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Guerra expulsa 25% dos ucranianos de casa e cria cidades fantasmas

Comitê Internacional da Cruz Vermelha e o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados fizeram alerta sobre a situação

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Ataque com mísseis russos em Lviv, na Ucrânia
1 de 1 Ataque com mísseis russos em Lviv, na Ucrânia - Foto: Joe Raedle/Getty Images

A guerra mudou radical e instantaneamente a vida da população ucraniana. Grandes centros urbanos ficaram completamente destruídos após a invasão russa. As pessoas precisaram abandonar suas casas, e quase 4 milhões tiveram de deixar o país. Há uma catástrofe humanitária que envolve quem segue na Ucrânia invadida e quem necessitou fugir.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha e o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) trabalham com dados alarmantes. A crise degringolou de tal forma que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) está discutindo o que pode ser feito com urgência.

Ao todo, 10 milhões de pessoas foram obrigadas a deixar suas casas. Isso representa 25% do total da população do país. O êxodo cresce sem parar. Somente a Polônia abriga 2,3 milhões de refugiados.

Os bombardeios devastaram regiões inteiras e criaram “cidades fantasmas”. Mariupol, no sul ucraniano, Kharkiv, a segunda maior cidade do país, e Chernihiv são as mais afetadas.

Mariupol, por exemplo, está com mais de 90% das casas destruídas, de acordo com a prefeitura. As estruturas que restaram foram abandonadas. Desde meados de março, a cidade sofre ataques.

O governo afirma que, por dia, são registrados entre 50 e 100 bombardeios. Quem ainda permanece na cidade está escondido em porões e bunkers. A oferta de água e comida está escassa.

Em Kharkiv, investidas russas dizimaram a região central. Ruas e casas se tornaram ruínas. A localidade era habitada por 1,5 milhão de pessoas. Lá, prédios públicos foram fortemente atacados, assim como áreas residenciais, acusa o governo ucraniano.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha pediu à Ucrânia e à Rússia que cheguem a um acordo claro para a retirada segura de civis das cidades sitiadas.

O diretor-geral da entidade, Robert Mardini, garantiu que a agência não participará de nenhuma evacuação forçada de civis.

O governo ucraniano planeja abrir três corredores humanitários para retirar civis de cidades sitiadas, disse a vice-primeira-ministra, Iryna Vereshchuk. Ainda não há detalhes sobre a iniciativa.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

Agustavop/ Getty Images
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

Pawel.gaul/ Getty Images
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

Macron intercede

O presidente da França, Emmanuel Macron, conversou com o líder russo, Vladimir Putin, para pedir que as tropas russas cessem os bombardeios em cidades sitiadas para a retirada de civis, sobretudo em Mariupol.

Segundo o Kremlin, Putin teria dito ao mandatário francês que aliviar a pressão na cidade só seria possível caso houvesse o desarmamento dos grupos nacionalistas da Ucrânia.

Já o chefe de Estado da França informou que a posição russa sobre a situação humanitária em Mariupol “continua difícil” e que uma missão no local, por ora, não seria possível.

Cautela

Mesmo após receber promessa russa de reduzir “drasticamente” ataques a Kiev e Chernihiv, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, alertou que é preciso “cautela” nos próximos dias. O aceno da Rússia foi feito durante negociações diplomáticas que ocorreram nessa terça-feira (29/3), em Istambul, na Turquia.

Em pronunciamento, o líder ucraniano admitiu que a conversa na Turquia foi positiva, mas não apaga o risco de ataques russos.

“A situação não se tornou mais fácil”, declarou. Zelensky garantiu que não diminuirá o efetivo militar na capital, uma vez que ainda há risco significativo de ataques, e que o anúncio russo não significa o fim do conflito.

O presidente ucraniano reclamou de um bombardeio a Mykolaiv que matou 12 pessoas e deixou 33 feridas nessa terça-feira.

“Nenhum alvo militar foi atacado, e os moradores de Mykolaiv não representavam nenhuma ameaça para a Rússia”, criticou Zelensky.

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