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Israel promoveu um ataque a um posto de socorro do Hezbollah no centro de Beirute, no Líbano, que matou pelo menos seis pessoas durante a noite dessa quarta-feira para esta quinta-feira (3/10). Em meio ao risco de conflito generalizado na região, após os ataques iranianos de terça-feira (1°/10) a Israel, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que se opõe à realização de disparos israelenses contra instalações nucleares iranianas.
Os combates terrestres no sul do Líbano, nessa quarta, também resultaram na morte de oito soldados israelenses. Durante a madrugada, Israel continuou a sua ofensiva no Líbano, com 17 ataques a Beirute e aos seus subúrbios ao sul, de acordo com a agência oficial libanesa NNA.
Pela segunda vez, um ataque atingiu o coração da capital, alcançando o “centro de proteção civil” do Hezbollah no distrito de Bachoura, segundo uma fonte próxima do movimento armado libanês aliado do Irã. Além dos seis mortos, sete pessoas ficaram feridas, informou o Ministério da Saúde.
Ataque em Damasco
As forças israelenses, cujos bombardeios contra redutos do Hezbollah no Líbano deixaram centenas de mortos na semana passada, mataram ainda três pessoas na capital síria, Damasco. Entre elas, o genro do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, assassinado por Israel no dia 27 de setembro nos subúrbios de Beirute.
“Hassan Jaafar al-Qasir, genro de Hassan Nasrallah, é uma das duas vítimas libanesas do ataque israelense que teve como alvo um apartamento em um prédio residencial no distrito de Mazzé, em Damasco”, disse o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.
Uma fonte próxima do Hezbollah confirmou esta informação à AFP e especificou que Hassan Jaafar al-Qasir era irmão de Jaafar al-Qasir, responsável pela transferência de armas do Irã para o Líbano, que Israel anunciou ter matado terça-feira num ataque nos subúrbios ao sul de Beirute.
O Irã lançou o seu segundo ataque direto contra Israel na terça, seguido de ameaças de retaliação cruzada entre os dois países. “O Irã cometeu um erro grave e pagará o preço”, alertou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
O presidente iraniano, Massoud Pezeshkian prometeu “uma resposta mais forte” em caso de represálias, ao mesmo tempo que garantiu que o seu país não estava “à procura da guerra”.
ONU denuncia “ciclo doentio” de violência
A escalada militar entre Israel e o Irã, por um lado, e o Hezbollah, por outro, suscita receios de que a situação no Oriente Médio possa sair de controle, um ano após o ataque realizado pelo aliado palestino do Hezbollah, o Hamas, em solo israelense. Os atentados iniciaram a guerra na Faixa de Gaza em 7 de outubro de 2023.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou na quarta-feira “o ciclo doentio” de violência numa região à beira do “precipício”, antes de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a situação no Oriente Médio
O secretário-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou no X que os hospitais libaneses estão “sobrecarregados com pacientes feridos”. “O sistema de saúde foi enfraquecido por sucessivas crises e luta para fazer face às imensas necessidades”, acrescentou.
De acordo com o Centro de Crise Libanês, mais de 1.928 pessoas foram mortas no Líbano desde outubro de 2023. A partir de meados de setembro, Israel intensificou as suas operações militares na frente norte, a fim de enfraquecer o Hezbollah e permitir o retorno de dezenas de milhares de habitantes das regiões fronteiriças com o Líbano, deslocados pelos lançamentos de foguetes do movimento libanês, incessantes no último ano.
“Cidade fantasma” no sul do Líbano
O exército israelense pediu a evacuação “imediata” dos vilarejos do sul do Líbano, enquanto novos ataques aéreos visavam os subúrbios do sul de Beirute, abandonados pelos seus residentes. Três novos bombardeios atingiram estes bairros na noite de quarta-feira, segundo testemunhas e a AFP.
“O bairro tornou-se uma cidade fantasma”, testemunhou Mohammad Cheaïto, um motorista de 31 anos que decidiu ficar, mas pediu aos seus pais, à sua irmã e aos seus sobrinhos que partissem para um lugar mais seguro.
Imagens divulgadas pelo exército israelense mostram soldados em solo libanês, movimentando-se a pé por vilarejos e áreas montanhosas. Tel Aviv anunciou ter implantado uma segunda divisão para apoiar as tropas que já estavam lá.
Houtis do Iêmen disparam contra Israel
Em outra frente, os rebeldes houthis do Iêmen, apoiados pelo Irã, afirmaram nesta quinta que realizaram um ataque de drones contra Israel. Os houthis fizeram “uma operação militar visando um alvo importante na região de Jaffa [um distrito de Tel Aviv], na Palestina ocupada, com uma série de drones”, declarou o seu porta-voz militar, Yahya Saree, sem especificar quando o ataque ocorreu.
“Os drones atingiram o alvo sem que o inimigo conseguisse interceptá-los ou derrubá-los”, acrescentou.
O exército israelense, por sua vez, afirmou durante a noite ter “interceptado um alvo aéreo suspeito ao largo da costa da região de Dan, no centro de Israel”, sem dar mais detalhes. Na quarta-feira, os houthis já tinham afirmado ter disparado três mísseis contra Israel, um dia após um ataque com mísseis iranianos contra o território israelense.
Os houthis controlam grandes áreas do Iêmen e fazem parte do “eixo de resistência” contra Israel, um grupo assim chamado por Teerã que reúne movimentos apoiados pelo país na região, como o Hamas palestino, o Hezbollah libanês ou mesmo grupos iraquianos.
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