EUA sobre ataque a usina nuclear: “Reino de terror deu passo à frente”
A diplomacia americana condenou o ataque russo à maior usina nuclear da Europa. A central foi cercada, bombardeada e pegou fogo na madrugada
atualizado
Compartilhar notícia
A diplomacia americana condenou o ataque russo à maior usina nuclear da Europa, na cidade de Zaporizhzhia, na Ucrânia. A central foi cercada, bombardeada e pegou fogo na madrugada de sexta-feira (4/3).
Nesta sexta-feira (4/3), a Embaixada dos Estados Unidos em Kiev, capital ucraniana, publicou uma reprimenda no perfil oficial do órgão no Twitter.
“É um crime de guerra atacar uma usina nuclear”, inicia o texto. A mensagem ressalta: “Putin bombardeando a maior usina nuclear da Europa mostra que seu reino de terror deu um passo à frente”.
A usina foi alvo de intenso bombardeio russo. A central nuclear fica em Zaporizhzhia, na Ucrânia. Uma explosão poderia causar uma tragédia 10 vezes maior que o acidente em Chernobyl, em 1986 – até então, a maior catástrofe do tipo –, segundo alertou o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba.
O incêndio, segundo o governo ucraniano, atingiu um prédio usado para treinamento, mas não foi identificada qualquer alteração nos níveis de radiação, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou o mandatário russo, Vladimir Putin, de “querer repetir Chernobyl”.
Em pronunciamento gravado, Zelensky afirmou que Putin usa “o terror nuclear” para causar pânico. O vídeo foi divulgado após um ataque russo desencadear um incêndio na central.
“Alertamos o mundo inteiro para o fato de que nenhum outro país, exceto a Rússia, disparou contra usinas nucleares. Esta é a primeira vez em nossa história, a primeira vez na história da humanidade. Esse estado terrorista está agora recorrendo ao terror nuclear”, criticou Zelensky na gravação de quinta-feira (3/3).
Dmytro Kuleba divulgou um aviso chamando a atenção para o risco de comprometimento do resfriamento dos reatores e pediu imediato cessar-fogo para evitar uma tragédia ainda maior.
“O Exército russo está atirando de todos os lados contra a central. Os russos devem cessar imediatamente o ataque, permitir [a entrada dos] bombeiros e estabelecer uma zona de segurança”, escreveu.
Veja:
Russian army is firing from all sides upon Zaporizhzhia NPP, the largest nuclear power plant in Europe. Fire has already broke out. If it blows up, it will be 10 times larger than Chornobyl! Russians must IMMEDIATELY cease the fire, allow firefighters, establish a security zone!
— Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) March 4, 2022
A Casa Branca informou, por voltas das 23h35 desta quinta-feira, pelo horário de Brasília, que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversou com o mandatário ucraniano, Volodymyr, Zelensky, sobre o incêndio na usina nuclear. Biden defendeu um cessar-fogo para evitar tragédia com radiação.
Maior incidente na história, o desastre de Chernobyl ocorreu em abril de 1986, ainda na extinta União Soviética. Um reator explodiu após uma falha num teste de segurança. Ao todo, 30 vítimas morreram na hora, e outras pessoas nos anos seguintes. Depois, o governo criou uma zona de exclusão de 4 mil quilômetros na região.
O Serviço de Emergência da Ucrânia informou que o incêndio na usina de Zaporizhzhia começou em um prédio próximo. O local serve de apoio aos funcionários. O fogo teria se alastrado para o perímetro da central nuclear.
A Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, na sigla em inglês) monitora o incêndio com preocupação e classificou o risco de explosão como “grave situação”.
Níveis de radiação
Em entrevista a uma TV ucraniana, o diretor da usina nuclear de Zaporizhia disse que os níveis de radiação do local estão controlados e dentro dos limites. Andrey Tuz, porta-voz da usina atingida, informou que o bombardeio parou, por enquanto, mas a situação é extremamente incerta. “Eles bombardearam tudo o que podiam, incluindo blocos e tudo mais”, afirmou.
A agência de notícias russa RIA nega que a radiação tenha aumentado. Segundo o órgão, a situação é de normalidade no local.
A usina de Zaporizhzhia foi cercada na quarta-feira (2/3). Tropas russas ocuparam o local e tomaram o controle da central nuclear.
O assessor do Ministério do Interior da Ucrânia, Anton Herashchenko, durante a tarde de quinta (3/3) pelo horário de Brasília, alertou que a segurança da usina estava comprometida.
Ataques
As tropas russas estão avançando de forma vertiginosa no território ucraniano. Os balanços apresentados pelos dois países dão dimensão de como as cidades estão sendo invadidas e bombardeadas pelos militares.
Em apenas um dia, as cidades sitiadas por tropas da Rússia subiram de 16 para 26. Os soldados de Vladimir Putin miram províncias estratégicas e alvos que, se destruídos, causam grande impacto. Civis são alvo das tropas e tentam impedir a aproximação dos soldados com barricadas, como em Lviv.
A Ucrânia vive o oitavo dia de bombardeios. Um nova tentativa de cessar-fogo nessa quinta fracassou. Representantes russos e ucranianos se reunirão pela terceira vez nesta sexta-feira (4/3).