Guerras esquecidas deixam 24 milhões de pessoas deslocadas pelo mundo
Apesar de acontecer em países com pouca visibilidade, quatro guerras em curso já deslocaram 24 milhões de pessoas
atualizado
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Apesar de muitas vezes acontecerem longes dos holofotes, guerras e conflitos em Mianmar, Congo, Sudão e Somália obrigaram cerca de 24 milhões de pessoas a deixarem suas casas em busca de segurança e melhores condições de vida.
Os dados foram extraídos do último relatório Tendências Globais Deslocamento Forçado em 2023, divulgado pela Agência da ONU para Refugiados (Acnur) na quinta-feira (13/6).
Palco de uma guerra por poder entre o Exército local e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) desde abril de 2023, mais de 10 milhões de pessoas já foram deslocadas no Sudão. Somente em 2023, o número ultrapassou os 6 milhões de pessoas fugindo dos conflitos, que já deixou cerca de 1,2 milhões de refugiados.
Na República Democrática do Congo, a onda de violência, principalmente entre rebeldes do grupo M23 e o exército local, forçou o deslocamento de 3,8 milhões de congoleses em 2023. Ao todo, 6,7 milhões de pessoas já deixaram suas casas, cidades e bairros por conta da situação no país.
Alvo de um golpe militar em 2021, a repressão de autoridades contra a resistência em Mianmar tem provocado uma onda de violência no país localizado no sudeste asiático. Ao todo, 2,6 milhões de pessoas já precisaram fugir de suas casas e buscar abrigos em outras regiões.
Já a Somália, que vive momento de insegurança desde meados de 2006 quando o grupo extremista Al-Shabab passou a operar no país, 3,9 milhões de pessoas já foram deslocados a força. Além disso, a crise humanitária e climática, como as enchentes que atingiram o país em 2023, também contribuíram para a fuga de somalis de seu país de origem.
Recorde
No último ano, o número de pessoas que precisaram deixar suas casas por conta de guerras, catástrofes ambientais ou crises humanitárias aumentou 8% em relação a 2022, e chegou a marca de 117,3 milhões de deslocados até o fim de 2023.
Segundo a ONU, conflitos continuam sendo a principal causa do aumento, com 68,3 milhões de pessoas se fugindo, dentro do próprio país ou para fora, no último ano.
Durante apresentação do relatório, em evento realizado no Ministério da Justiça, o representante da Acnur no Brasil, Davide Torzilli, alertou que o cenário é crítico e exige uma nova postura de países.
“Precisamos de um novo paradigma de financiamento, porque o cenário é crítico”, afirmou Torzilli.
“Também lembrar que, atrás do números gritantes, existem histórias e tragédias humanas”, declarou o representante da ONU.