Compartilhar notícia
Desde quarta-feira (20/3), mensagens ameaçando um ataque terrorista, acompanhadas de um vídeo de decapitação, foram enviadas a cerca de 50 escolas secundárias na região de Paris, na França, por meio de Espaços de Trabalho Digitais (ENT) hackeados.
No fim do ano passado, uma onda de ameaças de bomba foram feitas a várias escolas do país. “Cerca de 50 escolas foram afetadas até o momento”, informou a administração da região parisiense.
Esses estabelecimentos, “principalmente escolas secundárias”, receberam “ameaças” com “apologia e provocação ao terrorismo”, representando “vários delitos graves”, informou o Ministério da Educação.
O ministério “condena essas ameaças graves”, feitas por meio das plataformas internas das escolas, entre as quais algumas servem como um elo entre professores, alunos e pais, como o ENT. O ministério disse estar “se certificando de que as redes não foram comprometidas” pelo envio das mensagens”.
“Serviços especializados de investigação estão mobilizados para identificar o autor ou autores”, acrescentou o ministério, que ofereceu “apoio psicológico a todas as crianças ou adultos que viram os vídeos chocantes, contra sua vontade”.
De acordo com uma fonte policial, os envios começaram com uma mensagem anunciando um ataque com explosivos, mandada a pelo menos cinco escolas secundárias em Yvelines na noite de quarta-feira para quinta-feira (21/3).
“O criminoso ou os criminosos invadiram o endereço de e-mail de um aluno para distribuir a mensagem e um vídeo de decapitação para todas as caixas de entrada”, indicou.
Na sequência, as escolas da autoridade educacional de Paris, Versalhes e Créteil (nos arredores da capital francesa) também receberam mensagens.
“Gravidade extrema” na França
Em Val-d’Oise, todos os alunos e funcionários da escola secundária Jean-Monnet, em Franconville, por exemplo, receberam uma mensagem “ameaçando a escola com um ataque terrorista na quinta-feira, 21 de março de 2024”, disse uma fonte policial.
O e-mail estava “acompanhado de links que davam acesso a um vídeo que mostrava pessoas sendo decapitadas”.
Em Seine-et-Marne, no Lycée Jean-Moulin, em Torcy, uma mensagem foi “enviada pelas redes sociais indicando que uma quantidade de C4 [uma variedade de explosivos] estava escondida em toda a escola em nome de Alá”, de acordo com outra fonte policial.
A região parisiense anunciou que havia “apresentado uma queixa” na manhã de quinta “ao escritório do promotor cibernético de Paris, após a criação de um site fraudulento com o objetivo de hackear o ENT regional”. A plataforma foi suspensa.
A presidente da região de Ile-de-France, Valérie Pécresse, condenou “esses atos extremamente graves, que exigem sanções exemplares”.
A promotoria pública de Paris confirmou à AFP que sua unidade de crimes cibernéticos havia sido notificada de duas queixas.
“Foi aberta uma investigação sobre as acusações de acesso e manutenção fraudulentos em um sistema automatizado de processamento de dados, além da introdução fraudulenta de dados”, acrescentou.
Essas ameaças acontecem depois de uma onda de falsas ameaças de bomba que afetaram várias escolas, no fim de 2023. Foram cerca de 800 alertas, de acordo com dados do governo francês, em meados de novembro.
Na ocasião, o número de ameaças aumentou após o ataque jihadista que tirou a vida do professor Dominique Bernard na cidade de Arras, em 13 de outubro.
Uma reunião interministerial sobre segurança escolar é realizada nesta quinta-feira sob o comando do premiê Gabriel Attal, na presença da ministra da Educação, Nicole Belloubet, e do ministro da Justiça, Eric Dupond-Moretti.