Ondas de protestos extremistas espalham caos pelo Reino Unido
Protestos começaram após a morte de três crianças. Boatos de que o suspeito do ataque seria imigrante motivaram atos violentos
atualizado
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A onda de protestos no Reino Unido escalou nesta quarta-feira (7/8). Ao menos 428 pessoas foram presas em 26 ações das forças de segurança britânicas desde terça (6/8), de acordo com o The Guardian.
As mobilizações começaram após a morte de três crianças na cidade de Southport, na Inglaterra, no último dia 30. Outras dez pessoas ficaram feridas durante o ataque a facas em uma casa de dança, em evento inspirado na cantora Taylor Swift.
O tema imigração está no centro das manifestações. De um lado, há grupos que se reúnem em defesa dos imigrantes, como os antifascistas. De outro, nacionalistas de extrema-direita anti-imigração.
Em um dos atos dos últimos dias, manifestantes tentaram atear fogo em hotéis que abrigavam imigrantes que solicitaram asilo. Também houve ataques a prédios públicos, delegacias de polícia, comércios, centros religiosos e agressão física a pessoas.
O suspeito do crime é o adolescente Axel Rudakubana, de 17 anos. Ele nasceu em Cardiff, no País de Gales, e é filho de imigrantes de Ruanda.
Antes, pouco se sabia sobre o suspeito. A falta de informações contribuiu para o aumento de especulações sobre o caso, principalmente na internet. A restrição nos dados foi motivada por leis locais que resguardam informações que envolvam casos de menor de idade.
Em entrevista à DW, Rosa Freedman, professora na Universidade de Reading, explicou que a demora deu à ultradireita a chance de espalhar suas próprias teorias e atribuir o crime ao seu inimigo favorito: os imigrantes muçulmanos.
Ódio como motivação
Freedman diz que a imigração por si só não é a raiz dos protestos violentos, mas a fagulha do medo e ódio “incitados no Reino Unido antes do Brexit pelo governo conservador (que antecedeu o novo premiê trabalhista Keir Starmer), por parte da imprensa e por grupos da ultradireita”.
Importante expoente da ultradireita, o influenciador britânico-americano Andrew Tate se empenhou desde o início dos fatos para propagar a informação falsa de que o suspeito teria chegado ao país “em um barco havia um mês”. Atualmente, Tate está preso e aguarda julgamento na Romênia por suspeita de estupro e tráfico.
Dias após o ataque, a Justiça derrubou o sigilo sobre os dados do suspeito com o objetivo de desestimular as manifestações. Porém, isso não anulou a retórica anti-imigração, já que o suspeito é filho de imigrantes africanos.
Durante a onda de violência no país, atos de extrema-direita como comícios foram verificados, conforme as autoridades do Reino Unido. A localidades de Durham, Blackpool, Norwich, Northampton, Sheffield e Brighton estão entre os locais onde houve os atos, conforme publicou o jornal britâncio The Guardian.
O outro lado: antifascistas
Também houve manifestações de defesa de imigrantes. Em Liverpool, cerca de 200 pessoas formaram uma espécie de escudo humano em torno de um centro de aconselhamento de imigração. Em Walthamstow, no leste de Londres, antifascistas também se reuniram para protestar.
A preocupação das forças de segurança aumenta com a escalada dos protestos além da Inglaterra. Em outra parte do Reino Unido, na Irlanda do Norte, o chefe de polícia Jon Boutcher publicou na internet um vídeo no qual fez questão de afirmar que as forças de segurança do país vão atuar para manter a ordem.
O chefe de polícia da Irlanda do Norte, Jon Boutcher, publicou na internet um vídeo no qual fez questão de afirmar que as forças de segurança vão atuar para manter a ordem. O país também registrou protestos violentos nos últimos dias.
“Estaremos em perigo. É a situação que meus oficiais enfrentaram até agora, em várias noites, para garantir que você esteja seguro…. estamos com você e apoiamos você”, afirmou em redes sociais.