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Gaza: autoria de massacre em hospital alimenta desinformação na guerra

Bombardeio deixou centenas de mortos em um hospital na cidade de Gaza nesta terça-feira (17/10). Autoria segue desconhecida

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Dezenas de pessoas feridas estão sendo levadas para o Hospital Al-Shifa após o ataque aéreo ao Hospital Batista Al-Ahli na cidade de Gaza
1 de 1 Dezenas de pessoas feridas estão sendo levadas para o Hospital Al-Shifa após o ataque aéreo ao Hospital Batista Al-Ahli na cidade de Gaza - Foto: Ali Jadallah/Anadolu via Getty Images

O bombardeio que atingiu o hospital al-Ahli Arab, na cidade de Gaza, nesta terça-feira (17/10), alimenta desinformação sobre o acirramento do conflito entre Israel e o grupo islâmico Hamas. O ataque deixou centenas de mortos e feridos, segundo palestinos, e foi alvo de críticas de países árabes e ocidentais.

O Ministério da Saúde da Palestina defendeu, inicialmente, que o ataque ao hospital teria sido provocado por bombardeios de Israel. O posicionamento se baseia, principalmente, nas ações militares das Forças Armadas israelenses contra a Faixa de Gaza, dominada pelo Hamas desde 2007.

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Corpos de pessoas mortas em ataque aéreo ao Hospital Batista Al-Ahli, são levados ao Hospital Al-Shifa na cidade de Gaza
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Corpos de pessoas mortas em ataque aéreo ao Hospital Batista Al-Ahli, são levados ao Hospital Al-Shifa na cidade de Gaza

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Dezenas de pessoas feridas estão sendo levadas para o Hospital Al-Shifa após o ataque aéreo no Hospital Batista Al-Ahli na cidade de Gaza

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Ataque ao hospital al-Ahli Arab na Faixa de Gaza, nesta terça-feira (17/10)

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Israel continua a enviar soldados, tanques e veículos blindados perto da fronteira de Gaza em Ashkelon, Israel, em 16 de outubro de 2023

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Cidadãos palestinos inspecionam sua casa destruída durante os ataques israelenses no sul da Faixa de Gaza em 16 de outubro de 2023 em Khan Yunis, Gaza

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Uma visão da devastação na cidade de Beit Hanoun da cidade israelense de Sderot após ataques aéreos israelenses em 16 de outubro de 2023

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Equipes de defesa civil e moradores locais tentam resgatar pessoas dos escombros da casa destruída de uma família palestina atingida por um ataque aéreo israelense em Khan Yunis, Gaza, em 16 de outubro de 2023

Belal Khaled/Anadolu via Imagens Getty
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Criança palestina ferida é transportada para o Hospital Naseer após ataque aéreo israelense enquanto os ataques israelenses continuam no 10º dia em Khan Yunis, Faixa de Gaza, em 16 de outubro de 2023

Mustafa Hassona/Anadolu via Getty Images
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Equipes de defesa civil e residentes lançam uma operação de busca e resgate em torno dos escombros de edifícios destruídos enquanto os ataques israelenses continuam no 10º dia em Rafah, Gaza, em 16 de outubro de 2023

Rahim Khatib/Anadolu através da Getty Images
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Palestinos deixam suas casas em segurança em meio aos destroços de edifícios destruídos após o ataque aéreo israelense no bairro de Tel al-Hawa enquanto os ataques israelenses continuam no 10º dia na Faixa de Gaza em 16 de outubro de 2023

Ali Jadallah /Anadolu via Getty Images

Por sua vez, o governo de Israel alegou que não se responsabiliza pelo ataque. Segundo informações da inteligência israelense, o bombardeio teria sido provocado por um lançamento de ataque “fracassado” por parte da organização Jihad Islâmica Palestina.

A Jihad Islâmica é uma organização militante que desempenha importante papel no conflito entre Israel e Palestina. Fundada na década de 1980, ela é conhecida pela postura radical e pelas ligações estreitas com o Irã.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, também culpou a Jihad Islâmica e chamou o grupo de “terroristas bárbaros”.

No entanto, Daoud Shehab, porta-voz da Jihad Islâmica, afirmou ao jornal norte-americano New York Times que o braço armado do grupo não tem atuado na região. “Não houve nenhuma operação das Brigadas Al-Quds na área”, ressaltou Shehab.

