Irã repudia apoio de Trump a manifestos e nega violência em atos
“Reponham a internet e deixem que os jornalistas circulem livremente. Parem de matar o grande povo iraniano”, postou Trump no Twitter
atualizado
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O governo iraniano rejeitou, nesta segunda-feira (13/01/2020), o apoio demonstrado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, aos protestos que ocorreram nos últimos dias, sublinhando que o país não se esqueceu da morte do general Suleimani e das sanções impostas pelos Estados Unidos. Entretanto, Teerã negou que a polícia esteja respondendo de forma violenta às manifestações que começaram depois de o governo do Irã admitir a culpa no acidente com o avião ucraniano na semana passada.
No último sábado (11/02/2020), Teerã declarou responsabilidade no abate de avião da Ukrainian International Airlines, após ter negado envolvimento no acidente que matou 176 pessoas, incluindo cidadãos iranianos, canadenses e ucraniano, entre outros.
A tragédia aconteceu na última quarta-feira (08/01/2020). As forças armadas iranianas comunicaram que o desastre aconteceu devido a um “erro humano”, ocorrido horas depois de ataque perpetrado por Teerã contra bases norte-americanas no Iraque, em resposta à investida dos EUA que matou o general Qassim Suleimani, em 3 de janeiro.
Logo no sábado (11/02/2020), depois do mea-culpa das autoridades iranianas, o país registrou violentos protestos contra o regime, manifestações que se repetiram no domingo (12/02/2020) e nesta segunda (13/02/2020).
Massacre
Durante o fim de semana, o presidente norte-americano demonstrou no Twitter o seu apoio aos manifestantes, pedindo ao regime para que não exerça violência sobre quem protesta nas ruas.
“O Governo do Irã deve permitir que os grupos de Direitos Humanos monitorem e relatem os fatos sobre os protestos em curso do povo iraniano. Não pode haver outro massacre de manifestantes pacíficos, nem apagão da Internet. O mundo está atento”, escreveu o presidente norte-americano no Twitter, em inglês e em farsi.
Donald Trump acrescentou, em outra mensagem dirigida ao “corajoso povo iraniano”. E acrescentou que a “presidência” norte-americana e a administração “estão do seu lado desde o princípio e vão continuar ao seu lado”.
“Acompanhamos de perto os seus protestos e estamos inspirados com a sua coragem”, destacou.
Mundo atento
Horas depois, o presidente voltava a avisar Teerã: “Líderes do Irã – Não matem seus manifestantes [de pessoas] já foram mortos ou detidos, e o mundo está atento. Mais importante, os Estados Unidos estão atentos. Reponham a internet e deixem que os jornalistas circulem livremente. Parem de matar o grande povo iraniano!”, escreveu em outro tweet, novamente em inglês e farsi.
Donald Trump referia-se indiretamente aos protestos violentos ocorridos no Irão contra o custo dos combustíveis. Nas manifestações de novembro de 2019, centenas de pessoas teriam morrido, e a internet foi desligada por completo de forma a impedir a divulgação de vídeos e de informações.
Já nesta segunda-feira (13/01/2019), o regime iraniano reagiu, por meio da televisão estatal, às palavras de Trump. Ali Rabiei, porta-voz do governo do Irã, assinalou os iranianos que não se esqueceram da morte do general Qassem Soleimani e de que os Estados Unidos são responsáveis por grande parte das dificuldades econômicas sentidas pelos iranianos no momento.
Para o porta-voz do governo de Teerã, os tweets de Trump em defesa dos manifestantes iranianos são “lágrimas de crocodilo”.