EUA nega moção de culpa a Israel por mortes na fila de comida em Gaza
Apesar disso, os EUA pediram uma investigação mais profunda, assim como a França e o secretário-geral da ONU
atualizado
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Nações árabes no Conselho de Segurança da ONU tentaram fazer com que o órgão declarasse moção de culpa contra Israel pelas mortes de palestinos em uma fila de comida na Faixa de Gaza, mas os Estados Unidos (EUA) bloquearam a iniciativa.
Na quinta-feira (29/2), pelo menos 112 pessoas morreram na Cidade de Gaza enquanto esperavam ajuda humanitária vinda em um comboio. Autoridades palestinas e o Hamas afirmam que soldados israelenses abriram fogo contra a população, enquanto Israel garante que a maioria morreu pisoteada durante uma confusão.
Riyad Mansour, embaixador palestino na ONU, contou que 14 dos 15 membros do conselho apoiaram a declaração apresentada pela Argélia, o representante árabe no órgão. O documento expressava “profunda preocupação” com o fato e coloca as forças israelenses como responsáveis pela “abertura de fogo” contra os palestinos.
Os Estados Unidos não apoiaram a declaração e, como têm poder de veto, bloquearam a iniciativa. Robert Wood, vice-embaixador no órgão se explicou.
“As partes trabalham numa linguagem para ver se conseguimos chegar a uma declaração. O problema é que não temos todos os fatos aqui”, disse, destacando que ainda são necessárias mais investigações para se chegar a um culpado. Mesmo assim, a Casa Branca classificou as mortes como “tremendamente alarmantes”.
O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, adiantou que estavam “buscando urgentemente informações adicionais sobre exatamente o que aconteceu” e que o país “pressionará por respostas”.
O presidente Joe Biden, por sua vez, afirmou que a situação complicaria as delicadas negociações de cessar-fogo na guerra.
Além dos EUA, mais pedidos de investigação
Na França, o presidente Emmanuel Macron não mediu palavras para descrever a situação como “terrível” e pedir um cessar-fogo imediato.
“Profunda indignação com as imagens vindas de Gaza, onde civis foram alvo de soldados israelenses. Expresso a minha mais veemente condenação desses tiroteios e apelo à verdade, à justiça e ao respeito pelo direito internacional”, escreveu ele no X.
Stéphane Séjourné, ministro da Europa e dos Negócios Estrangeiros da França, seguiu o conselho do chefe e pediu uma “investigação independente” das mortes.
“A França chama as coisas pelo nome. Isto aplica-se quando designamos o Hamas como um grupo terrorista, mas também devemos chamar as coisas pelo seu nome quando há atrocidades em Gaza.”
Da mesma forma, o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, discursou pedindo uma investigação independente eficaz. E se disse “chocado” com o episódio.
Mortes na fila de comida
Houve relatos totalmente diferentes de como as vítimas morreram no caos que ocorreu perto da Cidade de Gaza, no norte da Faixa.
Na quinta-feira (29/2), o ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo grupo extremista Hamas, afirmou que soldados israelenses abriram fogo contra palestinos que estavam em uma fila de comida. No total, pelo menos 112 pessoas morreram.
Os militares de Israel negaram ter disparado. Segundo eles, a maioria foi morta num esmagamento ou atropelada por caminhões que tentavam escapar de uma confusão em um dos pontos de ajuda humanitária.
Um porta-voz disse que os soldados dispararam apenas contra um pequeno grupo que ameaçou um posto de controle. Segundo ele, menos de 10 vítimas foram mortas pelos militares.