Logo, não há uma informação concreta sobre quem seria o autor do ataque contra o hospital em Gaza. Organizações internacionais se manifestaram sobre o bombardeio, mas não responsabilizaram nenhum grupo ou país.

Médicos Sem Fronteiras condena ataque a hospital em Gaza: “Massacre”

Segundo informações divulgadas pelo Ministério da Saúde da Palestina, o hospital também abrigava pessoas que tentavam deixar o norte da cidade de Gaza após ultimato dos militares de Israel. As autoridades palestinas informaram que pelo menos 500 pessoas morreram devido ao atentado, mas nenhum órgão internacional apresentou número de vítimas.

Imagem colorida mostra o mapa de onde um hospital foi bombardeado, na Faixa de Gaza - Metrópoles

O bombardeio ocorreu no início da tarde desta terça. As primeiras informações divulgadas pelo governo de Israel responsabilizaram a Jihad Islâmica pelo ataque e afirmaram que os foguetes foram disparados em direção a Israel.

“A partir da análise dos sistemas operacionais das IDFs, foi identificado o disparo de foguetes inimigos em direção a Israel, que passava pelas proximidades do hospital, quando este foi atingido. De acordo com informações de inteligência, de diversas fontes de que dispomos, a organização terrorista Jihad Islâmica é responsável pelo disparo fracassado que atingiu o hospital”, divulgou o perfil oficial de Israel.

Além do texto, a conta governamental israelense compartilhou um vídeo de câmeras de segurança que não mostra o ataque, mas é atribuído ao bombardeio. As imagens passaram a ser compartilhadas por grupos apoiadores das Forças Armadas de Israel; no entanto, foram retiradas das redes sociais.

O presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, informou ter conversado com o rei Abdullah II, da Jordânia, e Benjamin Netanyahu. O político acrescentou ainda que o governo norte-americano irá investigar a explosão.

“Eu estou indignado e triste pela explosão no hospital de Al Ahli em Gaza e pela terrível perda de vidas. Assim que ouvi a notícia, eu conversei com o rei Abdullah II, da Jordânia, e o primeiro-ministro Netanyahu, de Israel, e determinei que minha equipe de segurança nacional siga juntando informações sobre o que ocorreu exatamente”, ressaltou o presidente norte-americano.

“Os EUA defendem a proteção da vida de civis e nós lamentamos pelos pacientes, pela equipe médica e pelos demais inocentes mortos ou feridos nessa tragédia”, completou Biden.

O professor de geografia política da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Vitor de Pieri explica que a Jihad Islâmica é um grupo que atua em Gaza, mas é considerado inferior ao Hamas, tanto em armamento quanto em contingentes.

“A Jihad Islâmica é um grupo que atua em Gaza, um grupo de resistentes e de insurgentes, bem menor que o Hamas”, explica.

Desinformação na guerra

Não é a primeira vez que informações divulgadas por autoridades israelenses tentam retratar a realidade sobre o conflito.

O gabinete do primeiro-ministro de Israel chegou a divulgar imagens de supostos bebês decapitados por membros do Hamas. “O Hamas é desumano. O Hamas é o ISIS [Estado Islâmico]”, compartilhou o gabinete de Netanyahu.

Não só autoridades de Israel, mas o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também afirmou que teve acesso a fotos que mostram integrantes do Hamas “decapitando crianças” em meio à guerra contra Israel.

“É importante que os americanos saibam disso. Nunca pensei que veria isso. Imagens confirmadas de terroristas decapitando crianças”, afirmou Biden durante encontro com lideranças judaicas.

Apesar da grande repercussão dos “bebês decapitados”, o governo de Israel defendeu que não é possível confirmar que membros do Hamas decapitaram bebês durante o ataque de 7 de outubro, em Israel. No entanto, o comando israelense informou à CNN que houve, sim, decapitações, mas “não podemos confirmar se as vítimas eram homens ou mulheres, soldados ou civis, adultos ou crianças”.

Não só o governo de Israel, mas funcionários da Casa Branca admitiram que o presidente norte-americano não viu imagens, e também não confirmaram de forma independente que o Hamas teria decapitado crianças israelenses.

Por sua vez, o Hamas negou que tenha decapitado cerca de 40 bebês e crianças na comunidade de Kfar Aza. A informação sobre a decapitação de bebês foi divulgada inicialmente por uma repórter da emissora i24News.

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