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Overdose de fentanil mata quase 300 pessoas por dia nos EUA

Novo estudo aponta escalada impressionante da epidemia e infiltração do fentanil nas comunidades; mais de 100 mil pessoas morreram em 2023

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Imagem mostra porção de fentanil, opióide sintético que causou a morte de bebê de 9 meses que tomou mamadeira com a droga - Metrópoles
1 de 1 Imagem mostra porção de fentanil, opióide sintético que causou a morte de bebê de 9 meses que tomou mamadeira com a droga - Metrópoles - Foto: Johnrob / Getty Images

Um estudo recém-divulgado por pesquisares da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (EUA), aponta que houve uma mudança no cenário de mortes ligadas ao uso de drogas no país. Só em 2023, mais de 100 mil pessoas morreram de overdose e, do total, mais de 66% estavam ligadas ao fentanil, um opioide sintético 50 vezes mais poderoso que a heroína.

Em 2010, menos de 40 mil pessoas morreram por overdose de drogas em todo o país, e menos de 10% dessas mortes estavam ligadas ao fentanil. Naquela época, as mortes eram causadas principalmente pelo uso de heroína ou opioides prescritos por profissionais de saúde.

No entanto, a onda da epidemia é crescente e se espalha pelas comunidades dos Estados Unidos.

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Fácil acesso ao fentanil

O fentanil é um produto farmacêutico que pode ser prescrito por médicos para tratar dores intensas.

Mas a droga também é fabricada e vendida por traficantes. A maior parte do fentanil ilegal encontrado nos EUA é traficado a partir do México e usa produtos químicos provenientes da China, de acordo com o Drug Enforcement Administration (DEA), órgão federal encarregado da repressão e do controle de narcóticos.

O estudo examina as tendências nas mortes por overdose no país entre 2010 e 2021, utilizando dados compilados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA.

“O aumento do consumo de fentanil fabricado ilicitamente deu início a uma crise sem precedentes”, escreveram os autores do artigo. Praticamente todos os cantos dos EUA – do Havaí a Rhode Island – foram tocados pelo fentanil. “O aumento do consumo de fentanil fabricado ilicitamente deu início a uma crise sem precedentes”, escreveram os autores do artigo.

Quando o fentanil chegou pela primeira vez aos EUA como parte do tráfico, “muitas pessoas não o queriam”. Mas o opioide sintético tornou-se amplamente disponível porque é mais barato de produzir em comparação com outras drogas.

Ele também é altamente viciante – isso significa que dependentes ficam expostos ao entorpecente e, muitas vezes, o procuram como forma de evitar abstinências dolorosas relacionadas a outras substâncias.

Drogas combinadas

Na pesquisa recente, os especialistas alertam para outra tendência crescente: as mortes relacionadas ao consumo de fentanil em conjunto com drogas estimulantes, como a cocaína ou a metanfetamina.

Essa tendência é observada em todos os EUA, embora de formas diferentes devido aos padrões de consumo que diferem de região para região.

Os investigadores encontraram, por exemplo, taxas de mortalidade mais elevadas relacionadas ao consumo de fentanil e cocaína em estados do nordeste dos EUA, como Vermont e Connecticut, onde os estimulantes geralmente são de fácil acesso. Mas em praticamente todos os cantos do país, da Virgínia à Califórnia, as mortes foram causadas principalmente pelo uso de metanfetaminas e fentanil.

Um problema que atravessa classes sociais

A crise dos opioides tem sido tradicionalmente retratada como um “problema dos brancos”, nos EUA.  Contudo, o estudo em questão revelou que os afro-americanos estão morrendo ao combinar fentanil e estimulantes a taxas mais elevadas, em todas as faixas etárias e limites geográficos.

Para Rasheeda Watts-Pearson, especialista em redução de danos e moradora de Ohio, nos EUA, os dados refletem o que é visto na prática. Ela faz um trabalho de divulgação com a A1 Stigma Free, uma organização fundada há apenas oito meses para combater um aumento notável de mortes por overdose na comunidade afro-americana de Cincinnati.

Ela considera que há falta de conscientização sobre o tema, motivada em parte pelas disparidades históricas de saúde vivenciadas por grupos raciais e étnicos.

Mesmo as campanhas de marketing feitas para conscientizar sobre a crise dos opioides não incluem a experiência dos negros americanos, critica ela.

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