EUA pode usar meios que não a diplomacia, diz chanceler sobre a Rússia
A fala mais agressiva ocorre no momento que os Estados Unidos isolam a Rússia do mercado global de petróleo
atualizado
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O secretário de Estado americano, Antony Blinken, advertiu, sem detalhar, que os Estados Unidos podem usar outros meios que não a diplomacia, caso a Rússia não interrompa os bombardeios contra a Ucrânia.
As declarações do chefe da diplomacia norte-americana foram dadas em meio a visitas a Lituânia, Letônia e Estônia por causa da guerra.
Blinken disse que o país está “preparado” se a diplomacia não funcionar. “Estamos agindo sobre isso em nosso apoio à Ucrânia para garantir que exercemos pressão máxima sobre Putin [presidente russo, Vladimir Putin] para acabar com a guerra. Estamos preparados para isso em termos de garantir que nossa aliança seja forte e preparada para defender cada centímetro do território da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte]”, resumiu.
A fala mais agressiva ocorre no momento que os Estados Unidos isolam a Rússia do mercado global de petróleo.
O governo russo ameaçou parar de vender gás à Europa se tiver petróleo boicotado no mercado internacional. Líder na produção mundial, a Rússia enfrenta sanções econômicas de países do Ocidente, como uma tentativa de frear a guerra na Ucrânia. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que deve proibir as importações do produto da Rússia ainda nesta terça-feira (8/3).
O vice-primeiro-ministro russo, Alexander Novak, chegou a afirmar que essa sanção mundial poderia fazer com que o preço do barril chegasse a US$ 300. Por volta das 11h de hoje, o petróleo Brent atingiu o preço de US$ 128,90.
Assim, o Kremlin, sede do governo russo, disse que pode fechar o principal duto de gás do país, até a Alemanha, se os países do Ocidente proibirem a compra de petróleo russo.
Cerca de 40% do gás e de 30% do petróleo consumidos na União Europeia são de origem russa, segundo a BBC. A Rússia é o maior exportador de óleo e gás natural do mundo.
Os Estados Unidos estudam comprar o produto da Venezuela, do Irã e da Arábia Saudita, com o objetivo de isolar o presidente Vladimir Putin. Segundo a agência internacional de notícias Bloomberg, o mandatário norte-americano, Joe Biden, já está decidido a proibir a compra do petróleo russo.
Nenhum conflito armado tem efeitos restritos ao front. Quando o assunto é economia, o mundo assiste à disparada do preço do petróleo e se preocupa.
“Consequências catastróficas”
Uma rejeição do óleo russo pode levar a consequências catastróficas para o mercado global, disse o vice-primeiro-ministro russo, Alexander Novak. Segundo ele, o preço do barril poderia mais do que dobrar e chegar a US$ 300.
Apesar da tensão no mercado, o secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Mohammad Sanusi Barkindo, admite que a entidade precisa ajudar todos os países parceiros, mas avalia que a ameaça russa vai “evaporar” pelo mercado.
O governo ucraniano confirmou que civis já fogem de duas cidades. Eles usam os corredores verdes, que são rotas humanitárias nas quais não há bombardeios.
Nesta terça-feira (8/3), em pronunciamento gravado, o presidente ucraniano, Volodymyr Zenlensky, reafirmou que está em Kiev, capital e coração do poder, e passou uma mensagem de esperança.
A saída de civis pelos corredores humanitários começou pelas cidades de Sumy e Irpin. As primeiras fugas ocorreram por vota das 4h30, pelo horário de Brasília. “Mais de 150 pessoas foram retiradas, e as evacuações continuam acontecendo”, disse Oleksiy Kuleba, governador de Kiev.
Segundo o Ministério de Defesa da Rússia, nesta terça-feira foram abertos corredores humanitários para que os moradores de Kiev, Kharkiv, Mariupol, Chernigov e Sumy pudessem sair com segurança das cidades.
Zelensky gravou pronunciamento nas ruas de Kiev, em frente a barricadas. “A primavera é parecida com a guerra. A primavera é dura, mas vai ficar tudo bem. Vamos vencer”, frisou.
Onda de refugiados
O bombardeio russo começou em 24 de fevereiro. O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) informou que o número de refugiados da Ucrânia chegou a 2 milhões.
Filippo Grandi, o líder da Acnur, visitou países que têm recebido ucranianos, como a Polônia, a Romênia e a Moldávia.
“Em outras regiões do mundo, sim, observamos este cenário, mas na Europa é a primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial”, afirmou.