EUA: Conheça Mickey Barreto, brasileiro que viveu em hotel por US$ 200
Brasileiro morou por 5 anos em hotel de luxo de Nova York após encontrar brecha na lei norte-americana
atualizado
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O brasileiro Mickey Barreto, de 49 anos, usou uma brecha na lei dos Estados Unidos para viver como hóspede do hotel de luxo New Yorker, em Nova York, durante 5 anos após pagar a quantia de US$ 200.
O homem também se apresenta como Miguel Abraão Muniz Barreto e Cistóvão Colombo II. Ele se diz fundador de uma tribo e descendente de Cristóvão Colombo, explorador espanhol que alcançou o continente americano em 1492.
Mickey Barreto utilizou uma brecha na lei de Nova York de 1960 para colocar o próprio nome na escritura do edifício New Yorker, cujo dono é a Igreja do Reverendo Moon. A diária no hotel de luxo custa em torno R$ 990. A informação foi divulgada pelo jornal norte-americano The New York Times.
Nas redes sociais, o brasileiro se apresenta como “líder tribal e religioso. Um homem de negócios para o benefício de toda a humanidade”.
Mickey Barreto é natural de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, e se mudou para os Estados Unidos na década de 1990. Segundo familiares, quando era mais novo, ele era considerado talentoso. No entanto, nos últimos anos teria desenvolvido uma obsessão por genealogia. O brasileiro diz ser descendente direto de Cristóvão Colombo.
O brasileiro também se apresenta como proprietário e presidente da organização não governamental (ONG) Mickey Barreto Missions. “Missões Mickey Barreto é uma organização sem fins lucrativos que se dedica a criar formas de autossuficiência para moradores de rua e indivíduos que sofrem de abuso de substâncias , fornecendo diversos recursos para garantir o sucesso”, diz trecho da apresentação da organização.
Reverendo Moon
O líder religioso Sun Myung Moon criou a Igreja da Unificação e era dono de um espólio milionário, com empresas de comunicação, de armas e de saúde. Ele morreu aos 92 anos na Coreia do Sul, em 2012.
Grande parte do hotel luxuoso de Nova York é ocupado por membros da seita.
O brasileiro teria decidido investigar as origens da Igreja da Unificação, desde interesses econômicos até a expansão. Barreto teria descoberto que membros da seita estariam enviando os rendimentos do grupo bilionário a Coreia do Norte, atividade ilegal após as sanções do governo norte-americano ao governo de Kim Jong Un.
Brecha na lei
Na sua primeira noite no hotel luxuoso, Barreto teria comentado com o seu parceiro Matthew Hannan sobre possível brecha na Lei de Estabilização de Aluguéis, aprovada em 1969. A legislação regulamenta os aluguéis de todas as cidades, além disso, tem especificações sobre quartos de hotéis construídos antes de 1969, cujos quartos podiam ser alugados por menos de US$80 por semana em maio de 1968.
Segundo a lei, um hóspede pode se tornar residente permanente ao solicitar um aluguel com desconto. E qualquer hóspede que se tornar residente deveria ter acesso a todos serviços oferecidos nas instalações.
No segundo dia de hospedagem, o brasileiro apresentou uma carta ao gerente do hotel para solicitar um aluguel de seis meses. O funcionário ligou para o chefe e depois informou que não existia tal modalidade no local. Apesar de pagar apenas uma noite, ele não retirou os seus pertences da unidade.
O brasileiro decidiu então entrar com uma ação no Tribunal de Habitação da Cidade de Nova York, em Lower Manhattan. O juiz Jack Stoller decidiu de Barreto e determinou que o hotel “devolvesse imediatamente ao peticionário a posse das instalações em questão, fornecendo-lhe uma chave”.
Com a decisão do juiz, Barreto seguiu para o Departamento de Finanças e pediu para colocar o quarto em que estava hospedado em seu nome, como faria um proprietário. No entanto, foi informado de que isso seria impossível, uma vez que a unidade não estava dívida nos registros da cidade por quartos.
A propriedade tinha uma entidade cadastrada, o próprio hotel, identificado nos registros de Nova York como Bloco 758, Lote 37. Assim, citando a ordem do juiz, Barreto preencheu a papelada declarando sua propriedade.