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O Exército israelense realizou, nesta segunda-feira (30/9), o primeiro ataque ao centro de Beirute desde o início dos confrontos mais diretos entre Israel e o Hezbollah. Pelo menos quatro membros do grupo armado Jamaa Islamiya, na capital do Líbano, morreram na ofensiva. O movimento reforça o contigente do Hezbollah em suas operações no norte de Israel, em apoio ao Hamas.
A Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) havia anunciado a morte de três de seus membros no ataque israelense a Beirute. O movimento palestino Hamas também anunciou nesta segunda-feira que seu líder no Líbano foi morto em outro ataque.
“Fatah Sharif Abu al-Amin, líder do Hamas no Líbano e membro da liderança do movimento no exterior, foi morto em um ataque em sua casa no campo de refugiados palestinos de al-Bass, no sul do Líbano”, escreveu o movimento em um comunicado.
Abu al-Amin, sua esposa, filho e filha morreram em um “assassinato terrorista e criminoso”, acrescentou o movimento islâmico. Segundo a agência de notícias oficial libanesa ANI, o campo de refugiados perto da cidade de Tiro, no sul do país, também foi alvo de um ataque aéreo.
Intensificação dos ataques
O Exército israelense intensificou os bombardeios no Líbano desde 23 de setembro para permitir o retorno ao norte de Israel de seus habitantes que se retiraram da região após o início dos combates com o Hezbollah.
Desde o início da guerra em Gaza, Israel tem como alvo militantes do Hamas no Líbano. Em 2 de janeiro de 2024, o número dois do movimento palestino, Saleh al-Arouri, foi morto perto de Beirute em um ataque atribuído a Israel.
Em agosto, um ataque israelense a um veículo na cidade de Saidon, no sul do Líbano, matou Samer al-Hajj, um oficial do Hamas no campo de refugiados palestinos de Ain al-Helweh, no Líbano.
De acordo com estimativas da ONU, quase 250 mil refugiados palestinos e seus descendentes ainda residem no país.
Eles obtiveram refúgio depois de serem expulsos ou fugirem de suas propriedades na época da criação de Israel, em 1948, de acordo com a ONU. O Exército libanês não se posiciona em campos palestinos onde a segurança é fornecida por facções palestinas.
O Exército israelense realizou novos bombardeios contra o Hezbollah no Líbano, que deixaram mais de 100 mortos neste domingo (29). Israel também afirma ter atingido alvos dos rebeldes huthis no oeste do Iêmen, deixando quatro mortos.
O Exército israelense afirmou ter matado na sexta-feira, junto com Nasrallah, mais de 20 membros do Hezbollah de diversos escalões presentes no quartel-general subterrâneo de prédios civis.
Segundo o Irã, um comandante da Guarda Revolucionária, o exército ideológico da República Islâmica, também morreu no ataque de sexta-feira. Sua morte “não ficará sem resposta”, advertiram as autoridades iranianas.
O Hezbollah, financiado e armado pelo Irã, foi criado em 1982 durante a guerra civil no Líbano, por iniciativa da Guarda Revolucionária do Irã.
Guerra deve ser evitada
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou neste domingo que uma “guerra total” no Oriente Médio “deve ser evitada” e o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, chegou ao Líbano para “conversar com as autoridades locais e fornecer apoio, especialmente humanitário”.
A Arábia Saudita pediu que a soberania do Líbano e a preservação “da paz e da segurança regionais” fossem respeitadas. Apesar dos ataques de Israel, o Hezbollah continua lançando foguetes contra o território israelense.
O Irã pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU para evitar “uma guerra total” na região. O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, indicou que cerca de um milhão de pessoas poderiam ter sido deslocadas pelos ataques israelenses no Líbano.
“Este pode ser o maior deslocamento populacional da história do Líbano”, declarou. Cerca de 100.000 pessoas fugiram para a Síria após ataques aéreos israelenses no Líbano, segundo a agência de refugiados da ONU (ACNUR).
“O número de pessoas que cruzaram o Líbano para a Síria, fugindo dos ataques aéreos israelenses — cidadãos libaneses e sírios — chegou a 100 mil. O êxodo continua”, escreveu o Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, na rede social X.
O Hezbollah abriu uma frente contra Israel em apoio a seu aliado Hamas na guerra na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque do movimento palestino em solo israelense em 7 de outubro de 2023.
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