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Exposição na França permite público completamente nu

Exposição Paraísos naturistas fala sobre lugares onde se pratica o nudismo.Uma vez por mês, público pode vistar exposição sem roupas

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Foto em preto e branco de pernas de homem sem roupas - Metrópoles
1 de 1 Foto em preto e branco de pernas de homem sem roupas - Metrópoles - Foto: Getty Images

“Ah, não! Achei que era uma exposição naturista!”, protestou Daniel, que visitava a exposição Paraísos naturistas, no Mucem de Marselha, na França, ao saber que teria de calçar sapatos para andar pelos corredores do museu e descobrir um “panorama do viver nu e suas variações políticas”.

“Foi o Mucem que pediu (para o público usar sapatos), para evitar farpas”, explica Eric Stefanut, da Federação Francesa de Naturismo (FFN), coanfitrião da inusitada visita guiada que reúne adeptos do naturismo e curiosos.

Após este esclarecimento, todos partem à descoberta de fotografias, desenhos, livros, filmes, revistas, pinturas e esculturas, cedidos, entre outros, pelo Centro Pompidou de Paris, pelo Museu do Louvre ou pela Biblioteca Nacional Suíça de Berna.

“Hoje é meu aniversário e estávamos procurando algo um pouco excepcional para fazer”, diz Julie Guegnolle, 38 anos, enrolada em uma canga, ao lado do marido, Matthieu, 37, totalmente nu. “Não é todo dia que temos a oportunidade de passear nus por um museu. Quando chegamos, ficamos um pouco perdidos, mas não é tão estranho assim”, afirma.

A exposição, que vai até 9 de dezembro, também recebe visitantes vestidos em outros horários e dias.

“Fascinados”

“Estamos em Marselha esta semana. Vimos a exposição no Instagram e queríamos dar uma olhada”, explicam Kieren Parker-Hall, de 28 anos, e Xander Parry, de 30, do sudeste da Inglaterra.

Os dois ficam “fascinados” pelas “fotografias incríveis” como o retrato em preto e branco de Christiane Lecocq – pioneira do naturismo francês, falecida aos 103 anos – em frente ao seu galpão, exibindo seu corpo naturalmente marcado pelos anos.

“Na Inglaterra você não encontra esse tipo de lugar onde as pessoas ficam nuas, faz frio!”, sorri Kieren, desenvolvedor web. “Estar nu na Inglaterra é visto como algo estranho, vergonhoso”, lamenta Xander.

Marselha tem sido “um reduto do naturismo”, explica Bruno Savez, presidente da associação naturista local fundada em 2014 e também coanfitrião da visita. De acordo com ele, no início do século XX, um abade, Urbain Legré, cuidava de crianças que sofriam de tuberculose, as expunha nuas ao sol, com o acordo dos pais e de sua diocese para fazerem exercícios e beberem água. “Foi o que fizemos na Suíça e na Alemanha”, onde o movimento naturista nasceu junto com o movimento higienista no século XIX, explica.

“Estas crianças gostaram tanto desta experiência que criaram as primeiras associações naturistas da França: os Naturistas da Provença em 1930 e os Fisiculturistas Livres da Provença em 1931”, diz Savez.

França atrás da Espanha

Hoje, Marselha e seus arredores dispõem de diversas estruturas dedicadas ao naturismo onde o clima “atrai as pessoas”. No entanto, não existe uma classificação oficial de lugares nudistas no mundo. Por isso, é difícil saber que lugar a França ocupa como destino turístico para este público.

“Estamos um pouco atrás de Espanha, em termos de número de entradas nos centros de férias. Não contabilizamos os naturistas de praia que são muito numerosos, que não vão necessariamente aos centros”, diz Bruno Savez.

O que importa para Christelle Bouyoud, 53 anos, naturista há dez anos, é que “quando você está nu, é muito complicado começar uma guerra ou entrar em desacordo com alguém”.

A fala da naturista é uma homenagem direta à música “Nu”, interpretada pelo cantor francês Philippe Katerine no dia 26 de julho, durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris.

Vestido de Dionísio, com o corpo todo pintado de azul e quase totalmente nu, o cantor proclamou: “Não teria havido guerras se tivéssemos permanecido nus. Vamos viver como nascemos. Nus, simplesmente nus”.

Para ler mais reportagens acesse RFI, parceiro do Metrópoles.

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