Guerra em Gaza divide eleitores e causa impacto nas eleições dos EUA
Pesquisas recentes apontam que a opinião pública norte-americana em relação ao conflito mudou, mostrando queda no apoio aos israelenses
atualizado
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Prestes a completar um ano, a guerra entre Israel e Hamas segue longe de um desfecho. Os Estados Unidos atuam ao lado de Israel desde o começo da guerra em Gaza, financiando e enviando armamentos e suplementos. Inevitavelmente, o tema Israel e Palestina ganhou destaque nos EUA e estará presente na escolha do eleitor que irá às urnas para eleger o próximo presidente do país.
Segundo pesquisa realizada pela Reuters/Ipsos, 55% dos norte-americanos acreditam que a política externa dos EUA está no caminho errado. A principal crítica feita pelos entrevistados é sobre a guerra em Gaza.
Outra sondagem realizada recentemente pela Gallup mostrou que o apoio à Palestina entre os norte-americanos subiu de 19% para 27%. Já a simpatia pelos israelenses caiu de 64% para 51%.
O levantamento ainda mostrou que os democratas são mais simpáticos aos palestinos do que aos israelenses, enquanto os independentes e republicanos são mais simpáticos aos israelenses.
Ainda de acordo com a pesquisa Gallup, a aprovação da ação militar israelense em Gaza caiu de 50% para 36%. São 18% dos democratas que aprovam as ações das forças de Israel em Gaza, e 75% desaprovam. Já entre os republicanos, 64% aprovam e 30% desaprovam.
A consulta aponta que 74% dos adultos dos EUA dizem que estão acompanhando as notícias da situação Israel-Hamas de perto.
Muçulmanos
Com presença significativa em estados-chave, em que a diferença entre os dois principais candidatos é mínima, os eleitores muçulmanos podem impactar o resultado da eleição de 2024. Estados como Wisconsin, Arizona, Michigan, Geórgia e Minnesota, onde as populações muçulmanas têm crescido, são vistos como essenciais para chegar à Casa Branca.
O diretor-executivo nacional do Comitê Antidiscriminação Árabe-Americano, Jake Sullivan, afirmou à ABC News que as mídias sociais exercem importante papel no aumento do interesse das pessoas na guerra.
“O outro fator que eu acho que as pessoas subestimam é o papel que a mídia social desempenha em como as pessoas estão obtendo suas informações e notícias agora. E você pode se perguntar: a Guerra do Iraque teria se desenrolado de forma diferente se houvesse o TikTok ou o Instagram no início dos anos 2000? E essa é a pergunta que eu faço às pessoas, mas eu acho que, definitivamente, podemos dizer que sim.”
Percepção nos EUA
Brasileira que mora nos Estados Unidos, a estudante Tifani Schmöller, 24 anos, conta como a guerra aparece no cotidiano do país. Ela destaca que, devido aos problemas econômicos enfrentados nos EUA, muitas pessoas, principalmente mais jovens, estão repensando seus votos a partir da posição dos candidatos sobre a guerra em Gaza.
“Os EUA estão passando por uma recessão, e as políticas públicas aqui não existem. Então, as pessoas mais novas têm que ter dois ou três empregos para conseguir se manter. E elas estão meio que revoltadas com a questão dos Estados Unidos gastar muito dinheiro em uma guerra que eles não deveriam nem ter se metido. Então, acredito que isso terá influência no voto”, relata a jovem.
Tifani destaca que, além de vista nos noticiários, a guerra é lembrada pelas ruas do país. “O que nos faz lembrar da guerra todos os dias aqui, além das notícias, são os cartazes de apoio a um ou outro lado. A cada duas casas há uma placa Free Palestine ou We Stand With Israel. Em algumas casas, colocaram bandeiras”, conta a estudante.