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França julga homem que drogava esposa para que outros a estuprassem

Além do marido, outros 50 homens serão julgados por participação nos crimes. O julgamento começa nesta segunda (2/9)

atualizado

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Ilustração/Reprodução/RD News
Estupro professor
1 de 1 Estupro professor - Foto: Ilustração/Reprodução/RD News

Um homem acusado de ter drogado a mulher durante quase 10 anos para que outros homens pudessem estuprá-la na casa da família, em Mazan, no sul de França, será julgado a partir de segunda-feira (2/9). Além do marido, 50 homens serão julgados por participação no caso.

O julgamento, emblemático da questão da submissão química, decorrerá durante quatro meses em um tribunal penal composto exclusivamente por magistrados profissionais em Avignon, 700 km ao sul de Paris.

Até 20 de dezembro, vão comparecer diante dos juízes 51 réus, dos quais 18 já estão em detenção. Todos são homens, com profissões como bombeiro, artesão, enfermeiro, ex-policial, eletricista, empresário e jornalista, com idades entre 21 e 68 anos na data da descoberta dos fatos.

Nenhum sofre de patologia psicológica notável, segundo especialistas, no entanto, denotam um sentimento de “onipotência” sobre o corpo feminino.

A maioria foi à casa da família uma vez, mas dez entre eles, foram mais de uma vez, às vezes até seis noites. Muitos afirmam que pensavam estar apenas participando das fantasias sexuais de um “casal liberal”.

Mas segundo o marido e principal réu, hoje com 71 anos, “todos sabiam” que a mulher não tinha consciência que era drogada.

De acordo com a investigação, “cada indivíduo tinha livre arbítrio” e podia ter “saído do local”.

Estado próximo do coma

O aposentado, ex-funcionário da companhia elétrica francesa, admitiu ter administrado tranquilizantes potentes à esposa algumas noites, sem a prevenir. O marido diz que começou a drogar a esposa e chamar outros homens para estuprá-la em 2011, quando os dois, juntos desde 1971, ainda viviam na região de Paris, antes de se mudar para Mazan, em 2013.

Para os homens, recrutados no site de encontros Coco.fr (que deixou de existir) e convidados no meio da noite, as instruções eram rigorosas para não acordar a vítima.

O marido participava nos estupros e os filmava, encorajando seus cúmplices em termos particularmente degradantes. Mas ele não pedia nenhuma compensação financeira, sua única motivação parecia ser a de satisfazer suas fantasias.

No total, foram registrados 92 estupros, cometidos por 72 homens. Apenas cerca de cinquenta foram formalmente identificados.

A ex-mulher, em estado “mais próximo do coma do que do sono”, segundo um especialista, não percebeu nada. Ela descobriu tudo aos 68 anos, depois de quase cinquenta anos de convivência, quando a investigação começou. Em 2020, o marido foi flagrado em um shopping center tentando colocar um celular sob as saias de três mulheres para filmar.

Ao revistar o computador do suspeito, os investigadores descobriram milhares de fotos e vídeos da esposa, visivelmente inconsciente, muitas vezes em posição fetal, estuprada por dezenas de estranhos, na casa da família.

A polícia também encontrou conversas em que ele convidava os homens para terem relações com sua esposa inconsciente.

Vítima e filhos afetados

Para a vítima, o julgamento será “uma experiência absolutamente terrível”, avalia Antoine Camus, um dos advogados da mulher, que também defende os três filhos do casal e cinco netos.

Ela “vai viver, pela primeira vez os estupros que sofreu durante dez anos”, porque “não lembra de nada”, explicou o advogado.

Em princípio, ela queria que o julgamento não fosse público, mas mudou de ideia. “Hoje ela percebe que da sua própria história há muitas lições a serem aprendidas, e o seu primeiro desejo é obviamente que isso seja conhecido. O silêncio é, em última análise, o que os agressores querem, os acusados, mas também quem ainda está do lado de fora e continua com esse tipo de comportamento”, diz Antoine Camus.

O caso também afetou os filhos da vítima, principalmente a filha, Caroline, agora envolvida numa luta contra a submissão química, através de uma associação chamada “Não me adormeça” (Ne m’endors pas).

Assim como as esposas de seus dois irmãos, Caroline Darian (pseudônimo com o qual publicou um livro sobre o caso em 2022, “Et j’ai cessé de t’appeler papa“) também foi fotografada nua pelo pai, sem seu conhecimento.

Ela também se pergunta se ele não a teria drogado, acusação que ele nega e que a investigação não comprovou.

O réu, Dominique P., que afirma ter sido estuprado por um enfermeiro aos 9 anos, diz que está pronto para “confrontar sua esposa e sua família”, segundo sua advogada, Béatrice Zavarro.

Após a descoberta do drama, outros casos envolvendo o acusado foram encontrados em arquivos, como  um homicídio com estupro, em 1991, em Paris, que ele nega, e uma tentativa de estupro na região parisiense, que ele reconhece.

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