Gaza: entenda quais serão próximos passos após acordo para cessar-fogo
Acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas na guerra da Faixa de Gaza começa no próximo domingo (19/1)
atualizado
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Depois de quinze meses de guerra, Israel e Hamas concordaram com um cessar-fogo no conflito que levou um rastro de sangue para a Faixa de Gaza. Com a mediação do Catar, Estados Unidos e Egito, ambos os lados concordaram com a proposta de paz, que deve começar a valer no próximo domingo (19/1).
Cessar-fogo
- O cessar-fogo entre Israel e Hamas era discutido desde agosto de 2024, com a mediação do Catar, Estados Unidos e Egito.
- O plano, anunciado nessa quarta-feira (15/1), será implementado em três fases.
- Na primeira delas, que deve durar 42 dias, reféns sequestrados pelo Hamas devem ser trocados por palestinos presos em Israel.
- A expectativa é de que as Forças de Defesa de Israel (FDI) também iniciem o processo de desocupação da Faixa de Gaza.
A primeira fase do cessar-fogo, segundo comunicado conjunto divulgado pelo Catar, EUA e Egito, vai durar 42 dias. Neste estágio, cerca de mil palestinos presos por forças israelenses serão liberados em troca de 33 reféns mantidos pelo Hamas na Faixa de Gaza desde outubro de 2023.
Está programada a libertação de reféns em seis datas durante o período de cessar-fogo, começando no domingo, quando três cativos em Gaza serão devolvidos. Na última semana do cessar-fogo, 14 sequestrados serão libertados. A estimativa é de que 97 reféns, entre mortos e vivos, ainda estejam no enclave palestino.
No 16º dia, o governo de Benjamin Netanyahu deve soltar cerca de mil palestinos que estão presos em Israel. Eles serão enviados para Gaza, Turquia ou Catar. A data também marca o início das negociações para a segunda fase do plano de paz.
Moradores do norte de Gaza, uma das áreas mais afetadas pelo conflito que já matou mais de 45 mil palestinos, poderão retornar para suas casas a partir do 22º dia de cessar-fogo. A previsão é de que as Forças de Defesa de Israel (FDI) comecem a reduzir sua presença na região, como parte do acordo.
De acordo com o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim bin Jabr Al Thani, os detalhes das fases seguintes do acordo serão divulgados após a conclusão da primeira etapa.
O cessar-fogo será cumprido?
Analistas ouvidos pelo Metrópoles afirmam que, embora os termos do atual acordo já tenham sido discutidos em outras ocasiões sem sucesso, acontecimentos recentes contribuíram para que a proposta fosse aceita por Israel e Hamas. Anteriormente, os dois lados envolvidos no conflito esbarraram em desentendimentos quanto aos termos do plano.
O enfraquecimento do Hamas, que viu suas principais lideranças serem assassinadas nos últimos meses, é um dos motivos que podem levar uma paz a Gaza. Um outro é o fator Donald Trump, que mesmo antes de assumir a Casa Branca na próxima segunda-feira (20/1) já conseguiu afetar a política externa dos EUA em relação a alguns conflitos.
“Há motivos para crer que pelo menos as fases iniciais do cessar-fogo serão cumpridas”, explica o doutor em Ciência Política e professor de Relações Internacionais Igor Sabino.
“Se isso levará ao fim do conflito definitivo da guerra na Faixa de Gaza, contudo, ainda é cedo para afirmar. Isso dependerá de uma série de fatores. Nesse aspecto, os primeiros dias de implementação do acordo, especialmente com a libertação dos reféns israelenses, serão decisivos”, explica.