Finlândia se prepara contra a Rússia “desde a Segunda Guerra”
O país “mais feliz do mundo” tem planos de emergência que envolvem de cidades subterrâneas a Forças Armadas numerosas
atualizado
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A Finlândia, vizinha da Rússia — os dois países dividem 1,3 mil quilômetros de fronteira —, diz estar preparada para um conflito com os russos “desde o fim da Segunda Guerra Mundial”, segundo a ministra finlandesa de Assuntos Europeus em entrevista ao jornal Financial Times. “(Uma ameaça de guerra) Não nos pegará de surpresa”, afirmou.
Preparados para o conflito, o país tem abrigos extensos para a população em caso de bombardeio, por exemplo. Os prédios mais novos também são construídos com dispositivos antibombas.
Segundo o Ministério do Interior, 54 mil abrigos foram construídos até 2020, que comportam 4,4 milhões de pessoas. A capital, Helsinki, tem mais de 10 milhões de quilômetros quadrados de túneis, um projeto de urbanização que vem desde a década de 1980.
Onde não há proteção, a população se refugia em estacionamentos subterrâneos, ringues de gelo ou até mesmo em clubes. Segundo o jornal, o país consegue manter seis meses de estoque de mantimentos como grãos e combustíveis. Além disso, o governo obriga as empresas farmacêuticas a guardar remédios e substâncias inportadas suficientes para manter o suprimento por 10 meses.
Paralelo a isso, a Finlândia tem um terço da população adulta como reservista nas Forças Armadas. Segundo o Banco mundial, o país registra pouco mais de 5,5 milhões de habitantes, o que o torna, proporcionalmente, a nação com uma das maiores tropas do continente europeu.
Histórico conflituoso
A Finlândia já afirmou que o ingresso à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) não está nos planos, mas reivindicou em fevereiro o direito de escolher entrar ou não na organização, apesar das ameaças da Rússia.
A Rússia, por sua vez, disse que a adesão da Finlândia à Otan teria “sérias repercussões politicas e militares”. Essa ameaça também foi endereçada à Suécia. Os dois países nórdicos não são signatários da organização, mas colaboram, inclusive, com exercícios militares conjuntos.
Uma guerra entre Helsinki e Moscou não seria novidade. Entre 1939 e 1940, os dois países travaram batalhas que foram denominadas como “Guerra do Inverno”. A Finlândia conteve o avanço do exército soviético, mas perdeu território.