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França perde ainda mais influência e poder militar na África em 2025

Costa do Marfim e Senegal foram outros dois países da África a pedir que militares da França se retirem de seus territórios

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1 de 1 Imagem colorida mostra soldado da França na África - Metrópoles - Foto: Cem Ozdel/Anadolu via Getty Images

Antes poder hegemônico na África, a França agora vê sua influência no continente escorrendo pelos dedos após acontecimentos recentes que redefiniram o tabuleiro político na região. O mais recente deles aconteceu nos minutos finais de 2024, quando Senegal e Costa do Marfim anunciaram a retirada de tropas francesas de seus territórios.

“Já pedi ao ministro das Forças Armadas que proponha uma nova doutrina de cooperação em defesa e segurança envolvendo, entre outras consequências, o fim de todas as presenças militares de países estrangeiros no Senegal a partir de 2025”, disse o presidente de Senegal, Bassirou Diomaye Faye, durante discurso à nação em 31 de dezembro de 2024.

No mesmo dia, também em pronunciamento oficial, o presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, seguiu os passos de seu homólogo e anunciou que as tropas da França devem se retirar do país em 2025.

“Nos orgulha nosso exército, cuja modernização já está em vigor. É neste contexto que decidimos pela retirada concertada e organizada das forças francesas da Costa do Marfim. O acampamento do 43º batalhão de infantaria de fuzileiros navais de Port-Bouët será entregue às Forças Armadas da Costa do Marfim a partir deste mês de janeiro de 2025”, declarou Ouattara.

A estimativa é de que existam 350 militares franceses estacionados em Senegal e outros 600 soldados na Costa do Marfim.

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Tropas da França foram expulsas de ex-colônias na África após uma série de golpes militares e mudanças políticas em países do continente

História se repete em outros países

Cerca de um ano após liderar um golpe militar em Burkina Faso, o presidente do governo interino no país, Ibrahim Traoré, realizou um discurso que foi visto como um recado para o governo francês. Na cúpula Rússia-África, realizada em julho de 2023, ele criticou antigas lideranças africanas e as classificou como “marionetes”.

“Nós, chefes de Estado africanos, devemos parar de nos comportar como marionetes que dançam toda vez que os imperialistas puxam as cordas”, declarou Traoré.

Meses antes do discurso, a junta militar que comanda Burkina Faso desde 2022 já tinha tornado público o pedido para que tropas da França se retirassem do país. Na época, o afastamento de nações africanas de sua antiga colônia já havia acontecido na República Centro-Africana e no Mali, depois que governos alinhados com Paris colapsaram.

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O Estado Islâmico continua sendo o grupo extremista que mais mata ao redor do mundo
A mudança fez com que o Ocidente voltasse os olhos para a região
Diversas tropas estrangeiras foram enviadas ao Sahel para combater os insurgentes islâmicos
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O Sahel é uma faixa localizada na África que corta alguns países do continente

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O Estado Islâmico continua sendo o grupo extremista que mais mata ao redor do mundo

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A mudança fez com que o Ocidente voltasse os olhos para a região

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Diversas tropas estrangeiras foram enviadas ao Sahel para combater os insurgentes islâmicos

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Assim como nos países vizinhos, o Níger foi outra nação africana a encerrar a cooperação militar com a França e pedir a retirada dos quase 1,5 mil contingente de franceses de seu território.

Localizado na faixa do Sahel, o país era o último refúgio do Ocidente na região, para onde tropas estrangeiras foram enviadas sob a justificativa de combater a crescente ameaça de grupos terroristas na área, como o Estado Islâmico (ISIS). Tudo mudou, no entanto, após militares derrubarem o ex-presidente Mohamed Bazoum.

Antes do anúncio da Costa do Marfim e Senegal, o Chade foi outra nação africana a anunciar o fim do pacto de defesa com os franceses e pedir a expulsão de tropas do país governado por Emmanuel Macron em outubro do ano passado.

Rússia “come pelas beiradas”

Os olhos da Rússia se voltaram de vez para a África após a nova realidade no continente, imposta por golpes militares, instabilidade política, sentimento anti-Ocidente e a presença terrorista na região.

Enfrentando um isolamento internacional por conta da guerra travada na Europa com a Ucrânia, o governo de Vladimir Putin aproveitou o caos no continente e a insatisfação crescente dos novos governos com a França para expandir alianças em território africano. 

Um dos exemplos mais claros aconteceu na República Centro-Africana, onde Grupo Wagner aumentou sua presença no país. Desde sua criação, a organização atua como uma espécie de exército privado da Rússia, que atua de forma semioficial em prol dos interesses do Kremlin ao redor do mundo.

O mesmo aconteceu no início de 2024 no Níger, quando mercenários do Africa Corps foram enviados ao país. A organização é uma reformulação do Wagner, que ganhou um novo nome após a morte de Yevgeny Prigozhin em 2023, e passou a ficar sob o comando do Ministério da Defesa da Rússia.

Além de uma maior presença russa na África, analistas ouvidos pelo Metrópoles afirmam que a perda de influência da França no continente pode beneficiar os interesses da China na região.

“O recuo francês abre espaço para o investimento chinês, a captura dessas economias pelos grandes projetos da China para a África, e coloca essas nações embaixo das asas de Pequim. Isso aconteceu porque a Rússia, embora tenha aparecido muito no cenário nos últimos anos, surge na maioria das vezes como capacidade de cooperação militar”, explica Sandro Teixeira, professor da Escola do Comando e Estado-Maior do Exército do Brasil.

 

 

 

 

 

 

 

 

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