Israel concentra tropas para potencial invasão da Faixa de Gaza
300 mil reservistas já foram convocados; além do cerco total, a Faixa de Gaza também deve ficar sem eletricidade
atualizado
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Após a ofensiva do grupo radial Hamas contra israelenses, no último fim de semana, as Forças Armadas de Israel têm concentrado milhares de tropas nos arredores da Faixa de Gaza, indicando uma potencial invasão iminente por terra do território palestino.
Desde o último sábado (8/10), dia da ofensiva terrorista surpresa do Hamas, Israel já realizou mais de 2 mil operações aéreas retaliatórias contra alvos em Gaza. Cerca de 300 ocorreram só na última noite, em que mais de 30 pessoas morreram. O brigadeiro Omer Tishler, chefe do Estado-Maior da Força Aérea de Israel, afirmou que caças estão atacando a Faixa de Gaza numa “escala sem precedentes”.
Autoridades de saúde de Gaza afirmaram, nesta quarta-feira (11/10), que os intensos ataques aéreos retaliatórios de Israel já deixaram mais de mil palestinos mortos e mais de 4.000 feridos no território. Regiões inteiras da Cidade de Gaza, principal área urbana do enclave, foram reduzida a ruínas.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 200 mil habitantes da Faixa de Gaza, que tem população de pouco mais de 2 milhões, fugiram de suas casas.
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, declarou a soldados concentrados perto de Gaza: “O Hamas queria promover uma mudança e terá uma. O que existia em Gaza não existirá mais”.
“Iniciamos a ofensiva pelo ar e, mais tarde, também atacaremos pelo solo. Estamos na ofensiva. Ela só vai se intensificar”, disse, nas declarações mais explícitas até o momento em que Israel se prepara para uma invasão por terra de Gaza. Desde o ataque do Hamas, Israel também convocou mais de 300 mil reservistas.
Escalada do terror
O último balanço aponta que a ofensiva do Hamas resultou no massacre de pelo menos 1.200 pessoas em território israelense, incluindo crianças, mulheres e idosos. Os números têm subido constantemente desde sábado, com a descoberta de mais corpos e as buscas em comunidades que foram ocupadas pelo Hamas.
Mais de cem corpos foram encontrados no kibutz israelense Be’eri, uma comunidade agrícola próxima de Gaza e um dos primeiros locais invadidos pelos terroristas no sábado. Também foram encontrados dezenas de corpos no kibutz vizinho de Kfar Aza. O jornal israelense Haaretz descreveu o que aconteceu no local como “o maior massacre de judeus desde o Holocausto”. Autoridades israelenses também expressaram comparações similares.
Entre os civis assassinados em Israel estão cidadãos dos EUA, do Brasil e da França. Várias vítimas participavam de um festival de música que ocorria a poucos quilômetros da fronteira com Gaza e que foi alvo de um ataque de homens armados do Hamas. No local, foram encontrados pelo menos 260 corpos. Dois brasileiros que participavam do festival foram assassinados pelo Hamas.
Mais de uma centena de israelenses e estrangeiros, incluindo mulheres e idosos, também foram sequestrados pelo Hamas e levados para Gaza como reféns. Na terça-feira, o embaixador israelense nas Nações Unidas estimou o número de reféns entre 100 e 150.
O Hamas ameaçou matar os reféns caso Israel não cesse seus bombardeios à Gaza, mas até o momento não há indicações de que algum sequestrado tenha sido executado.
Cerco total
Além de concentrar tropas, Israel ordenou um “cerco total” à Gaza, cortando o fornecimento de eletricidade, água, combustível e comida para o enclave, espremido entre Israel, o Egito e o Mar Mediterrâneo e habitado por pouco mais de 2 milhões de palestinos.
Dois terços da eletricidade consumida em Gaza dependiam de fornecimento israelense. Com o corte, o enclave passou a depender exclusivamente de uma termoelétrica local, mas esta também deve ficar sem combustível na tarde desta quarta-feira, segundo autoridades palestinas locais. Há temor de que o corte total de eletricidade afete duramente os hospitais locais, já superlotados de pessoas que ficaram feridas nos ataques aéreos.
Falando à rede Al Jazeera, o repórter Nedal Samir Hamdouna, em Gaza, disse que as condições no enclave sitiado se assemelham a um inferno. “Não tenho palavras para descrever como é terrível a situação aqui”, disse.
Em reposta ao cerco, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu, na terça, a abertura de um corredor humanitário até Gaza. “É necessário um corredor humanitário para fornecer suprimentos médicos essenciais às populações”, disse o porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic.
Na terça-feira, o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, afirmou que a maioria absoluta dos países do bloco é contrária ao “cerco total” imposto à Gaza, e à suspensão da ajuda humanitária ao enclave.
“Israel tem certamente o direito de se defender, mas isso deve ocorrer de acordo com os princípios das leis humanitárias internacionais. Pedimos também a libertação dos reféns, assim como o acesso a água, alimentos e remédios, que devem também estar de acordo com as leis”, disse Borrell.
Com informações do Portal DW, parceiro do Metrópoles.