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Israel intensifica ação do Mossad para combater Hezbollah mundo afora

Troca de informações entre inteligência brasileira e israelense tem como pano de fundo o acirramento do conflito entre Israel e Hamas

atualizado

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1 de 1 Imagem colorida mostra apoiadores do Hezbollah - Metrópoles - Foto: Fadel Itani/NurPhoto via Getty Images

A operação que cumpriu mandados contra alvos ligados ao Hezbollah no Brasil contou com o apoio da inteligência de Israel. Poucas horas após a operação ser deflagrada pela Polícia Federal (PF), o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, comunicou que a troca de informações faz parte de iniciativa de Israel para frustrar planos do grupo contra “israelenses, judeus e ocidentais”.

“Tendo como pano de fundo a guerra em Gaza contra a organização terrorista Hamas, o Hezbollah e o regime iraniano continuam a operar em todo o mundo para atacar alvos israelenses, judeus e ocidentais”, diz a nota. “O Mossad (serviço secreto israelense) trabalha e continuará a trabalhar para frustrar esses esforços, sempre que necessário, por meio de diversos métodos”.

A nota ressalta que o grupo tem uma extensa rede em operação em outros países. O auxílio da inteligência israelense, aliada a agentes, como os Estados Unidos, tem como pano de fundo a guerra entre Israel e o Hamas. Desde 7 de outubro, quando se deu a escalada do conflito, o Hezbollah demonstrou apoio ao grupo extremista.

Vitor de Pieri, professor do Instituto de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), ressalta que a troca de inteligência é comum entre os países.

“Eu não acredito que seja uma novidade [o fato de Israel passar informações para outros países]. É uma questão que foi investigada em um contexto de bastante turbulência política naquela região, então isso faz com que esse tema seja mais repercutido”, ressalta.

A troca de informações e o acompanhamento de grupos insurgentes, por meio de inteligência, ganhou força após o 11 de setembro de 2001, quando a organização fundamentalista islâmica Al-Qaeda promoveu uma série de ataques suicidas contra os Estados Unidos. “Os países ocidentais, principalmente os Estados Unidos, passaram a trabalhar com a perspectiva de guerra ao terror”, explica.

O professor acrescenta que, após o 11 de setembro, o mundo saiu das chamadas guerras clássicas e entrou em um momento de ataques preventivos. “[Nesse contexto] Esses grupos insurgentes utilizam de práticas terroristas como forma de guerra irregular, porque eles são inferiores, do ponto de vista militar, em relação às grandes potências”, destaca.

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Hassan Nasrallah falou em Beirute sobre o ataque do exército israelense a Gaza e alertou Israel sobre um possível ataque ao Líbano em novembro de 2023
Milícias xiitas seguram a bandeira do Hezbollah depois que as forças iraquianas entraram na cidade de Amirli, no norte, que estava sob cerco de militantes do Estado Islâmico por mais de dois meses em Saladino, Iraque, em 31 de agosto de 2014
 O secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, faz um discurso durante uma cerimônia do Dia da Ashura em Beirute, Líbano, em 24 de outubro de 2015
Exercício militar realizado perto da fronteira israelense no governo de Nabatieh, Líbano, em 21 de maio de 2023
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O chefe da unidade do Hezbollah ajuda um apoiador do Hezbollah a segurar sua boina

Manu Brabo/Getty Images
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Hassan Nasrallah falou em Beirute sobre o ataque do exército israelense a Gaza e alertou Israel sobre um possível ataque ao Líbano em novembro de 2023

Morteza Nikoubazl/NurPhoto via Getty Images
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Milícias xiitas seguram a bandeira do Hezbollah depois que as forças iraquianas entraram na cidade de Amirli, no norte, que estava sob cerco de militantes do Estado Islâmico por mais de dois meses em Saladino, Iraque, em 31 de agosto de 2014

Stringer - Anadolu Agency
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O secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, faz um discurso durante uma cerimônia do Dia da Ashura em Beirute, Líbano, em 24 de outubro de 2015

Ratib Al Safadi/Agência Anadolu/Getty Images
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Exercício militar realizado perto da fronteira israelense no governo de Nabatieh, Líbano, em 21 de maio de 2023

Houssam Shbaro/Anadolu Agency via Getty Images

Operação

Como mostrou a coluna Na Mira, do Metrópoles, a Polícia Federal (PF) desarticulou uma célula do Hezbollah que planejava ataques no Brasil. A corporação, em nota, afirmou que a Operação Trapiche, como foi batizada, também buscava obter provas de possível recrutamento de brasileiros para a prática de atos extremistas no país.

A operação cumpriu dois mandados de prisão temporária e 11 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Subseção Judiciária de Belo Horizonte, nos estados de Minas Gerais, São Paulo e no Distrito Federal. De acordo com o portal G1, a Interpol foi acionada para prender dois brasileiros que estariam no Líbano.

A corporação divulgou o seguinte balanço:

  • MG: 7 mandados de busca e apreensão cumpridos;
  • DF: 3 mandados de busca e apreensão cumpridos;
  • SP: 1 mandado de busca e apreensão e 2 mandados de prisão temporária cumpridos.

Os recrutadores e os recrutados devem responder pelos crimes de constituir ou integrar organização terroristas e de realizar atos preparatórios de terrorismo, cujas penas máximas, se somadas, chegam a 15 anos e 6 meses de reclusão.

A PF ainda informa que os crimes previstos na Lei de Terrorismo são equiparados a hediondos, considerados inafiançáveis, insuscetíveis de graça, anistia ou indulto, e o cumprimento da pena para esses crimes se dá inicialmente em regime fechado, independentemente de trânsito em julgado da condenação.

A Confederação Israelita do Brasil (Conib), por meio do X (antigo Twitter), manifestou preocupação com a situação. “Parabenizamos a PF, o Ministério Público e o Ministério da Justiça pela sua ação preventiva e reitera que os trágicos conflitos do Oriente Médio não podem ser importados ao nosso país, onde diferentes comunidades convivem de forma pacífica, harmoniosa e sem medo do terrorismo”, completou

O Hezbollah

O Hezbollah é considerado uma organização política e paramilitar que atua há décadas no território libanês. A origem do grupo se deu durante a guerra civil no país nos anos de 1980, como resposta à ocupação israelense no sul do Líbano.

Inspirado e apoiado pelo Irã, o Hezbollah rapidamente se tornou uma força de resistência contra Israel. Sua ala militar é considerada uma das mais poderosas da região, e tem lançado ataques bem-sucedidos contra alvos israelenses.

Tendo em vista o poderio militar do grupo, o envolvimento do Hezbollah na guerra travada entre Israel e o grupo radical Hamas passou a ser visto com preocupação pelos israelenses.

Documento das Forças de Defesa de Israel (FDI), ao qual o Metrópoles teve acesso em outubro, apontou que a participação extensiva do grupo no conflito poderia levar a uma “guerra destrutiva”.

As Forças de Defesa de Israel ainda afirmavam que o Hezbollah seria responsável por todos os ataques vindos do Líbano. “O envolvimento do Hezbollah pode levar a uma guerra destrutiva, que pode ser contra os interesses nacionais israelenses e libaneses”, ressalta.

O líder do grupo Hezbollah, Hassan Nasrallah, chegou a defender os ataques do Hamas contra Israel em 7 de outubro. Para ele, as ações foram “corretas, sábias e justas”.

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