas partes desde a escalada do conflito, no último dia 7 de outubro.
Na data, o Hamas empreendeu um ataque surpresa contra Israel, por via aérea, terrestre e marítima. A ação resultou em mais de 1,4 mil mortos, além de terem sido capturados mais de 240 reféns. Desde então, as forças de defesa israelenses têm realizado bombardeios e incursões terrestres na Faixa de Gaza, que já mataram mais de 14 mil pessoas.
Embora a área seja dominada pelo Hamas, há uma população de mais de 2 milhões de civis que sofrem com as consequências do conflito. Além de serem vítimas dos bombardeios, sofrem com o cerco de Israel, que lançou a região em uma situação de crise humanitária. Assim, palestinos lidam com a escassez de recursos básicos, como água, alimentos e remédios.
Em coletiva de imprensa nessa quarta (22/11), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reafirmou que, após cumprido o cessar-fogo, a guerra continuará. Segundo o líder, o conflito não terá fim enquanto não forem cumpridos os objetivos de destruir os extremistas, libertar todos os reféns e garantir que não haverá novos grupos que ameacem o país.
No discurso, Netanyahu afirmou que as condições para o acordo entre as duas partes do conflito foram criadas pela “pressão massiva” empreendida pelas Forças de Defesa de Israel (FDI), por meio de bombardeios e incursões terrestres, aliada à questão diplomática.
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, informou, nessa quinta (23/11), que os “combates intensos” devem durar pelo menos mais dois meses após a trégua para a libertação de reféns que tem início nesta sexta.
Tentativas frustradas
Apenas a negociação em torno dos reféns foi capaz de frear o conflito. O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), em 15 de novembro, aprovou resolução que pedia a adoção de pausas humanitárias urgentes e a libertação de todos os reféns mantidos pelo Hamas. A medida, porém, não foi atendida pelo governo de Israel nem pelo Hamas.
Na reunião que votou o texto, Brett Jonathan Miller, vice-representante permanente de Israel no colegiado, destacou que Israel não precisa de uma resolução para ser lembrado do direito internacional.
“Israel é uma democracia cumpridora da lei, operando estritamente de acordo com o direito internacional. O Hamas, por outro lado, é uma organização jihadista focada na destruição de Israel, por meio do ataque a civis e do uso de civis de Gaza como escudos humanos”, ressaltou aos membros da ONU na ocasião.
Anteriormente, em 27 de outubro, a Assembleia Geral da ONU havia aprovado medida com caráter recomendatório que pedia uma trégua no conflito. À época, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, classificou a resolução, que contou com 120 votos a favor, 14 contra e 45 abstenções, como “desprezível”.
Reféns libertados
Até o momento, o Hamas libertou quatro reféns. Judith Tai Raanan e Natalie Shoshana Raanan, mãe e filha, respectivamente, foram as primeiras a receberem liberdade, em 20 de outubro. Ambas têm cidadania americana e estavam em Israel para visitar um parente, quando acabaram capturadas.
Judith e Natalie foram entregues à Cruz Vermelha Internacional e, após isso, se encontraram com tropas de Israel. O Hamas informou, em um comunicado, que elas foram liberadas por motivos humanitários e para contrariar as acusações do governo dos Estados Unidos.
Em 23 de outubro, o grupo libertou outras duas mulheres, de nacionalidade israelense, identificadas como Nurit Yitzhak, 79 anos, e Yochved Lifshitz, 85, e teriam sido liberadas pelo grupo também por razões humanitárias.