Israel x Hamas: entenda por que é difícil resgatar brasileiros de Gaza
Governo brasileiro negocia retirada de cidadãos pela passagem por terra em Rafah, fronteira com Egito. Local é alvo de bombardeios
atualizado
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Com a eclosão do conflito entre Israel e Hamas, o governo do Brasil iniciou uma operação para retirada de cidadãos da zona de conflito. Entre os mais de 2 mil pedidos de resgate, cerca de 20 brasileiros vivem uma situação crítica no epicentro dos confrontos entre o grupo extremista e o governo israelense: a Faixa de Gaza.
Na tarde dessa quinta-feira (12/10), um avião presidencial da Força Aérea Brasileira decolou com destino a Roma, na Itália, onde aguardará autorização do governo do Egito para pousar no Cairo e retirar brasileiros que pediram para serem resgatados de Gaza. Este é o primeiro voo do Brasil com destino ao território egípcio.
A aeronave foi convocada em caráter de emergência, o que indica um possível avanço das negociações entre os governos brasileiro e egípcio para autorizar a entrada dos brasileiros no país africano.
A fim de garantir a segurança do deslocamento até a fronteira, o governo federal trabalha para reunir toda a documentação necessária à operação, bem como informar a autoridades egípcias, palestinas e israelenses o dia e o horário exatos em que um ônibus faria o trajeto entre a Faixa de Gaza e a cidade de Rafah, no Egito.
Entre os pontos que dificultam o processo, estão possíveis bombardeios a Rafah, para impedir o furo do bloqueio israelense; o risco de extremistas do Hamas infiltrados adentrarem o território egípcio; e a falta de estrutura migratória adequada no Egito para receber os brasileiros.
De acordo com o Itamaraty, a maior parte dos brasileiros em Gaza são mulheres e crianças, concentrados em uma escola, onde receberam suprimentos básicos. A situação, no entanto, tende a se agravar no local, em função do bloqueio israelense que interrompeu o fornecimento de energia, água, alimentos e medicamentos, até que os reféns do Hamas sejam libertados.
A passagem por Rafah, por onde os brasileiros sairiam e a ajuda humanitária aos palestinos entraria, tem sido bombardeada pelo governo do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Segundo a imprensa local, o governo israelense advertiu que autoridades egípcias não devem fornecer ajuda a Gaza, sob pena de sofrer ataques aéreos contra caminhões que transportassem suprimentos para a área controlada pelo Hamas.
Bloqueios terrestres e aéreos
A Faixa de Gaza, território de pequenas dimensões que abriga 2,3 milhões de pessoas, fica entre Israel, Egito e Mar Mediterrâneo, e está sob domínio do grupo extremista Hamas desde 2007. Os fundamentalistas, bem como civis — entre eles, mulheres e crianças — que moram na região, vivem “encurralados”.
O governo israelense controla o espaço aéreo e restringe a entrada de mercadorias por meio de suas fronteiras. O mesmo ocorre ao sul do território, vigiado pelo governo egípcio. Diante do bloqueio total imposto por Israel, não há corredores humanitários para a saída dos civis na zona de combates.
Entenda o que é a Faixa de Gaza, lar de 2 milhões de palestinos
O único caminho para saída de Gaza por terra, sem passar por Israel, é por Rafah, na fronteira com o Egito, local alvo de bombardeios das tropas lideradas por Netanyahu. O Escritório de Representação do Brasil em Ramala, na Cisjordânia, contratou veículos terrestres para fazer o transporte até a passagem.
No entanto, o Brasil ainda não recebeu o aval do Egito para a chegada dos brasileiros; portanto, não há data prevista para o resgate.
Veja o local no mapa:
Brasileiros presos
Antes mesmo da eclosão do conflito mais recente entre Israel e Hamas, cerca de 80% da população de Gaza já dependia de ajuda internacional, segundo a ONU. Além disso, aproximadamente 1 milhão de pessoas no local contavam com doações de alimentos para sobreviver.
Bader Monir, 11 anos, é um dos 13 brasileiros abrigados na Escola das Irmãs do Rosário, na Faixa de Gaza. A Embaixada do Brasil em Tel Aviv pediu, na quarta-feira (11/10), que Israel não bombardeie uma escola que abriga os brasileiros em meio ao conflito.