EUA podem ter 60 mil mortes por Covid-19 após feriado
Feriado prolongado de Ação de Graças começou na quinta-feira (26/11). Mais de 265.900 pessoas morreram no país desde o início da pandemia
atualizado
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Longas filas para testes de Covid-19 e resultados atrasados pela sobrecarga do sistema, em Washington (EUA), acenderam o alerta para o risco que representa o feriado prolongado de Ação de Graças, que começou na quinta-feira (26/11).
Autoridades temem que a tradicional reunião familiar provoque uma nova explosão de casos. Esta semana, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) estimou que até 60 mil pessoas poderiam morrer em decorrência do contágio neste período.
O número de mortes diárias, segundo o CDC, deve dobrar nos próximos dez dias, prolongando a sensação de perda e de isolamento em uma temporada passada ao lado da família e dos amigos. Na sexta-feira, os EUA ultrapassaram a marca de 13 milhões de casos — foi o 25º dia seguido que o país registrou mais de 100 mil casos em 24 horas.
Anthony Fauci, imunologista-chefe dos EUA e um dos maiores especialistas em doenças infecciosas do governo federal, reconheceu a probabilidade de agravamento da pandemia. “Podemos ver uma onda se sobrepondo àquela em que já estamos”, disse ele em um programa da rede de TV americana NBC.
Só em novembro, o número total de casos de coronavírus nos EUA ultrapassou 4,1 milhões, com mais de 25.500 mortes. Nas últimas duas semanas, os casos de Covid-19 aumentaram 12%, as mortes em 29% e as hospitalizações em 38%. Desde o início da pandemia, mais de 13,3 milhões de americanos foram infectados e mais de 265.900 morreram.
“Não é tarde demais para desacelerar esse aumento”, disse Fauci, pedindo para que os americanos usem máscara e mantenham o distanciamento físico. Caso contrário, disse ele, haverá necessidade de novos lockdowns. “Se pudermos nos manter juntos como um país e fazer esse tipo de coisa para conter essas ondas até obtermos uma proporção substancial da população vacinada, poderemos superar isso”, disse ele.
A infectologista Deborah Birx, coordenadora de resposta ao coronavírus da Casa Branca, exortou os americanos a assumir a responsabilidade de “proteger a si mesmos e suas famílias”, mesmo em Estados e cidades onde as autoridades não tenham exigido tais medidas. Em um programa da NBC, Birx pediu para que mesmo os que são céticos em relação às medidas para limitar a propagação do vírus “devem presumir que foram expostos e infectados e realmente precisam fazer o teste na próxima semana”
Aumento de casos
Depois de uma desaceleração na contaminação, no início do semestre, o país voltou a conviver com o aumento do contágio. Um novo crescimento já era esperado para o fim do ano, com a menor cautela por parte da população após meses de restrições e com o início do inverno, que faz com que as atividades antes feitas ao ar livre passem para ambientes fechados, o que aumenta o risco de contaminação.
Durante a semana, autoridades de saúde pediram às pessoas que evitassem deslocamentos em aviões, trens e ônibus, e mantivessem as comemorações do Dia de Ação de Graças restritas às pessoas que moram na mesma casa. Mas, no fim de semana que antecedeu o feriado, mais de 3 milhões de passageiros passaram pelo TSA, o controle dos aeroportos americanos.
O Dia de Ação de Graças é considerado o principal feriado americano, com importância maior do que o Natal e o ano-novo. É a data na qual universitários que vivem em outros Estados voltam para suas cidades para se reunir com a família, o que deixa em estado de atenção as autoridades de saúde, com receio de que jovens sejam agentes de transmissão da Covid-19 para parentes idosos, parte do grupo mais vulnerável.
Hospitais em Estados como Wisconsin, Flórida, Novo México e Minnesota informaram que estão sobrecarregados, sem profissionais disponíveis para atender à demanda crescente. Há 90 mil americanos hospitalizados com covid-19, um recorde, e mais de 260 mil mortes por coronavírus.