EUA confirma caso de zika vírus no Texas. Europa entra em alerta
De acordo com a revista Time, a doença foi contraída fora dos Estados Unidos
atualizado
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O CDC (Centers for Disease Control and Prevention), órgão norte-americano que cuida do controle de doenças, divulgou que um caso do zika vírus foi diagnosticado em Houston, no Texas. As informações são do site da revista Time.
De acordo com a publicação, a doença foi contraída fora dos EUA, mas o CDC não especificou em qual país o viajante foi picado pelo mosquito Aedes aegypti, transmissor do zika vírus.
A revista afirma que não há riscos da doença em território americano. No entanto, quem viaja para a América Central e para o Caribe, principalmente as mulheres grávidas, é instruído a fazer uso de repelentes e manter-se atento.
Alerta
A Europa está recomendando “vigilância” de seus Estados-membros diante da proliferação de casos do zika vírus no Brasil e em países da América Latina e pede que os médicos nos serviços públicos do continente sejam alertados sobre o surto. As autoridades europeias também estão orientando os governos do bloco a fortalecer a capacidade de seus laboratórios para poder testar eventuais casos que surjam na região.
O alerta faz parte um documento produzido pelos europeus em dezembro diante da proliferação de casos brasileiros, que foram ao menos 500 mil em 2015. Segundo a União Europeia, 19 países registraram casos nos últimos nove meses e a tendência é que a proliferação continue.
Na avaliação de risco, o bloco recomenda ainda que os governos europeus não permitam a doação de sangue por pessoas que tenham passado pelas áreas indicadas pela avaliação, incluindo o Brasil.
A Europa não apresenta nenhum tipo de sugestão para que seus cidadãos deixem de visitar o Brasil ou outras áreas afetadas. Também não existe qualquer restrição sobre o comércio, mas deixa claro que “viajantes a países onde o zika vírus está circulando estão sob o risco de desenvolver a doença pela picada do mosquito”.
Territórios ultramarinos
A preocupação imediata dos europeus é com a contaminação em seus territórios ultramarinos, como no caso da Ilha da Madeira ou na Guiana Francesa, com casos que poderiam ser rapidamente importados para a Europa continental.
Uma das preocupações é que, sem informação, os médicos não identifiquem pessoas contaminadas e façam diagnósticos equivocados.
Usando dados oficiais, o Centro Europeu de Controle de Doenças apontou que, em nove meses, o vírus foi registrado em praticamente toda a América Central e também na Venezuela, Colômbia, Paraguai e Guiana Francesa, assim como em Porto Rico e na Martinica, ambos no Caribe.
Mas, longe da América Latina, casos também foram registrados em Vanuatu, Ilhas Salomão, Samoa, Fiji e Nova Caledônia, além de Cabo Verde.
Atenção
O caso também chamou a atenção dos pesquisadores, que já alertam que a comunidade internacional corre o risco de repetir com o zika os mesmos erros que permitiram a proliferação do vírus do ebola, há dois anos. O alerta é de Trudie Lang, professora da Universidade de Oxford e uma das coordenadoras do Global Health Research, uma das maiores redes de pesquisadores do mundo, com mais de 50 mil membros.
Em entrevista, ela aponta que a doença que ganha força no Brasil já é “uma preocupação internacional” e apela para que recursos sejam “imediatamente” destinados para a pesquisa sobre como o zika é transmitido e como freá-lo.
O mundo está acabando de sair do pior surto de ebola e não pode cometer os mesmos erros de novo. Precisamos acelerar as pesquisas
Trudie Lang
Segundo ela, a situação é tão preocupante que os cientistas não têm condições nem mesmo de dizer se o vírus tem o potencial de chegar até a Europa ou Estados Unidos. “Sabemos menos do zika vírus do que sabemos do ebola”, disse. “Não sabemos como é transmitido e como pará-lo. Existem muitas questões em aberto.”