EUA têm 500 brasileiros presos por imigração ilegal
A crise econômica no Brasil levou ao aumento do número de brasileiros na tentativa de entrar ou permanecer nos EUA de maneira irregular
atualizado
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Quinhentos brasileiros estão em prisões dos EUA sob acusação de violar as leis de imigração do país. Destes, 207 já têm contra si ordens de deportação, de acordo com informações fornecidas pelo Departamento de Segurança Interna. Os demais aguardam o julgamento final, que muitos tentam adiar com a apresentação de recursos e pedidos de libertação sob fiança.
A população carcerária brasileira tem um perfil nos Estados Unidos distinto do registrado nos demais países. Fora dos EUA, a principal razão para o encarceramento de brasileiros é o tráfico de drogas, correspondente a, em média, 40% das detenções. Em solo americano, as violações são relacionadas à imigração e lideram a lista, disse a embaixadora Luiza Lopes, diretora do Departamento Consular de Brasileiros no Exterior do Itamaraty.
O levantamento do Itamaraty não permite comparar o peso das questões migratórias na prisão de brasileiros nos EUA nos anos anteriores. Esse tipo de detenção, observa a embaixadora, costuma durar pouco tempo e a maioria não permanece atrás das grades por um ano.
A crise econômica no Brasil levou ao aumento do número de brasileiros na tentativa de entrar ou permanecer nos EUA de maneira irregular. Quem não consegue visto de turista arrisca a vida cruzando a fronteira com o México. Muitos deles levam filhos, como ficou evidenciado na crise de separações de famílias provocada pela política de “tolerância zero” do governo Donald Trump.
Desde o começo de maio, quando a prática foi implementada, pelo menos 49 crianças brasileiras foram separadas dos pais na fronteira com o México e colocadas em abrigos para menores nos EUA. A mais nova delas tem 5 anos.
O presidente americano determinou o fim da separação familiar na quarta-feira (20/6), mas afirmou manter a política de “tolerância zero”, pela qual todos os imigrantes que entram de maneira irregular no país são processados criminalmente – e não apenas objeto de procedimento de deportação.
Não está claro qual será o destino das 2.300 crianças atualmente separadas de suas famílias desde maio, entre elas os 49 brasileiros. Em reunião com seu gabinete ontem, Trump determinou a união entre elas e seus parentes, mas o governo ainda não definiu como isso ocorrerá.
O aumento no número de brasileiros cruzando a fronteira de maneira irregular se refletiu nas estatísticas de deportação dos EUA. Depois de cair entre 2013 e 2015, o total de cidadãos brasileiros”removidos” do país pelas autoridades migratórias cresceu de maneira constante. De 744, passou para 1.095, em 2016. No ano seguinte, registrou outro salto, para 1.413.
A estatística colocou o Brasil no sétimo lugar dos países com maior número de deportações, mas o patamar é muito inferior ao do México e de países da América Central. No total, 226,2 mil estrangeiros foram expulsos dos EUA em 2017.
Ao anunciar o fim da política de separação, Trump afirmou que o Congresso terá de fazer sua parte e aprovar legislação tratand do sistema migratório de maneira abrangente. O presidente quer recursos para construção do muro na fronteira com o México e redução dos casos nos quais imigrantes podem entrar nos EUA de maneira legal. A oposição democrata rejeita a ideia.
Na quinta-feira (21/6), a Câmara dos Deputados rejeitou por 231 a 193 votos um projeto da extrema direita do Partido Republicano que restringia de maneira radical a entrada de estrangeiros no país. Os deputados tentarão agora votar uma proposta mais moderada, construída por integrantes das duas legendas.
O Partido Republicano está dividido em relação ao tema e não está claro se conseguirá aprovar a proposta, apesar de ter maioria nas duas Casas do Congresso.
Com Obama, 100 crianças do Brasil estiveram detidas
As razões foram distintas, mas crianças brasileiras enfrentaram uma crise de separação de seus parentes ao entrar nos EUA a partir do México em 2016, durante o governo Barack Obama. No primeiro semestre daquele ano, cerca de 100 menores foram enviados a abrigos nos EUA, número superior aos 49 passando pela mesma situação agora.
A diferença é que os casos anteriores foram espalhados em um período mais longo de tempo, enquanto os recentes se concentraram em pouco mais de um mês. Só em maio, 26 menores brasileiros foram separados de suas famílias e enviados a abrigos, segundo dados fornecidos pela embaixadora Luiza Lopes, diretora do Departamento Consular de Brasileiros no Exterior do Itamaraty. Outros 23 casos foram registrados desde o início do mês.
Com a “tolerância zero”, todos os que cruzam a fronteira de forma ilegal passaram a ser processados criminalmente sob acusação de violar as leis de imigração dos EUA. Antes, eles eram alvo de processos de deportação. Os que estavam com crianças e conseguiam comprovar a paternidade ou maternidade, além de afastar qualquer suspeita de maus-tratos, costumavam ser libertados com os filhos. Soltos, eles respondiam o processo em liberdade.
Muitos não retornavam para audiências e desapareciam do radar das autoridades. Agora, há vários casos de pessoas sem antecedentes criminais sendo deportadas por ordens emitidas há anos nesses processos.