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Guerra na Ucrânia completa 25 dias com sul sitiado e ataques no oeste

Com o recrudescimento da guerra, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mudou de ideia e viaja à Europa nesta semana

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Barreiras antitanque alinham uma rua para proteger marcos históricos na expectativa de um ataque russo à estratégica cidade portuária do Mar Negro em Odessa, Ucrânia
1 de 1 Barreiras antitanque alinham uma rua para proteger marcos históricos na expectativa de um ataque russo à estratégica cidade portuária do Mar Negro em Odessa, Ucrânia - Foto: Scott Peterson/Getty Images

A guerra na Ucrânia completa 25 dias neste domingo (20/3) com o país vivendo situação dramática. Refugiados enfrentam dificuldades para sair da zona de conflito; o sul está sitiado por tropas russas e o oeste tem sido bombardeado com frequência.

O mundo espera que um cessar-fogo se concretize. Contudo, além da disputa armada, a guerra de narrativas, com informações desencontradas, deixa o entendimento do conflito mais difícil.

Com o recrudescimento da guerra, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mudou de ideia e viaja à Europa. O norte-americano participará de uma reunião emergencial da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) nesta semana.

Clique aqui e leia a cobertura completa da guerra na Ucrânia.

A viagem é simbólica e estratégica. A intenção de Biden é demonstrar união e fazer com que o presidente russo, Vladimir Putin, recue. Além disso, o norte-americano negociará com líderes europeus mais sanções econômicas contra a Rússia.

Essa será a primeira visita de Biden ao continente após o início da guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro.

Zelensky fala em terrorismo

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de fazer o que chamou de “terrorismo de Estado” na guerra no Leste Europeu, além de “chantagem nuclear” com o mundo.

“É muito importante defender a paz e a liberdade de todos nós. Crimes estão sendo cometidos por um país enorme e com potencial nuclear”, iniciou, em discurso ao Parlamento suíço, no sábado (19/3). “A Rússia começou essa guerra estúpida e cruel contra nós. Precisamos cortar o terrorismo de Estado.”

Mais bombardeios

No fim da semana, as tropas russas intensificaram os ataques ao sul ucraniano. Cidades estão sob fortes bombardeios, e o governo do país admite que perdeu acesso ao Mar de Azov, uma porção secundária do Mar Negro, uma das mais importantes rotas comerciais do mundo, que banha o sul da Ucrânia e a região da Crimeia, anexada pelos russos em 2014.

O Exército russo também realizou ataque em grande escala em Mykolaiv, no sul da Ucrânia, e matou pelo menos 40 soldados em um quartel-general.

Mariupol, cidade portuária, que é o último grande centro ucraniano a resistir na faixa entre a Crimeia e o território russo, está sob ataques constantes e em colapso. Lá, 80% das residências da cidade estão completamente destruídas.

Tropas avançam

Principal rota de fuga da guerra na Ucrânia, Lviv foi atacada pela primeira vez na sexta-feira (18/3). A proximidade com a Polônia, país integrante da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), preocupa.

Além de rota de fuga, a cidade se tornou um dos principais refúgios para ucranianos que saíram do epicentro do conflito. Várias embaixadas mudaram a sede para lá. O bombardeio mostra como o Exército russo tem avançado rumo ao oeste da Ucrânia.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

Cessar-fogo estagna

Em entrevista à agência estatal russa de notícia TASS, o chefe da delegação russa para as negociações, Vladimir Medinsky, informou que o documento que baliza o cessar-fogo ainda não está pronto. As declarações foram divulgadas no sábado (19).

Medinsky foi categórico e afirmou que o texto de um tratado entre Rússia e Ucrânia deve ser aprovado antes mesmo de que seja mencionada a possibilidade de um encontro entre os presidentes.

“Posso dizer que, antes mesmo de mencionarmos uma reunião dos líderes, as delegações de negociadores devem preparar e concordar com o texto de um tratado. Depois disso, o texto do tratado deve ser rubricado pelos chanceleres e aprovado pelos governos. Aí sim pode-se discutir a possibilidade de uma cúpula”, resumiu.

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