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França volta às urnas com Macron como favorito

Segundo turno das presidenciais opõe projetos antagônicos sobre o futuro da França e da Europa

atualizado

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Emmanuel Macron, presidente da França
1 de 1 Emmanuel Macron, presidente da França - Foto: World Economic Forum

A França volta às urnas neste domingo (7/5) para escolher o seu novo presidente. Em disputa estão dois projetos que propõem renovação, mas que também são totalmente antagônicos: o cosmopolitismo pró-europeu do centrista Emmanuel Macron e o nacionalismo eurocético de Marine Le Pen.

Os resultados inesperados dos últimos meses que levaram à vitória de Donald Trump nos EUA, e da aprovação do Brexit no Reino Unido, ainda levantam o temor de que também tudo é possível nas eleições francesas – no caso, a vitória de Marine e a formação de um governo veementemente anti-Bruxelas em uma das nações fundadoras da UE.

Mas, as últimas pesquisas cravam que Macron deve ganhar com mais de 20 pontos de vantagem. Um levantamento divulgado na sexta-feira (5/5) mostrou que o resultado deve ser 63% para Macron e 37% para Marine. No primeiro turno, a maior parte dos institutos de pesquisa conseguiu prever acertadamente o resultado.

Em 23 de abril, Macron foi o mais votado dos 11 candidatos na disputa, obtendo 23,7% dos votos, seguido de Marine, com 21,9% dos votos. Nas duas semanas de campanha do segundo turno, Marine, do partido Frente Nacional (FN), nunca conseguiu diminuir significativamente a desvantagem em relação a Macron, do Em Marcha.

Ainda que os números mostrem que não deve se repetir o massacre eleitoral sofrido pelo seu pai, Jean-Marie Le Pen no segundo turno de 2002 – em que mais de 80% dos eleitores votaram contra ele -, Marine deve sair derrotada na sua segunda tentativa de conquistar o Eliseu. São poucos os analistas que apostam numa virada de Marine.

Sua única esperança é a de que um número enorme de eleitores resolva não comparecer às urnas para apoiar Macron ou vote em branco. Assim como ocorreu com o pai, o establishment político se uniu em peso para deter Marine e pedir votos para seu adversário. De certa forma, o segundo turno acabou se transformando mais uma vez em um referendo sobre a possibilidade de um membro da família Le Pen finalmente assumir o poder. O jornal satírico Charlie Hebdo deu o tom em sua última capa, que mostrava um fundo negro e a pergunta “é mesmo necessário desenhar algo?”.

Reprodução

Na reta final da campanha, a exemplo do que ocorreu nos EUA, hackers tentaram manipular as eleições ao publicarem documentos internos do movimento Em Marcha, de Macron. Assessores do candidato confirmaram a autenticidade de parte dos documentos, mas até agora nada comprometedor foi revelado com o vazamento.

Resultado
O resultado de uma vitória de Macron deve provavelmente gerar manchetes como “Bruxelas respira aliviada” e destacar que o otimismo do centrista imperou sobre o pessimismo de Marine. Ainda assim, este segundo turno deve já marcar uma reviravolta histórica na vida política francesa. Foi a primeira vez que dois candidatos de fora do sistema partidário tradicional monopolizaram as escolhas do segundo turno presidencial, deixando de fora as velhas legendas socialista e conservadora.

Macron e Marine mostraram que campanhas personalistas podem contornar a falta de força política dos seus partidos. O Em Marcha, de Macron, foi fundado há apenas um ano. A FN conta com décadas de existência e uma legião fiel de seguidores, mas na maior parte da sua existência foi marginalizada pelo establishment político.

Assim como ocorreu nas eleições parlamentares na Holanda, em março, a vitória de Macron vai significar um respiro de alívio para a União Europeia. O programa do centrista é abertamente pró-europeu, o que o coloca como candidato favorito dos líderes do bloco. Em janeiro, declarou que “nós precisamos da Europa porque a Europa nos faz mais fortes”. Há duas semanas, durante a celebração da sua passagem para o segundo turno, seus apoiadores agitaram bandeiras da UE, algo inimaginável entre a base de outros candidatos.

Flicker/Reprodução
Marine Le Pen representa a direita ultra-conservadora no pleito deste domingo

 

Durante a campanha eleitoral, o jovem e ambicioso Macron se definiu como nem de esquerda, nem de direita. Ele prefere a expressão “progressista” a “centrista”. Também foi chamado pejorativamente de “internacionalista” e “globalista” pelos adversários. Ele propõe reformas liberais para abrir e melhorar a eficiência do país. Na sua passagem pelo ministério da Economia, quis acabar com as travas que impedem o comércio de abrir aos domingos e defendeu extinguir monopólios.

Com o centrista Macron, os franceses também devem finalmente abraçar uma espécie de terceira via, uma mistura de itens de políticas do socialismo e do liberalismo econômico, com duas décadas de atraso em relação a outros países do continente europeu, como o Reino Unido.

Se eleito, Macron, que tem apenas 39 anos, será o mais jovem presidente eleito da história de França – hoje o recorde é mantido por Luís Luís Napoleão Bonaparte, que foi eleito aos 40 anos em 1848.

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