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O secretário-geral das Nações Unidas disse estar “profundamente preocupado” com a piora da insegurança na capital do Haiti, Porto Príncipe. Gangues armadas intensificaram ataques a infraestruturas essenciais durante o fim de semana, incluindo em esquadras de polícia e duas penitenciárias na cidade.
Em nota emitida pelo porta-voz, António Guterres reitera que é preciso adotar medidas urgentes, especialmente no fornecimento de apoio financeiro à missão de Apoio à Segurança Multinacional não pertencente às Nações Unidas.
Necessidades de segurança dos haitianos
O líder da ONU destaca a importância da atuação da força para dar resposta às “urgentes necessidades de segurança do povo haitiano” e evitar que o país mergulhe ainda mais no caos.
Agências de notícias informaram que o país vive uma onda de ataques altamente coordenados de gangues desde a semana passada, com grupos armados incendiando delegacias de polícia e libertando prisioneiros.
Estima-se que 80% da capital haitiana seja controlada por gangues que tentam tomar a parte restante do território. Em várias partes do país acontecem protestos de civis marcados por pedidos à liderança para lidar com a crise.
Processo político para restauração das instituições
O apelo feito pelo secretário-geral ao governo do Haiti e a outros intervenientes políticos é para que “cheguem rapidamente a acordo sobre as medidas necessárias para fazer avançar o processo político para a restauração das instituições democráticas através da realização de eleições”.
A ONU estima que, somente este ano, cerca de 5,5 milhões de haitianos precisarão de auxílio humanitário. O alastramento da violência a áreas rurais remotas agrava as persistentes fragilidades estruturais afetando a falta de serviços básicos essenciais, com hospitais e médicos sendo alvos.
Outra questão que gera apreensão é o deslocamento forçado de várias centenas de professores, muitos dos quais abandonam progressivamente o país.
Aulas interrompidas pelo quarto ano letivo
As mulheres haitianas suportam o fardo desproporcional do aumento da violência, segundo a ONU. Os casos de violação aumentaram 49% entre janeiro e agosto de 2023, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Os hospitais e escolas funcionam de forma intermitente. As pessoas temem em sair para trabalhar e as que precisam de cuidados médicos evitam procurar tratamento.
Os pais e encarregados temem em mandar seus filhos para a escola com receio de que sejam vítimas de balas perdidas ou raptos. No ano passado, milhares de alunos tiveram as aulas interrompidas pelo quarto período letivo consecutivo.
A ONU alerta ainda para o fato de 1 milhão de crianças não frequentarem a escola, no que representa um maior risco de recrutamento por gangues para pelo menos metade desses menores que residem em áreas controladas por gangues.
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