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O Irã reafirmou nesse sábado (26/10) seu direito de defesa e sua “determinação” após os ataques israelenses às suas estruturas militares, durante a madrugada. A tensão entre os dois países faz crescer o risco de um agravamento do conflito no Oriente Médio e preocupa os países da região e a comunidade internacional.
Segundo as autoridades iranianas, o sistema de defesa aérea conseguiu interceptar os mísseis israelenses lançados na madrugada desse sábado. “Acho que provamos que não há limites para nossa determinação em nos defender”, disse o ministro das Relações Exteriores Abbas Araghchi, em entrevista ao site do líder supremo do Irã.
“Graças ao desempenho da defesa aérea do país, os ataques causaram danos limitados e apenas alguns sistemas de radar foram danificados”, afirmou Estado-Maior das Forças Armadas iranianas em um comunicado citado pela televisão estatal.
O ataque deixou quatro soldados iranianos mortos, que não resistiram aos ferimentos, segundo a agência oficial Irna.
“Um número significativo de mísseis foi interceptado e aeronaves inimigas foram impedidas de entrar no espaço aéreo do país”, acrescentou o Estado-Maior das Forças Armadas, confirmando a informação divulgada na manhã deste sábado pelo Ministério das Relações Exteriores.
Obrigação histórica
“O ataque ao Irã é um primeiro passo importante para prejudicar os interesses estratégicos do país”, disse o ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir, no sábado, em uma mensagem publicada na rede X. Segundo ele, Israel tinha uma “obrigação histórica de impedir a ameaça do Irã de destruir Israel”.
O líder do Partido da União Nacional, Benny Gantz, também citou na rede X “um ataque “direto e preciso” que marca “uma nova etapa em nossa guerra contra o regime iraniano”.
A Força Aérea israelense “infligiu danos significativos em resposta às tentativas fracassadas de atingir Israel, abrindo caminho para operações futuras”, disse o ex-chefe do Exército.
Gantz deixou a coalizão governista em junho, depois de participar do gabinete de guerra do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, criado após o ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023.
Reação dos EUA
No início da noite, o presidente americano, Joe Biden, reagiu pela primeira vez após os bombardeios israelenses. “Eu estava com os serviços de inteligência. Parece que os israelenses não atacaram nada além de alvos militares. Espero que este seja o fim”, disse o presidente dos EUA a repórteres.
Após a declaração de Biden, o presidente israelense Isaac Herzog agradeceu “o verdadeiro amigo americano na cooperação pública e secreta”.
Os ataques israelenses são uma resposta a um ataque com mísseis iranianos em território israelense em 1º de outubro e está relacionado às guerras de Israel contra dois movimentos islâmicos apoiados militarmente pelo Irã: o Hamas palestino em Gaza e o Hezbollah no Líbano.
Em 1º de outubro, o Irã disparou cerca de 200 mísseis contra Israel para vingar as mortes em 27 de setembro do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e de um general iraniano, em ataques israelenses perto de Beirute.
A mesma ofensiva também foi uma resposta à morte, em 31 de julho em Teerã do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em um ataque atribuído a Israel.
Em 13 de abril, no primeiro bombardeio direto a Israel, o Irã lançou mísseis e drones em território israelense, em resposta a um ataque atribuído aos israelenses que destruiu o consulado iraniano em Damasco.
Tensão no Líbano
No Líbano, o Exército israelense continua sua operação terrestre lançada em 30 de setembro no sul do país, onde busca neutralizar os combatentes do Hezbollah para impedir o lançamento de foguetes e permitir o retorno de 60.000 pessoas deslocadas ao norte de Israel.
Um ano após o início da ofensiva na Faixa de Gaza, o Exército israelense mudou o foco de suas operações para o Líbano, bombardeando os redutos do Hezbollah desde 23 de setembro.
Em Gaza, as forças israelenses continuam sua ofensiva aérea e terrestre. Neste domingo (27/10) em Doha, representantes de Israel, EUA e Catar devem retomar as negociações para discutir a possibilidade de uma trégua associada à libertação de reféns sequestrados em 7 de outubro de 2023 e ainda mantidos no território palestino.