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Esta quarta-feira (24/9) marca o terceiro dia de bombardeios de Israel no sul do Líbano, a poucas horas de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, em Nova York (EUA), convocada pela França. Pela primeira vez desde o início da guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza, em outubro passado, o Hezbollah disparou um míssil de longo alcance contra a sede do Mossad – serviço de inteligência e contraterrorismo de Israel – na periferia de Tel Aviv, a 200 km de distância da fronteira, e foi abatido pelo sistema de defesa antiaérea.
O Hezbollah confirmou a morte de mais um de seus importantes comandantes militares, Ibrahim Mohammed Kobeissi, num ataque israelense ocorrido na terça-feira (24/9) na periferia da capital Beirute. Kobeissi coordenava, segundo Israel, a rede de mísseis e foguetes da milícia. O mesmo bombardeio matou outros dois paramilitares do grupo xiita libanês.
Em reunião à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova York, Emmanuel Macron pediu ao presidente iraniano Massoud Pezeshkian que apoie uma desescalada, mas o iraniano respondeu que não era possível deixar o Hezbollah sozinho diante de Israel.
A China também afirmou que continuará a apoiar o Irã independentemente da evolução da situação no contexto regional e internacional.
As críticas a Israel são cada vez mais duras. Em um comunicado divulgado na manhã de quarta-feira, o Iraque, o Egito e a Jordânia acusam Israel de empurrar a região para uma “guerra total”. O emir do Catar chamou a guerra em Gaza de “crime de genocídio” na tribuna da Assembleia da ONU.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, foi mais longe, comparando o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu a Hitler. Erdogan defendeu “uma aliança da humanidade” para conter o premiê israelense, que adiou mais uma vez sua viagem a Nova York e só deve discursar na sexta-feira.
Em três dias de bombardeios ao Líbano, 558 pessoas morreram, incluindo 50 crianças e 94 mulheres, e 1.835 ficaram feridas. O número de libaneses deslocados chega a cerca de 500 mil pessoas, segundo o chefe da diplomacia libanesa Abdallah Bou Habib.
Míssil lançado pelo Hezbollah
O exército israelense disse que o míssil disparado contra Tel Aviv na manhã desta quarta foi “o primeiro” do Hezbollah, depois de ter sido interceptado pela defesa antimísseis israelense, acusando o movimento islâmico libanês de querer “agravar a situação”.
Esse disparo de um míssil terra-terra é uma “escalada” do Hezbollah, disse outro porta-voz do exército, o tenente-coronel Nadav Shoshani, em uma coletiva de imprensa. “O Hezbollah está, sem dúvida, tentando piorar a situação (…), está tentando aterrorizar mais e mais pessoas”, acrescentou. As sirenes de alerta soaram nas regiões de Tel Aviv e Netanya depois que o míssil foi disparado.
Mais tarde, o exército disse em um comunicado que havia atingido o lançador de onde o míssil foi disparado na região de Nafakhiyeh, no Líbano.
Na noite de terça-feira, caças israelenses realizaram uma série de ataques contra alvos do Hezbollah em território libanês, acrescentou o exército, que disse ter “atingido terroristas que operam dentro da infraestrutura terrorista, instalações de armazenamento de armas, lançadores e outros alvos terroristas”, segundo o comunicado.
Os ataques israelenses no Líbano na segunda-feira deixaram centenas de mortos, de acordo com o Ministério da Saúde libanês.
Apoio ao Hamas
As trocas de tiros transfronteiriças entre o Hezbollah e o exército israelense começaram após o início da guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o Hamas, desencadeada pelo ataque do movimento islâmico palestino ao território israelense em 7 de outubro.
O Hezbollah alega estar disparando foguetes contra Israel em apoio ao seu aliado, Hamas. Essas trocas de tiros deslocaram dezenas de milhares de pessoas de ambos os lados da fronteira entre Israel e Líbano.
Os confrontos se intensificaram desde uma onda de explosões espetaculares de equipamentos de transmissão do Hezbollah em 17 e 18 de setembro, que deixou 39 pessoas mortas e mais de 2.900 feridas, de acordo com as autoridades libanesas. O Hezbollah e o Irã culparam Israel pelas explosões.
O Hezbollah, um movimento político e grupo paramilitar com ideologia islâmica xiita, foi criado em 1982 por iniciativa da Guarda Revolucionária, o exército ideológico da República Islâmica do Irã, após a invasão israelense no Líbano.