Fã de Mussolini e líder de extrema direita: quem é Giorgia Meloni
Meloni se define como “donna, madre e cristiana” (mulher, mãe e cristã). Seu lema “Deus, pátria e família” é conhecido por todos
atualizado
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A terceira maior economia da União Europeia será comandada pela extrema direita. O partido Fratelli d’Italia, ou Irmãos da Itália, liderado por Giorgia Meloni, 45 anos, firmou-se como maior força política nesse domingo (25/9), ao conquistar 26% dos votos. Pela primeira vez desde 1945, um partido que tem origem na tradição neofascista irá governar a Itália.
A chapa dos partidos Irmãos da Itália, de Giorgia Meloni, Liga, de Matteo Salvini, e Força, Itália, de Silvio Berlusconi, deve reunir 43,85% dos votos. Desta forma, a coalizão pode obter a maioria nas duas Casas Legislativas, sem precisar negociar com outras forças.
Giorgia Meloni, que está prestes a se tornar a primeira mulher a governar a Itália, ficou conhecida por sua retórica virulenta. Tem timbre estrondoso e seus discursos atacando lobbies favoráveis a gays, à integração europeia e a imigrantes chamaram a atenção dos eleitores.
Transformou suas contas em redes sociais como mobilizador de massas. Com carisma, ela tenta, porém, levar uma certa leveza ao partido e dar um verniz respeitável a ele. Meloni se define como “donna, madre e cristiana” (mulher, mãe e cristã). Seu lema “Deus, pátria e família”, assim como no Brasil, é conhecido por todos. Admiradora do Benito Amilcare Andrea Mussolini — o Duce (“ele fez muito pelo país”) –, diz agora ter uma “relação serena” com o fascismo. Afastou do partido integrantes radicais e procura relegar os seus laços ao passado.
Em entrevista coletiva na madrugada desta segunda (26/9), noite de domingo no Brasil, Meloni disse que esta é uma “noite de orgulho para o Irmãos da Itália, mas é um ponto de partida, não o fim da linha”. Falou em união e prometeu governar para todos. “Se formos chamados a governar esta nação, governaremos para todos os italianos, para unir as pessoas, exaltando o que nos une em vez do que nos divide. Não vamos trair a confiança de vocês.”
Opositora ao atual governo
Meloni foi a única que se opôs ao governo do economista Mario Draghi durante 18 meses. A gestão do primeiro ministro sofreu um desgaste provocado pela inflação, pela guerra e pelas restrições durante a pandemia. Isso ajuda explicar a ascenção vertiginosa de Meloni.
Meloni cresceu sem o pai. Quando ainda era criança, ele partiu para as Ilhas Canárias. Lá, ela aprendeu espanhol durante as visitas no verão. Após um incêndio que ela e irmã mais velha iniciaram acidentalmente, a matriarca da família começou a escrever romances para sustentar a família, que logo depois se mudou para um bairro de classe trabalhadora e de esquerda de Garbatella, em Roma.
A futura primeira ministra da Itália, quando criança, era acima do peso e introvertida. Fã de livros de fantasia e de Michael Jackson, durante a adolescência, Meloni aprendeu inglês e encontrou o que ela chamou de segunda família na Frente Juvenil do Movimento Social Italiano, de tendência pós-fascista.
Passou a se considerar um “soldado” ao enfrentar guerras ideológicas, muitas vezes violentas e às vezes fatais. Tudo isso em meio a uma Roma onde tudo era politizado.
Em meio ao populismo que varreu a Itália na última década, Meloni adotou tons mais duros, o que acabou conquistando os eleitores.