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Nesta terça-feira (14/5), a porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Liz Throssell, relatou “profunda preocupação” com a situação dos civis na Ucrânia, especialmente na região de Kharkiv, devido à intensificação dos ataques das forças armadas russas nos últimos dias.
De acordo com o órgão, a incursão militar tomou mais território ucraniano, desencadeou uma nova onda de deslocamentos e representa uma ameaça para Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia.
Mais de 6 mil pessoas evacuadas
Desde a última movimentação das forças russas, em 10 de maio, durante a qual assumiram o controle de vários pequenos povoados, acredita-se que pelo menos 6 mil pessoas tenham fugido ou sido evacuadas de áreas na fronteira. Muitos chegaram à cidade de Kharkiv, que fica a apenas 40 quilômetros do local dos combates.
A Missão de Monitoramento dos Direitos Humanos da ONU na Ucrânia continua analisando informações do terreno e verificou que pelo menos oito civis foram mortos e 35 feridos na região de Kharkiv desde a última sexta-feira.
O número de vítimas civis documentado em abril foi de 129 mortos e 574 feridos, a maioria durante ataques das forças armadas russas ao longo das linhas da frente.
Sirenes de ataque soam constantemente
De acordo com Liz Throssell, na região de Kharkiv, “a situação é terrível, à medida que os combates se intensificam”. Ela disse que sirenes de ataque aéreo soam quase constantemente e é possível ouvir explosões na área fronteiriças e na própria cidade.
Os ataques contínuos às infraestruturas energéticas da Ucrânia, que desde março afetaram milhões de pessoas em todo o país, também significaram cortes diários de energia em muitas partes de Kharkiv.
Relatos indicam combates na cidade fronteiriça de Vovchansk, no nordeste do país, onde houve uma destruição significativa. Acredita-se que centenas de residentes civis, de uma população de cerca de 3 mil habitantes, ainda estejam lá.
Acolhimento de famílias
O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, presta apoio às famílias com crianças que chegam a Kharkiv. A gerente do programa da agência na região, Lyudmila Palamar, disse que aqueles que são evacuados com a ajuda de organizações ou autoridades locais chegam ao centro humanitário, localizado na cidade de Kharkiv.
Ela disse que os bombardeios na cidade continuam regularmente, mas não são tão intensos quanto em assentamentos como Vovchansk ou Liptsy, de onde as pessoas saem.
O Unicef apoia o acolhimento das pessoas evacuadas e ajuda famílias com crianças principalmente com bens essenciais, como kits de higiene, cobertores e roupas infantis, caso necessário.
Compensando perdas educacionais
O centro humanitário tem um espaço, onde psicólogos profissionais organizam atividades de lazer para as crianças enquanto seus pais aguardam em filas para se cadastrar e receber ajuda.
Lyudmila Palamar explicou que na cidade de Kharkiv, o Unicef tem ainda 10 locais para compensar as perdas educacionais. Nesses locais, as crianças podem acessar regularmente laptops e aulas, pois não são afetados pelas quedas de energia.
A essência do programa é compensar o conhecimento que as crianças perderam ou que não tiveram tempo para adquirir nos últimos dois anos da guerra e nos anos de pandemia anteriormente. O foco principal da agência é em alfabetização e aritmética.
Chamado a ambas as partes
A porta voz do alto comissariado disse que também há uma análise em curso de relatórios que alegam que os destroços de um míssil interceptado atingiram um bloco de apartamentos em Belgorod, na Rússia, causando vítimas civis.
Liz Throssell apelou mais uma vez à Rússia para que cesse imediatamente o seu ataque armado contra a Ucrânia, em conformidade com as resoluções relevantes da Assembleia Geral da ONU, as medidas provisórias vinculativas ordenadas pelo Corte Internacional de Justiça, e com o direito internacional. Ela pediu também que as forças russas retirem suas tropas de modo a respeitar as fronteiras internacionalmente reconhecidas.
Ela pediu que ambas as partes em conflito realizem esforços para evitar ou minimizar os danos aos civis, evitando a utilização de armas explosivas com efeitos amplos em áreas povoadas.