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Os Estados Unidos afirmaram nesta quarta-feira (20/11) que vão fornecer minas terrestres a Kiev. A medida provocou reação de Moscou e protestos de organizações não governamentais (ONGs) que se opõem à utilização dessas armas, capazes de provocar muitos feridos.
Mais cedo, as sirenes de alerta soaram na capital ucraniana e em outras regiões do país, e a embaixada norte-americana fechou as portas, após anúncio sobre um potencial ataque de mísseis russos em grande escala.
Outras sedes diplomáticas também suspenderam as atividades em Kiev. A Direção Geral de Inteligência Ucraniana denunciou o que seria um aviso falso, supostamente emanado dos serviços de inteligência militar ucraniana, o que Kiev considera como parte de um “ataque psicológico massivo” e de desinformação por parte da Rússia.
“Uma mensagem circula através de mensagens e redes sociais (…) sobre a ameaça de um ataque com mísseis e bombas ‘particularmente massivas’ em cidades ucranianas hoje”, informou o órgão das Forças Armadas ucranianas, em um comunicado. “Esta mensagem é falsa, contém erros de gramática típicos de operações desinformação russas.”
Reforçar a defesa ucraniana
Quanto ao fornecimento de minas terrestres, os Estados Unidos alegam que tomaram esta decisão devido ao avanço rápido do Exército russo no leste da Ucrânia.
Nesta quarta, a Rússia reivindicou a captura de uma nova localidade perto de Kourakhove, na região de Donestk, onde o Exército ucraniano está em retirada há meses.
Após os primeiros disparos de mísseis americanos ATACMS de longo alcance, os Estados Unidos tentam agora reforçar a defesa ucraniana, diretamente no terreno. Washington entregará as chamadas minas antipessoais “não persistentes”, o que significa que elas podem se autodestruir ou serem desativadas, o que não tranquiliza as organizações antiminas.
Preocupação das ONGs
“Isso não muda nada! Isto simplesmente não é aceitável, uma vez que estes mecanismos não são 100% fiáveis quando implementados. Estas minas ainda podem representar um perigo para os civis, mas também para os soldados. A utilização destas minas terrestres também é extremamente perigosa e muito cara. Podem dizer que estas minas são ‘inteligentes’ ou que se autodestroem, mas isso não as torna menos perigosas para a população civil”, reagiu Alma Taslidzan, da ONG Handicap International, à RFI.
Moscou reagiu acusando os americanos de quererem prolongar a guerra, armando ainda mais os ucranianos. A Rússia acusa os Estados Unidos de fazerem tudo para “prolongar a guerra” na Ucrânia, com o fornecimento contínuo de armas ao Exército de Kiev. Esta reação do porta-voz do Kremlin aconteceu pouco depois de o governo americano anunciar o envio de “minas terrestres, equipadas com dispositivos de autodestruição ou auto desativação” para fortalecer a defesa ucraniana contra o avanço das tropas russas no leste do país.
A organização antiminas ICBL — vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 1997 — também condenou a decisão americana, avaliada como “desastrosa” e pediu à Ucrânia para não usar este tipo de arma.
A Ucrânia utilizou minas terrestres, mas isso não impediu o Exército russo de invadir parte do território há quase três anos. Acima de tudo, são os civis que continuam a ser as primeiras vítimas. Minas e explosivos de guerra mataram ou feriram pelo menos 5,7 mil pessoas no ano passado, segundo o Landmine Monitor, 84% delas eram civis.
Putin promete retaliação
Na terça-feira (19/11), o presidente russo, Vladimir Putin, prometeu retaliar o bombardeio ucraniano na região fronteiriça de Briansk, no qual Kiev usou pela primeira vez mísseis americanos de longo alcance, capazes de atingir um alvo a 300 km de distância. Putin assinou um decreto para facilitar o uso de armas nucleares, se necessário.
Nesta manhã, a Rússia informou ter abatido nas últimas horas 50 drones ucranianos que visaram alvos em várias regiões russas, sem causar vítimas.
Para manter a pressão sobre os aliados europeus, a Rússia informou que deteve um cidadão alemão, acusado de sabotagem em locais de infraestruturas energéticas na Rússia. O homem de 67 anos foi detido na região de Kaliningrado, segundo o Serviço de Segurança Russo. Moscou alega que ele “esteve envolvido na explosão de uma estação de distribuição de gás” em Kaliningrado, ocorrida em março.
Em uma entrevista ao canal americano Fox News, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que seu país “perderá” a guerra, se os Estados Unidos cortarem o financiamento militar a Kiev, a partir da posse do novo presidente Donald Trump, em janeiro.
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