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Guerra “está de volta” à Rússia, adverte Zelensky

Moscou e Kiev também anunciaram uma troca de prisioneiros de guerra que beneficiou 230 pessoas, com mediação dos Emirados Árabes Unidos

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presidente da ucrania volodymyr zelensky sentado em mesa fazendo discurso - metrópoles
1 de 1 presidente da ucrania volodymyr zelensky sentado em mesa fazendo discurso - metrópoles - Foto: Reprodução

Na Ucrânia, o dia 24 de agosto é uma data de celebrações: marca a declaração da independência do país, em 1991. O feriado é festejado em todo o território nacional e dezenas de eventos também são organizados no exterior. Uma mensagem simbólica do presidente Volodymyr Zelensky foi gravada nesta manhã a partir de Mohrutsya, a cinco quilômetros da fronteira com a Rússia, na região de Sumy: a guerra “está de volta” ao país vizinho, advertiu o líder ucraniano.

A invasão russa dá ao 33º aniversário do Estado ucraniano desde a queda da União Soviética um significado especial, afirma a correspondente da RFI em Kiev, Emmanuelle Chaze. Este é o terceiro Dia da Independência desde o início do conflito, quando os ucranianos compreenderam que a sua soberania e integridade territorial estavam ameaçados e passaram a viver sob ataques diariamente.

“A Rússia fez guerra contra nós. Violou não apenas fronteiras soberanas, mas também os limites da crueldade e do bom senso”, disse Zelensky. O presidente ucraniano acrescentou que Moscou “saberá o que são represálias”. A Rússia queria “nos destruir”, mas a guerra “chegou em casa”, ressaltou ele, que ainda chamou o presidente russo, Vladimir Putin, de “velho doente da Praça Vermelha que constantemente ameaça a todos com o Botão Vermelho nuclear”.

“Quem quiser semear o mal na nossa terra colherá os frutos no seu próprio território. Isto não é uma previsão, nem uma ostentação, nem uma vingança cega”, disse Zelensky.

Segundo dados publicados pelo Instituto Internacional de Sociologia de Kiev, o feriado da Independência se tornou o preferido de 64% dos ucranianos.

Kiev proíbe Igreja Ortodoxa Ucraniana

Volodymyr Zelensky aproveitou a ocasião para promulgar a lei que proíbe a Igreja Ortodoxa Ucraniana, ligada a Moscou. O texto oficial foi publicado no site do Parlamento.

O líder ucraniano disse que a medida fortalece a independência do seu país. “Os ortodoxos ucranianos estão hoje dando um passo para se libertarem dos demônios de Moscou”, concluiu.

A Ucrânia tem procurado abandonar a hegemonia espiritual russa desde 2014, e acelerou rumo a este objetivo após a invasão russa em 2022. A Igreja Ortodoxa Ucraniana cortou relações com Moscou em 2022, mas as autoridades ucranianas ainda consideram que está sob influência russa e aumentaram os processos judiciais contra ela, que levaram à prisão de dezenas de padres.

Esperança de uma incursão ucraniana na Rússia

Por razões de segurança, no contexto da guerra, nenhuma grande celebração com participação popular foi promovida para comemorar o Dia da Independência. Serviços de inteligência de vários países aliados alertaram sobre o risco elevado de um ataque aéreo russo nesta data – mas, para marcar o aniversário, Kiev recebe o presidente polonês, Andrzej Duda, e a primeira-ministra lituana, Ingrida Simonyte, em visitas-surpresa.

O moral dos ucranianos melhorou nas últimas semanas: a incursão ucraniana em território russo renovou as esperanças de uma reviravolta no conflito. A expectativa agora é de um dia ser possível trocar o território sob controle ucraniano por aqueles sob ocupação russa na Crimeia ou no Donbass, onde os russos continuam a exercer pressão, para avançar em Toretsk e Pokrovsk, entroncamentos logísticos importantes da região de Donetsk.

Em 6 de agosto, as forças ucranianas levaram a luta para o solo do seu adversário, lançando uma ofensiva de escala sem precedentes na região fronteiriça russa de Kursk. Os soldados tomaram dezenas de localidades, enquanto as tropas russas continuam a avançar em Donbass, no leste da Ucrânia.

Neste sábado, Moscou e Kiev também anunciaram uma troca de prisioneiros de guerra que beneficiou 230 pessoas – 115 para cada lado –, com mediação dos Emirados Árabes Unidos. Soldados que tinham sido capturados durante a ofensiva surpresa ucraniana em Kursk foram incluídos. A Ucrânia garantiu ter feito “centenas” de soldados russos prisioneiros durante esta operação.

Para ver mais reportagens como esta, confira o RFI, parceiro do Metrópoles.

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