Compartilhar notícia
A ministra da Agricultura da França, Annie Genevard, anunciou, neste sábado (30/11), uma série de medidas para “diminuir os obstáculos” que pesam sobre os agricultores franceses. O setor se opõe ao projeto de acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e os países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai) e denuncia concorrência desleal.
“Os agricultores estão fartos das proibições, dos procedimentos e dos padrões”, diz a ministra. “Houve um acúmulo de obstáculos que acabou diminuindo a competitividade dos produtores”, acrescentou.
Entre as medidas anunciadas pela ministra está a criação de um conselho específico para ajudar a a Agência Nacional de Segurança Sanitária (Anses) a priorizar os pedidos de comercialização de determinados produtos. O objetivo é atender as necessidades urgentes de certas culturas.
A agência está na mira de alguns sindicatos por ter proibido ou restringido o uso de certos pesticidas antes da União Europeia.
Outra medida anunciada pela ministra é a otimização do exame de projetos pecuários “para encurtar os prazos”. Outra proposta visa impedir que o mesmo documento seja solicitado várias vezes pelas repartições públicas.
A ministra francesa anunciou as propostas durante uma viagem a uma fazenda de laticínios no centro da França. “Do jeito que as coisas estão, os agricultores não veem mais sentido em sua profissão. É urgente retomar o diálogo”, frisou.
Annie Genevard também pretende se reunir com os sindicatos todos os meses para uma nova “reunião de simplificação”. O objetivo é “superar, metodicamente, todos os obstáculos à produção”, salientou.
Protestos contra o Mercosul
Desde 18 de novembro, os agricultores têm protestado na França, a primeira potência agrícola da Europa. O sindicato FNSEA-JA (Jovens Agricultores) demonstrou publicamente sua oposição ao acordo de livre comércio entre a UE e os países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai).
Eles alegam concorrência desleal, já que produção dos alimentos pelos países do Mercosul não está submetida a exigências ambientais e sociais e padrões sanitários similares aos da União Europeia.
Na última semana, o foco dos protestos do setor foi o “obstáculo” ao trabalho dos agricultores. Uma nova mobilização está prevista a partir de 10 de dezembro “para denunciar os baixos rendimentos agrícolas”.
Para os sindicatos FNSEA e JA (Jovens Agricultores), “os anúncios da ministra são um primeiro passo”. No entanto, “a simplificação da burocracia ainda é um objetivo distante”, acrescentaram. De acordo com eles, os agricultores aguardam “que os anúncios tenham um efeito concreto no seu dia-a-dia”.
Essa nova mobilização de agricultores ocorre um ano após a do inverno de 2023-2024, que também afetou vários outros países da União Europeia, incluindo Alemanha, Itália e Espanha.
A crise do setor agrícola na França é alimentada pela dificuldade do setor em gerar um rendimento viável, além dos vários obstáculos burocráticos. O número de fazendas na França também foi dividido por quatro em 50 anos: de 1,5 milhão em 1970, elas agora representam menos de 400 mil.
Leia mais reportagens no RFI, parceiro do Metrópoles.