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EUA: Trump oferece Exército para conter protestos violentos em Minneapolis

Protestos começaram após um policial branco matar o segurança George Floyd

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Manifestantes entram em conflito com a polícia durante uma manifestação contra a morte de George Floyd em Minneapolis
1 de 1 Manifestantes entram em conflito com a polícia durante uma manifestação contra a morte de George Floyd em Minneapolis - Foto: Jordan Strowder/Anadolu Agency via Getty Images

Milhares de agentes adicionais da Guarda Nacional foram enviados a Minneapolis, no Estado de Minnesota, e tropas do Exército estavam de prontidão diante da perspectiva de mais uma noite de violentos protestos na cidade por causa da morte de George Floyd, um homem negro de 46 anos, por um policial branco na segunda-feira durante uma abordagem. Protestos também estavam programados em outras cidades do país.

A decisão do governador de Minnesota, Tim Walz, de convocar todos os agentes da Guarda Nacional do Estado, mais de 13.200, foi tomada em meio ao aumento da violência e depois de os manifestantes desafiarem o toque de recolher na sexta-feira e incendiarem mais construções, entre eles um banco, um restaurante e um posto de gasolina.

O presidente Donald Trump, que ofereceu soldados e agentes de inteligência para pôr fim aos protestos, disse que as autoridades em Minnesota têm de ser mais duras com os manifestantes. Trump tem realizado consultas às lideranças de Segurança, entre elas o secretário de Defesa Mark Esper, desde que a morte de Floyd levou a protestos em diferentes cidades dos EUA.

Nem a prisão e a acusação formal do policial pela morte de Floyd conseguiram conter os ânimos. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, o policial Derek Chauvin aparece em um vídeo ajoelhando sobre o pescoço de Floyd durante oito minutos, enquanto Floyd grita: “Não consigo respirar!”, até perder a consciência.

Segundo a CNN americana, protestos foram registrados em ao menos 30 cidades. Entre elas, Nova York, Washington, Oakland, Houston, Atlanta, Kansas, Detroit, Las Vegas, Denver, San José e Memphis, Boston, Phoenix, Fort Wayne, Lincoln, Milwaukee e Chicago.

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Repórter da CNN americana foi preso durante protesto que cobria
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Protestos pela morte de George Floyd nos EUA

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Os atos violentos deixaram duas pessoas mortas entre sexta-feira e a madrugada de sábado – um homem, de 19 anos, em Detroit e um policial em Oakland. Durante confrontos em diversas cidades, manifestantes foram presos e policiais ficaram feridos. Na noite de sexta-feira também foi realiza uma manifestação em frente à Casa Branca, onde estava o presidente. Algumas dezenas de agentes do serviço secreto ergueram barricadas.

Os protestos descentralizados não são apenas por Floyd, mas pela perpetuação nos EUA de uma política de segurança que continua a mirar os negros, a despeito de revoltas semelhantes como a de 1992, quando manifestações violentas tomaram as ruas de Los Angeles após um júri composto majoritariamente por brancos absolver quatro policiais, também brancos, acusados de uso excessivo de força contra o motorista negro Rodney King.

‘Black Lives Matter’

Em 2013, quando o vigia que matou Trayvon Martin, de 17 anos, na Flórida, foi inocentado por um júri, a americana Alicia Garza publicou em seu perfil de Facebook a frase “nossas vidas importam”. Uma amiga chamada Patrisse Khan-Cullors emplacou a hashtag #BlackLivesMatter e Opal Tometi ajudou a criar a partir dali uma plataforma online para o que se tornaria um movimento. “É uma tristeza profunda. Desgosto atrás de desgosto. Pensei na família dele e na dor insuperável que devem estar sentindo agora Todos nós estamos sofrendo junto”, disse Patrisse em entrevista ao Estadão, ao falar sobre a morte de Floyd.

A frase “Black Lives Matter” está em camisetas, placas e gritos dos manifestantes que foram às ruas do país na última semana. Mas o movimento não foi responsável por convocar os protestos, que têm brotado de forma orgânica nas cidades. Patrisse acredita que a frase se tornou “uma oração” atual quando o movimento foi criado e também nos dias de hoje, o que faz com que seja um mote de pessoas comuns, sem ligação com o grupo.

“O poder do ‘Black Lives Matter’ está na maneira pela qual reuniu a diáspora africana. Essas três palavras foram uma declaração e, de verdade, uma oração para todos nós que estávamos de luto. Essas palavras continuarão com esse significado até que o racismo, o patriarcado e o capitalismo sejam desmontados e consigamos construir algo centrado no nosso bem estar. É uma verdade agora, como era há 7 anos quando começamos”, afirma a estrategista política, cofundadora do “Black Lives Matter” e fundadora do “Reform LA Jails”, pela reforma do sistema criminal.

Criado oficialmente em 2013, o Black Lives Matter ganhou impulso em 2014 quando Eric Garner, também negro, avisou 11 vezes a um policial em Nova York: “eu não consigo respirar”. A súplica para que o agente soltasse seu pescoço foi em vão. Garner morreu por estrangulamento.

Na segunda-feira, Floyd fez o mesmo apelo quando, algemado, teve seu pescoço prensado contra o chão por um policial. Em todos os casos, os responsáveis pelo crime justificaram a violência como um incidente gerado após abordagem policial de suspeito. O vídeo de Floyd sendo asfixiado foi gravado por uma testemunha do crime e viralizou na internet.

Patrisse não quis dizer se os Estados Unidos avançaram ou não no combate ao racismo policial desde que ajudou a fundar o movimento, há sete anos, mas aposta que momento atual pode ser histórico, com a mobilização sobre Floyd e uma crise de saúde e econômica que traz à tona desigualdades em razão de raça. “Estamos testemunhando uma oportunidade de expor como e por que as instituições de polícia e encarceramento que temos falharam, e precisamos conversar seriamente sobre isso. Temos de falar sobre o fato de que investimos quase US$ 100 bilhões em policiamento, mas depois dizemos não ter verba para uma saúde universal neste país, em meio a uma pandemia”, afirma.

A pandemia expôs questões estruturais que tornam a população negra mais vulnerável à covid-19, como o trabalho em funções consideradas atividades essenciais, que não permitem isolamento, e a falta de plano de saúde, o que também aumenta a incidência de doenças crônicas.

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