Irã convoca embaixador britânico após estar em ato contra governo
O diplomata negou presença nas manifestações e disse estar em uma vigília em homenagem às vítimas que morreram na queda do avião ucraniano
atualizado
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O Ministério das Relações Exteriores do Irã convocou, neste domingo (12/01/2020), o embaixador britânico no país, Rob Macaire, para explicar a presença dele, no sábado (11/01/2020), em uma vigília em homenagem às vítimas que morreram na queda do avião ucraniano. Pouco tempo depois, o evento se transformou em um protesto, considerado “ilegal” pelo governo iraniano.
No Twitter, o vice-ministro iraniano, Abbas Araghchi, afirmou que o diplomata foi preso como um “estrangeiro desconhecido” em uma “reunião ilegal“e por isso foi levado pelas autoridades iranianas. Ele disse ainda que foi avisado pela polícia de que Macaire era do Reino Unido. Surpreso, pediu para conversar com o embaixador e percebeu de quem se tratava.
Depois disso, diz Araghci, Macaire foi solto em 15 minutos. “Quando a polícia me informou que um homem foi preso e disse ser do Reino Unido, eu disse: ‘IMPOSSÍVEL’. Só depois da minha conversa telefônica com ele identifiquei, por grande surpresa, que é ele. Foram 15 minutos depois, estava livre”, esclareceu.
No sábado, milhares de manifestantes foram às ruas protestar contra o líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei. Isso porque o governo iraniano assumiu a autoria do disparo dos mísseis que atingiram e derrubar a aeronave da Ucrânia. O ataque matou 176 pessoas de várias nacionalidades.
Após ser detido, Macaire usou as redes sociais para afirmar que não participou de nenhuma manifestação e dizer que foi à vigília para prestar homenagem às vítimas. “É natural prestar homenagem àqueles que foram mortos, alguns dos quais eram britânicos. Saí depois de cinco minutos, quando começaram a cantar”, escreveu.
Manifestantes gritavam “Morte aos mentirosos” e “Morte ao ditador” enquanto colocavam flores nos portões das universidades e das praças. O grupo criticou também a Guarda Revolucionária Islâmica, a qual chamou de “incompetente” e de “vergonha do povo”.
Reação dos EUA
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também se pronunciou sobre os protestos. No Twitter, o norte-americano pediu às autoridades do Irã que não matem os manifestantes. “Milhares já foram mortos ou presos por vocês, e o mundo está assistindo. Mais importante, os EUA estão assistindo.Permita que os repórteres circulem livremente! Pare a matança de seu grande povo iraniano!”, postou.
Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores britânico, Dominic Raab, afirmou, em um comunicado oficial, que a prisão do embaixador violou a legislação internacional e que o Irã pode avançar para um status de “pária” com isolamento político e econômico. “Ou tomar medidas para diminuir as tensões e se engajar em um caminho diplomático adiante”, ressaltou Raab.
Após a prisão do diplomata, a porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Morgan Ortagus, disse que o Irã violou a Convenção de Viena e que o Irã deve se desculpar formalmente com o Reino Unido por “violar seus direitos e respeitar os direitos de todos os diplomatas”, postou no Twitter.