O que se sabe sobre explosões de pagers e walkie-talkies do Hezbollah
Entenda o que se sabe, até o momento, sobre a onda de explosões simultâneas de milhares de dispositivos do grupo xiita libanês Hezbollah
atualizado
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O Oriente Médio vive mais uma escalada nas tensões nesta semana, após dispositivos eletrônicos do Hezbollah serem detonados e matar 32 pessoas no Líbano. O grupo xiita acusa Israel pela ação. O governo israelense não assumiu a autoria dos ataques, porém enviou tropas rumo à fronteira libanesa, alegando ser uma “nova fase na guerra”.
Ao todo, 12 pessoas morreram e cerca de 3 mil ficaram feridas após milhares de pagers, pertencentes a membros do Hezbollah, serem detonados simultaneamente, na terça-feira (17/9). Duas crianças estão entre os mortos. O embaixador do Irã em Beirute, Mojtaba Amani, está entre os feridos.
Pelo menos 1,8 mil pessoas foram hospitalizadas e 460 precisaram de cirurgia para ferimentos graves, segundo a agência nacional de notícias do Líbano. Hospitais em todo o país ficaram sobrecarregados. Um hospital de campanha foi montado na cidade de Tiro, no sul, para receber os feridos.
Já na tarde de quarta-feira (18/9), uma nova onda de explosões, dessa vez em walkie-talkies usados pelo Hezbollah, ocorreram em várias cidades do Líbano. Vinte pessoas morreram e mais de 400 ficaram feridas, informou o Ministério da Saúde do Líbano. Um dos walkie-talkies explodiu durante o funeral de um integrante do Hezbollah, morto na terça-feira (17/9), durante os ataques de pagers. Veja:
No vídeo, uma explosão ocorre no corpo de um membro do Hezbollah que participava da cerimônia, jogando-o no chão e fazendo a multidão ao redor dele correr.
Mais de 30 ambulâncias foram enviadas para atender ocorrências de “múltiplas explosões” no sul e leste do Líbano, de acordo com a Cruz Vermelha Libanesa. Ao menos 50 ambulâncias adicionais foram colocadas em alerta para dar suporte às operações de resgate e evacuação.
Além disso, vários sistemas de energia solar, instalados em casas de pessoas em todo o Líbano, explodiram, de acordo com a agência nacional de notícias do Líbano. Pelo menos uma pessoa ficou ferida: uma menina na cidade de al-Zahrani, no sul do Líbano.
Fotos de painéis solares explodidos, leitores de impressão digital e outros dispositivos circularam pelas mídias sociais, embora não estivesse claro se eles explodiram sozinhos ou se estavam simplesmente perto de walkie-talkies.
Como os dispositivos explodiram?
Até três gramas de explosivos foram implantadas dentro de cada pager, em um lote de 5 mil aparelhos encomendados pelo Hezbollah para seus membros, de acordo com uma fonte sênior de segurança libanesa citada pelo The Guardian. Os serviços de inteligência de Israel, popularmente conhecido como Mossad, foram os responsáveis, disse a fonte.
“O Mossad injetou uma placa, dentro do dispositivo, que tem material explosivo e que recebe um código. É muito difícil detectá-lo por qualquer meio, mesmo com qualquer dispositivo ou scanner”, afirmou a fonte. Cerca de 3 mil dos pagers explodiram quando uma mensagem codificada foi enviada a eles, o que ativou, simultaneamente, os explosivos.
O material explosivo foi, supostamente, escondido em cada pager, próximo à bateria, junto com um interruptor que poderia detonar remotamente o dispositivo. De acordo com o New York Times, os dispositivos receberam uma mensagem às 15h30, no horário local, que parecia ter vindo da liderança do grupo.
Acredita-se que foi essa mensagem que ativou os explosivos. Vários vídeos das explosões que estão circulando na internet parecem mostrar vítimas verificando seus pagers segundos antes de explodirem.
De onde vieram os dispositivos?
Os pagers encomendados pelo Hezbollah são comercializados pela empresa Gold Apollo, sediada em Taiwan. Foram esses novos dispositivos que explodiram.
O fundador da empresa tailandesa, Hsu Ching-Kuang, disse a repórteres, nesta quarta-feira (18/9), que os pagers usados no ataque não foram fabricados pela Gold Apollo, mas pela BAC Consulting, uma empresa sediada na Hungria que tinha o direito de usar a marca da empresa tailandesa.
Entretanto, Cristiana Bársony-Arcidiacono, presidente-executiva da BAC, disse à rede NBC que a empresa é apenas uma intermediária. “Eu não faço os pagers. Acho que vocês entenderam errado.”