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Ex-secretária nazista é acusada de cumplicidade em 10 mil mortes

Acusada trabalhou como secretária do comandante do campo de concentração de Stutthof entre 1943 e 1945, quando ainda era menor de idade

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Promotores alemães anunciaram nesta sexta-feira (05/02) que acusaram formalmente uma ex-secretária de um campo de concentração nazista de cumplicidade no assassinato de 10 mil pessoas. Esse é o primeiro caso criminal contra uma funcionária de um campo nazista nos últimos anos.

Os promotores afirmaram que a mulher – que não foi identificada por nome – trabalhou no campo de concentração de Stutthof, nas proximidades da antiga Danzig (atualmente Gdansk).

“Ela é acusada de ter auxiliado os responsáveis do campo no assassinato sistemático de judeus, poloneses e prisioneiros de guerra soviéticos russos em sua função de estenógrafa e secretária do comandante do campo”, disseram os promotores em comunicado.

A acusada exerceu a atividade de secretária em Stutthof entre junho de 1943 e abril de 1945, época em que era menor de idade. Devido à sua idade na época, ela será julgada por um tribunal juvenil.

Além da acusação por “auxílio e cumplicidade em homicídio em mais de 10 mil casos”, os promotores da cidade alemã de Itzehoe, no estado de Schleswig-Holstein, no extremo norte da Alemanha, também apresentaram uma denúncia contra a ex-secretária por cumplicidade em tentativa de homicídio.

Inicialmente destinado a prisioneiros políticos poloneses, o campo de concentração de Stutthof foi o primeiro a ser construído fora da Alemanha, no ano de 1939. No final da Segunda Guerra, o campo abrigava cerca de 115 mil deportados, muitos deles judeus, e 65 mil pessoas morreram no local.

Veredicto de 2011 abriu precedente

A Alemanha tem corrido contra o tempo para levar à Justiça sobreviventes do aparato nazista após o veredicto de 2011 contra o ex-guarda John Demjanjuk, cuja condenação baseada em seu papel no maquinário assassino da era nazista determinou um precedente legal inédito para casos futuros.

Ao contrário do que ocorria nas últimas décadas, não é mais necessário na Alemanha que os promotores tenham de provar o envolvimento direto em assassinatos individuais de forma a obter a condenação por crimes de guerra nazistas. As acusações também podem ser feitas a pessoas que são consideradas cúmplices.

Entre os que enfrentaram tardiamente a Justiça alemã estavam Oskar Gröning, conhecido como “o contador de Auschwitz”, e Reinhold Hanning, um ex-guarda da SS – organização paramilitar do regime nazista –, que atuou no mesmo campo de concentração. Ambos foram condenados por cumplicidade em homicídios em massa aos 94 anos, mas morreram antes de iniciarem o cumprimento da pena.

Em um caso mais recente, o também ex-guarda da SS Bruno Dey foi considerado culpado aos 93 anose recebeu uma pena suspensa de dois anos de prisão – ou seja, não precisará ir para uma penitenciária. Durante o julgamento, ele pediu desculpas pelo Holocausto. Dey serviu também no campo de Stutthof.

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