Quem são os Houthis, grupo alvo de coalizão militar liderada pelos EUA
Ataques dos Houthis no Mar Vermelho mobiliza coalizão militar liderada pelos EUA, que classifica os rebeldes como grupo terrorista
atualizado
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Fundado na década de 1990, os Houthis ganharam destaque recentemente após uma série de ataques contra navios no Mar Vermelho, que obrigaram os Estados Unidos a formar uma coalizão internacional para conter a ameaça do grupo em uma das rotas marítimas mais importantes do mundo.
Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro do ano passado, o grupo já atacou cerca de 60 embarcações na região, que tenham supostas ligações com Israel ou países parceiros, em uma ação que eles alegam ser de apoio ao povo da Palestina.
Na semana passada, o grupo iemenita reivindicou um ataque com mísseis contra o porta-aviões Eisenhower, dos EUA. O Pentágono, no entanto, classificou as informações como “categoricamente falsas” e ordenou que o navio deixasse a região após quase oito meses protegendo embarcações no Mar Vermelho e Golfo de Adem.
No governo de Donald Trump, os Houthis passaram a ser classificados de grupo terrorista. Essa avaliação foi retirada pelo atual presidente, Joe Biden, em 2021. Contudo, após o aumento nas ações armadas dos rebeldes no Mar Vermelho, a administração Biden voltou a designá-los como terroristas, em janeiro deste ano.
Surgimento
Inicialmente fundada como um grupo político, o nome da organização vêm de Hussein Badr Eddin al-Houthi, que liderou a primeira revolta dos Houthis contra o então governo do Iêmen, no início dos anos 2000.
O grupo passou a se armar em 2004, quando conflitos violentos explodiram no Iêmen, provocando mais de 25 mil mortes. As principais reivindicações dos Houthis durante a guerra contra forças do governo eram uma maior autonomia para a província de Sadá, além da proteção de tradições culturais.
Tomada de poder
No início da década de 2010, os Houthis passaram a apoiar as manifestações contra o então presidente, Ali Abdullah Saleh, durante a Primavera Árabe. O político, que governou o Iêmen entre 1990 e 2012, não resistiu à pressão popular e concordou em sair do cargo.
Com a queda do presidente que governou o Iêmen por mais de duas décadas, o país entrou em uma espiral de instabilidade e insegurança que abriu caminho para o início de uma nova investida dos Houthis em 2014.
O sucessor de Saleh, Abdrabbuh Mansour Hadi, também não suportou a pressão dos Houthis, que dominavam partes da capital Sanaa e outras regiões do Iêmen.
Desde então, o Iêmen está afundado em uma guerra civil que já dura cerca de nove anos – apesar de um breve cessar-fogo mediado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2022 – e envolve grandes potências do Oriente Médio.
Arábia Saudita e Irã
Desde o início do conflito, Arábia Saudita e Irã possuem ligações – mesmo que de forma indireta – com a guerra no Iêmen.
Exilado na Arábia Saudita desde que os Houthis ascenderam ao poder, Hadi buscou ajuda na monarquia para tentar destituir o grupo rebelde, que passou a controlar boa parte do Iêmen.
A Arábia Saudita, então, passou a liderar uma coalizão junto de outros oito países árabes e iniciou uma série de ataques contra os Houthis.
Já o Irã é suspeito de apoiar o grupo iemenita, que possuí cerca de 20 mil soldados, na tentativa de frear a influência dos sauditas na região.
Em abril de 2023, a retomada de laços entre a Riad e Teerã acendeu uma ponta de esperança sobre possíveis negociações de paz envolvendo o conflito. Contudo, a instabilidade na região provocada pela guerra na Faixa de Gaza acabou freando as negociações.