EUA espionaram secretário-geral da ONU, apontam documentos vazados
Novos documentos vazados mostram preocupação dos EUA com a postura de António Guterres em relação à invasão da Rússia na Ucrânia
atualizado
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O chefe da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, foi alvo de espionagem dos Estados Unidos, que mostrou insatisfação do governo norte-americano com a postura do diplomata em relação à invasão da Rússia na Ucrânia. A revelação acontece após arquivos secretos do Pentágono se tornarem públicos, por meio de vazamentos nas redes sociais.
Em um dos documentos vazados, os EUA mostram incômodo com a postura do chefe da ONU em torno das negociações do acordo de grãos do Mar Negro entre Rússia e Ucrânia.
“Guterres enfatizou seus esforços para melhorar a capacidade de exportação da Rússia, mesmo que isso significasse trabalhar com entidades ou indivíduos russos sancionados”, diz o arquivo vazado dos EUA e analisado pela BBC.
Firmado em julho de 2022 com a mediação de António Guterres e do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, o acordo visou a livre exportação de grãos pelos portos do Mar Negro mesmo em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia.
Cinco meses antes de o acordo ser selado visando a segurança alimentar global, os EUA afirmaram que Guterres estava minando “esforços mais amplos para responsabilizar Moscou por suas ações na Ucrânia” com as negociações com a Rússia, disse o documento.
Além do acordo de grãos do Mar Negro, o governo estadunidense teve acesso a uma conversa entre Guterres e a presidente da Comissão Europeia. Na ocasião, o presidente da ONU mostrou “consternação” após uma ligação com Ursula von der Leyen, onde a intenção da União Europeia de aumentar a produção de armamentos para a Ucrânia foi anunciada.