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Guerra derruba exportação russa de gás natural em 40% e ameaça Europa

Uma saída para o problema ainda é incerta. Fornecimento de gás russo abaixo do normal desencadeou crise de preços crescentes da energia

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Russian Defence MinistryTASS via Getty Images
KAMCHATKA TERRITORY, RUSSIA - FEBRUARY 19, 2022: A test launch of an RS-24 Yars intercontinental ballistic missile takes place at the Plesetsk Cosmodrome to hit a Kura range target. Russian Defence Ministry/TASS VIDEO SCREEN GRAB. BEST QUALITY AVAILABLE. THIS STILL IMAGE WAS PROVIDED 19 February 2022 BY A THIRD PARTY. EDITORIAL USE ONLY (Photo by Russian Defence MinistryTASS via Getty Images)
1 de 1 KAMCHATKA TERRITORY, RUSSIA - FEBRUARY 19, 2022: A test launch of an RS-24 Yars intercontinental ballistic missile takes place at the Plesetsk Cosmodrome to hit a Kura range target. Russian Defence Ministry/TASS VIDEO SCREEN GRAB. BEST QUALITY AVAILABLE. THIS STILL IMAGE WAS PROVIDED 19 February 2022 BY A THIRD PARTY. EDITORIAL USE ONLY (Photo by Russian Defence MinistryTASS via Getty Images) - Foto: Russian Defence MinistryTASS via Getty Images

Considerado a maior arma geopolítica do presidente russo, Vladimir Putin, o gás natural sofre impactos causados pela guerra na Ucrânia, pelas sanções econômicas e pela estratégia da Rússia para pressionar a Europa. Uma saída para o problema ainda é incerta.

A decisão de invadir a Ucrânia, em 24 de fevereiro, “reorganizou” o comércio internacional. Sobram efeitos em todo o mundo, sobretudo na Rússia e na Europa. Lá, a exportação de gás russo para o continente caiu 40%.

A exportação passou de um patamar superior a 20 bilhões de metros cúbicos nos seis primeiros meses de 2021, para pouco mais de 12 bilhões de metros cúbicos no mesmo período deste ano.

Clique aqui e veja a cobertura completa da guerra na Ucrânia. 

A Rússia é o principal fornecedor do produto do continente europeu e responde por 41% da distribuição. Alemanha, Itália, França, Turquia, Holanda, Áustria, Polônia, Hungria e Reino Unido são os principais consumidores.

O fornecimento de gás russo abaixo do normal desencadeou uma crise de preços crescentes da energia. A maior parte do produto é distribuída para a União Europeia por meio de gasodutos que estão na zona de conflito.

A Rússia já ameaçou cortar o fornecimento, e a operação de um novo gasoduto foi barrada pela Alemanha. A União Europeia estuda como diminuir a dependência do produto russo.

O panorama pessimista no setor foi condensado pelo Metrópoles com base em dados publicados pelo Laboratório Bruegel, instituição de análises de políticas públicas; pela filial europeia da Universidade Johns Hopkins; pelo Programa de Economia e Energia do Instituto para o Oriente Médio; e pela Administração de Informações sobre Energia dos Estados Unidos.

A dependência do gás russo é histórica. Algumas relações ultrapassam cinco décadas, como a da Alemanha, que negocia o produto desde quando a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) existia. Somente os alemães compram 16% do gás russo. O italianos aparecem em segundo lugar no ranking – 12%.

Riscos

Os efeitos não são somente econômicos. Os europeus podem literalmente congelar sem o gás russo. Com inverno rigoroso, essa é uma das principais fontes de energia para o aquecimento. Fugir disso significa um alto custo, que a Europa pode não ter como pagar.

Relatório divulgado recentemente pelo Laboratório Bruegel alerta: o risco de colapso é iminente, caso nenhuma solução de paz se concretize.

“Se a União Europeia for forçada ou estiver disposta a arcar com o custo, deve ser possível substituir o gás russo já para o próximo inverno sem que a atividade econômica seja devastada, as pessoas congelem ou o fornecimento de eletricidade seja interrompido”, frisa o documento técnico.

Se as importações russas pararem, a Europa precisará reduzir o consumo em até 15% ou apostar em outras fontes de energia, como o carvão – altamente prejudicial para o meio ambiente. Outra alternativa seria postergar a desativação de usinas nucleares, o que é bastante criticado na comunidade internacional.

O conflito

A mais recente reunião entre representantes dos presidentes Vladimir Putin, da Rússia, e Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, terminou sem consenso, e os bombardeios no Leste Europeu continuarão. O que afasta ainda mais a construção de uma solução para o problema do gás.

Em comunicado oficial divulgado pelo Kremlin, sede do governo russo, Putin reafirmou seu posicionamento: não irá recuar. Para ele, a Ucrânia não “demonstra atitude séria” nas negociações por uma solução para o conflito que já dura 20 dias. Zelensky, pelo contrário, mostra-se otimista.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

Agustavop/ Getty Images
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

Pawel.gaul/ Getty Images
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

Getty Images
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

Poca/Getty Images
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

Kutay Tanir/Getty Images
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

Will & Deni McIntyre/ Getty Images
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

Este é o momento mais tenso da disputa entre Rússia e Ucrânia. A guerra teve início com a exigência do governo russo de que o Ocidente negue a adesão ucraniana à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Na prática, Moscou vê essa possível adesão como uma ameaça a sua segurança.

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