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Franceses celebram a morte de ex-líder da extrema direita

Considerado polarizador e abertamente racista, Jean-Marie Le Pen fundou a Frente Nacional, transformada em Reagrupamento Nacional

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1 de 1 Imagem colorida, Jean-Marie Le Pen - Foto: Getty Images

Centenas de pessoas se reuniram na noite dessa terça-feira (7/1) em várias cidades de França para celebrar, com música e fogos de artifício, a morte de Jean-Marie Le Pen, personalidade histórica da extrema direita francesa, que será enterrado no sábado, dia 11 de janeiro. Sua filha e herdeira política, Marine Le Pen, se manifestou sobre a morte do pai em redes sociais nesta quarta-feira (8/1).

“Este racista sujo está morto”, dizia um cartaz no meio da multidão que se reuniu no início da noite para comemorar a morte do líder histórico da extrema direita na praça da República, em Paris. Alguns dos participantes da celebração levavam bandeiras do Novo Partido Anticapitalista (NPA), de esquerda radical, que convocou a manifestação. Três pessoas foram detidas para investigação, segundo as autoridades de segurança pública.

Em Lyon, cerca de 600 pessoas, convocadas pelo site de notícias de ultra esquerda Rebellyon pelo X para “celebrar” a morte de Jean-Marie Le Pen, dispararam fogos de artifício. De acordo com a prefeitura da cidade, sete pessoas foram presas na noite de terça-feira às margens da manifestação.

Em Marselha, onde entre 200 e 300 pessoas se reuniram no antigo porto da cidade, o ambiente também era festivo, entre garrafas de champanhe, chapeuzinhos de festa e uma placa onde estava escrito “finalmente”.

As comemorações pela morte do ex-líder da extrema direita geraram reações de v árias personalidades políticas.

“Nada, absolutamente nada, justifica dançar sobre um cadáver. A morte de um homem, mesmo um adversário político, deveria apenas inspirar contenção e dignidade. Estas cenas de júbilo são simplesmente vergonhosas”, comentou o ministro do Interior francês, Bruno Retailleau, no X.

A líder dos deputados do partido de esquerda radical França Insubmissa, Mathilde Panot, defendeu as manifestações que celebravam a morte de Jean-Marie Le Pen, dizendo que ele era um “inimigo da República”, em entrevista à rádio RTL.

Em entrevista à tevê do Senado, o deputado socialista Jérôme Guedj, por outro lado, disse que “não via sentido em se regozijar com a morte de um homem, seja ele quem for”. Mas afirmou que “não adianta suavizar o percurso” de Jean-Marie Le Pen, em alusão à reação do primeiro-ministro francês François Bayrou, acusado de ter minimizado os múltiplos escândalos que marcaram a carreira do fundador do político de extrema direita, ao descrevê-los apenas como “controvérsias”.

“Achei alucinante. Jean-Marie Le Pen tem cerca de 20 condenações por contestar crimes contra a humanidade, incitando ao ódio racial”, disse.

Jean-Marie Le Pen, figura da extrema-direita francesa e finalista na eleição presidencial de 2002, morreu terça-feira aos 96 anos na região de Paris.

Luto na extrema direita

A líder da extrema direita Marine Le Pen prestou homenagem nesta quarta-feira ao pai, afirmando no X que “muitas pessoas que o amam estão de luto por ele”.

As relações entre Jean-Marie e Marine Le Pen se deterioraram significativamente ao longo dos anos, após a ascensão da filha, em 2011, à chefia da Frente Nacional (FN), um partido co-fundado e liderado durante 39 anos pelo pai, que posteriormente deu origem ao atual Reunião Nacional.

No entanto, os laços familiares foram restabelecidos em junho de 2018, por ocasião do 90º aniversário do patriarca.

O funeral de Jean-Marie Le Pen será realizado no sábado. dia 11 de janeiro, em sua cidade natal, La Trinité-sur-Mer, a cerca de 500 km a oeste de Paris.

De acordo com o vice-presidente do Reunião Nacional, Louis Aliot, nesta quarta-feira, a cerimônia será realizada “na privacidade da família”.

Leia mais reportagens como essa no RFI, parceiro do Metrópoles.

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