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Guerra atrasou desenvolvimento palestino em quase 70 anos, diz Pnud

Estudo revela que desemprego chegará a 49,9%, e pobreza, a 74,3% este ano. Ajuda humanitária é insuficiente para catalisar recuperação

atualizado

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1 de 1 Imagem colorida, família palestina - Metrópoles - Foto: UNRWA

A guerra em Gaza e a escalada das tensões na Cisjordânia causaram um atraso de 69 anos no desenvolvimento na Palestina.

O dado foi apresentado nesta terça-feira (22/10) em relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e pela Comissão Econômica e Social das Nações Unidas para a Ásia Ocidental (UNESCWA).

Desemprego e pobreza

O levantamento detalha que, “sem a eliminação das restrições econômicas, permitindo a recuperação e o investimento no desenvolvimento, a economia palestina pode não ser capaz de restaurar os níveis anteriores à guerra”.

A publicação também destaca que contar apenas com ajuda humanitária é insuficiente para catalisar esta recuperação.

As projeções estimam que o Produto Interno Bruto, PIB, sofrerá uma contração de 35,1% em 2024, em comparação com um cenário sem guerra, com o desemprego potencialmente aumentando para 49,9%.

O relatório aponta que a pobreza nos territórios palestinos aumentará para 74,3% em 2024, afetando 4,1 milhões de pessoas, incluindo 2,61 milhões de pessoas recentemente empobrecidas. A avaliação também examina a extensão e a profundidade da privação, empregando indicadores de pobreza multidimensional.

Décadas de desenvolvimento destruídas

A secretária executiva da Unescwa, Rola Dashti, disse que as avaliações “servem para soar o alarme sobre as milhões de vidas que estão sendo destruídas e as décadas de esforços de desenvolvimento que estão sendo destruídas”.

Ela afirmou ainda que “já é hora de acabar com o sofrimento e o derramamento de sangue que tomaram conta da região.”

Rola Dashti defendeu a busca por união para encontrar uma “solução duradoura onde todos os povos possam viver em paz, dignidade e colher os benefícios do desenvolvimento sustentável e onde o direito internacional e a justiça sejam finalmente mantidos.”

A análise sugere três cenários de recuperação para a Palestina. Considerando que este será um processo de longo prazo, o relatório avaliou tanto o impacto imediato projetado para 2025 quanto o de longo prazo previsto para 2034, uma década após o início do atual conflito.

Três cenários de recuperação

O primeiro cenário é aquele sem recuperação antecipada, onde persistem restrições estritas aos trabalhadores palestinos e a retenção de receitas da autoridade Palestina, piorando a crise fiscal. A ajuda permanece inalterada, limitando o crescimento econômico para 2%. Sob este cenário, o Produto Interno Bruto, PIB, deverá cair 20,1% em 2025 e em 34% até 2034 em comparação com níveis pré-guerra.

O segundo cenário apresentado é o da recuperação antecipada restrita, que teria as mesmas limitações aos trabalhadores e à autoridade palestina, mas onde haveria um fluxo anual de US$ 280 milhões em ajuda humanitária.

Embora o valor atenda as necessidades imediatas, ele não apoia a recuperação econômica a longo prazo. Sob este cenário, o PIB deverá diminuir 19,6% em 2025, com uma queda de 33% até 2034.

O terceiro cenário é o da recuperação antecipada sem restrições, que prevê o fim das restrições aos trabalhadores palestinos e a devolução das receitas à autoridade Palestina.

Neste cenário, além de US$ 280 milhões em ajuda humanitária, US$ 290 milhões seriam alocados anualmente para esforços de recuperação, resultando em um aumento de produtividade de um 1% ao ano. A situação permitiria que a economia se recuperando e colocando o desenvolvimento palestino de volta nos trilhos.

Esforços irrestritos

Outros benefícios seriam melhorias significativas em relação à pobreza, com mais famílias tendo acesso a bens essenciais e serviços, e queda na taxa de desemprego para 26%. Nesse contexto a queda no PIB para 2025 seria de apenas 8,8%.

A avaliação sugere que um plano abrangente de recuperação e reconstrução, combinando ajuda humanitária com investimentos estratégicos, juntamente com o fim de restrições econômicas, poderia ajudar a economia palestina.

Segundo o administrador do Pnud, Achim Steiner, esse cenário só pode se concretizar se os esforços de recuperação forem irrestritos.

Ele afirmou que as projeções confirmam que “uma grave crise de desenvolvimento também está se desenrolando, uma situação que coloca em risco o futuro dos palestinos para as próximas gerações”.

Steiner defendeu uma estratégia de recuperação antecipada robusta incorporada na fase de assistência humanitária, estabelecendo as bases para um crescimento sustentável.

Leia mais reportagens como essa no ONU News, parceiro do Metrópoles.

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