Israel x Hamas: Conselho da ONU falha de novo na mediação da guerra
O Conselho de Segurança votou mais duas resoluções para frear o conflito entre Israel e Hamas. A reunião, porém, terminou sem consenso
atualizado
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O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) deliberou outra vez sobre propostas para intervir no conflito entre Israel e Hamas. Apesar de contar com duas minutas sobre a mesa, a sessão dessa quarta-feira (25/10) fracassou ao não chegar a consenso sobre uma resolução.
A proposta apresentada pelos Estados Unidos seguia na linha do que o país tem defendido desde a escalada do conflito. Assim, o texto, entre outros itens, condenava o Hamas e destacava o direito de autodefesa dos israelenses. A medida asseguraria a Israel a continuidade de bombardeios, mas implementaria pausas humanitárias nos ataques aos território palestino.
A embaixadora dos EUA, Linda Thomas-Greenfield, defendeu que a delegação trabalhou na composição de uma resolução “forte e balanceada”. O texto recebeu 10 votos a favor, três contra e duas abstenções. Apesar de conquistar a maioria dos países, o veto prevaleceu a partir das posições contrárias da China e da Rússia.
Em seguida, o Conselho de Segurança votou uma medida alternativa, apresentada pela Rússia. Com quatro votos a favor, dois contra e nove abstenções, a proposta também não passou. Ao contrário da minuta americana, o texto defendia cessar-fogo imediato e condenação aos ataques a civis.
Com o término da sessão, o Conselho de Segurança da ONU chegou a quatro o número de votações fracassadas para frear o conflito. Paralelamente a isso, a Faixa de Gaza segue imersa em uma crise humanitária e somando vítimas da guerra entre Israel e Hamas.
Fracassos seguidos
“Há duas semanas, o Conselho de Segurança não tem sido capaz de enviar um sinal coletivo para reverter a escalada do conflito entre a Palestina e Israel. Isso é extremamente lamentável”, avaliou o representante da delegação russa, Vassily Nebenzia, na sessão desta quarta (25/10).
A fala remete às quatro tentativas do colegiado de intervir no conflito. Na última semana, depois de intensas negociações, o Conselho de Segurança votou as propostas de Brasil e Rússia. Os dois textos, porém, não passaram.
O conselho tinha na mesa duas resoluções, uma apresentada pela Rússia e outra pelo Brasil. A proposta russa, a primeira a ser votada, pedia cessar-fogo imediato, mas sem condenar diretamente o grupo extremista Hamas. O placar de cinco votos a favor, quatro contra e seis abstenções frustrou qualquer aprovação.
O texto brasileiro, por sua vez, garantiu a maioria dos votos, mas o posicionamento contrário dos Estados Unidos minou qualquer aprovação. Como membros permanentes, os americanos têm poder de veto. Embaixadora dos EUA, Linda Thomas-Greenfield alegou que a decisão se deveu ao texto não fazer menção direta ao direito de autodefesa de Israel.
Número de mortos
O conflito entre Israel e Hamas escalou desde o último dia 7, quando o grupo extremista promoveu um ataque surpresa a Israel. Desde então, o governo israelense tem promovido ataques aéreos, além de incursões terrestres localizadas, contra o território palestino.
A guerra não dá sinais de arrefecimento. Em pronunciamento, nessa quarta-feira (25/10), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, detalhou que as forças de segurança israelenses se preparam para uma invasão terrestre à Faixa de Gaza.
A Faixa de Gaza registrou o dia com mais mortos desde a escalada do conflito entre Israel e Hamas nessa terça-feira (24/10). A informação consta em relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), com base em dados do Ministério da Saúde de Gaza. Foram 704 mortos, sendo 305 crianças.
De acordo com o canal de televisão Al Jazeera, o total de mortos da guerra entre Israel e o grupo radical Hamas passa de 8 mil. Na Palestina, 6.649 perderam a vida. Já as autoridades de Israel informam 1.405 mil mortes. A quantidade de feridos passa de 24 mil, somados dados de ambos os lados do conflito.
Função questionada
A falta de consenso no Conselho de Segurança da ONU e a incapacidade de dar uma resposta ao conflito no Oriente Médio expõem a fragilidade do órgão em evitar e arbitrar conflitos. Situação que também esteve presente na guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
O Conselho de Segurança foi instituído no ato da criação da ONU, em 1946. O órgão é composto por 15 membros das nações unidas. São permanentes apenas China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos — países que figuraram como os grandes vitoriosos da 2ª Guerra Mundial.
A principal atribuição do conselho é agir em prol da manutenção da paz e da segurança internacionais. Com base nas deliberações, o colegiado pode decidir, por exemplo, ordenar operações militares internacionais, aplicar sanções e criar missões de paz.