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Filho de fundador do Hamas, espião de Israel condena grupo extremista

Mossab Hassan Youssef atuou como espião da Agência de Segurança de Israel. Para ele, guerra irá acabar quando o Hamas for removido do poder

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Herdeiro de um dos fundadores do Hamas, Mosab Hassan Yousef decidiu deixar para trás o grupo fundamentalista e tornar-se um espião de Israel aos 18 anos. Ele conta que foi capturado por forças israelenses e condenado a 16 meses de prisão, período no qual teria testemunhado membros do grupo torturando e matando palestinos.

A experiência o levou a dizer sim para a proposta de tornar-se um espião da Agência de Segurança de Israel (Shin Bet).

O jovem palestino foi escalado para prender integrantes do Hamas envolvidos em atentados terroristas com explosivos. Ele contou a própria história em entrevista ao Fantástico, divulgada neste domingo (26/11).

Ainda pequeno, Mosab conta que não concordava com a ideologia “restrita” do Hamas. “Desde criança, eu não gostava da disciplina rígida deles, porque se você violar as leis do Hamas, será punido”, lembra. 

Criado em 1987, o Movimento de Resistência Islâmica, conhecido como Hamas, é uma organização de ideologia religiosa islâmica com origem na região da Palestina.

O grupo islâmico defende a criação de um estado muçulmano independente, por meio da luta armada, em toda a área da Palestina histórica, o que engloba boa parte do território atual de Israel. Além de manter um setor militar, o Hamas atua em setores da sociedade e política palestinas.

Apesar de ter sido criado dentro do grupo em guerra contra Israel e chegar a ser o braço direito do pai, Mosab conta que não sente que o traiu.

“Não me senti culpado porque me perguntei: ‘Como poderia estar errado ao salvar uma vida humana? Como isso poderia estar errado?’”, defende.

Negócio da família

O filho mais velho de Hassan Yossef conta que foi testemunha da criação do grupo em casa, na Cisjordânia. “Era o negócio da família, o meu destino estava ligado ao futuro do Hamas. O Hamas fornecia segurança, prestígio, status, todo o conforto. Então, o Hamas era tudo para mim”, relembra.

Em 2006, o grupo teve uma vitória significativa nas eleições parlamentares da Palestina, prometendo programas de assistência e bem-estar social ao povo do país. O movimento venceu o grupo rival Fatah, do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. Desde então, se postou também como oposição política e militar ao Estado de Israel.

Apesar de o pai ser um respeitado e conhecido líder, ele relata que chegou a ser agredido por integrantes do Hamas, por não cumprir regras. Para ele, o Hamas não era um grupo: era o projeto do pai.

“Uma vez, eu fui amarrado a um poste e chicoteado com o fio de um eletrodoméstico. (…) Eu tinha uns 8, 10 anos nessa época”, conta.

Mosab passou 10 anos colaborando com forças israelenses, mas decidiu afastar-se da função por conta dos riscos. “Se você for pego, está acabado”, contou. Depois do período, ele se converteu ao cristianismo e se mudou para os Estados Unidos.

Fim da guerra

Questionado sobre a possibilidade do fim do conflito, Mosab avalia que o Hamas “começou a guerra”, mas Israel será responsável por encerrá-la.

“Quando o Hamas for erradicado da força de Gaza e removido do poder, ele será substituído por uma força palestina mais moderada”, acredita. Segundo ele, as lideranças palestinas ou querem destruir Israel ou querem um Estado Palestino. “Mas não há ninguém falando sobre construir uma nação”.

Ataque em 7 de outubro

A guerra entre Israel e o Hamas ganhou um capítulo mais sangrento após o grupo promover um ataque terrorista em território israelense em 7 de outubro. Autoridades do país classificaram o ataque-surpresa como um dos maiores dos últimos anos. O grupo Hamas reivindicou a autoria. Com a ação, o estado israelense declarou guerra contra o movimento.

Na última sexta-feira (23/11), os dois lados do conflito iniciaram um período de trégua. Desde então, três grupos de reféns israelenses e estrangeiros foram libertados pelo Hamas. Em contrapartida, Israel libertou prisioneiros detidos em penitenciárias do governo.

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