EUA: como fica a corrida presidencial com o fim da Convenção Democrata
A Convenção Democrata encerrou nessa quinta-feira (22/8) com o discurso de aceitação de Kamala Harris. Entenda quais os próximos passos
atualizado
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A Convenção Democrata chegou ao fim, nessa quinta-feira (22/8), com o discurso de aceitação da candidata do partido, Kamala Harris. O evento, que durou quatro dias, contou com a participação de figuras importantes dos Estados Unidos como o presidente Joe Biden, os ex-presidentes Barack Obama e Bill Clinton, as ex-primeiras-damas Michelle Obama e Hillary Clinton, o candidato a vice Tim Walz e a apresentadora Oprah Winfrey.
Enquanto o evento democrata dominava a mídia norte-americana, o opositor de Kamala, Donald Trump, realizava comícios nos estados decisivos para a eleição de novembro deste ano, em busca de modelar seu discurso. Pelas últimas pesquisas, ele perdeu força com Kamala assumindo o lugar de Joe Biden na corrida presidencial.
O discurso de aceitação de Kamala abordou sua visão de país, retomou sua fala tradicional de que como promotora que lidou com criminosos iguais a Donald Trump e que, por isso, sabe que pode o derrotar. A vice-presidente também falou sobre sua origem familiar como filha de imigrantes.
Kamala ainda destacou que a sua visão “otimista” do que os EUA podem vir a ser se contrasta com a “sombria” de Trump, evocando um senso de patriotismo.
Durante os quatro dias de Convenção o ex-presidente Donald Trump foi alvo de diversas críticas e provações por todos os oradores do evento, críticas respondidas por ele com ironia em todos os dias do evento.
Como fica a corrida eleitoral agora?
Com o fim das convenções dos partidos Democrata e Republicano, o próximo grande evento que se aproxima é o debate presidencial no dia 10 de setembro. Enquanto isso, os dois candidatos realizarão comícios por todo país, principalmente pelos swing states (estados-pêndulos), aqueles que não têm partido definido e variam de eleição para eleição, tornando-se os principais alvos dos candidatos pois garantem o número de delegados diferencial para levar a eleição.
Donald Trump
A campanha de Donald Trump está sentindo bastante dificuldade em voltar ao processo de ascensão como era com Joe Biden na disputa. Diante disso, o ex-presidente reformulou boa parte da sua equipe.
Analistas externos afirmam que a entrada de Kamala na corrida eleitoral era algo com que Trump não estava pronto para lidar. Em diversos momentos o republicano afirmou que Biden sofreu um golpe do próprio partido.
“A presidência foi tirada de Joe Biden, e eu não sou fã de Biden, mas vou lhe dizer uma coisa, de um ponto de vista constitucional, de qualquer ponto de vista que você observe, eles tiraram a presidência. Eles o forçaram a sair. Foi um golpe. Nós tivemos um golpe. Esse foi o primeiro golpe da história do nosso país, e foi muito bem-sucedido”, afirmou Trump.
A nova estratégia que o ex-presidente tem adotado é fugir dos ataques pessoais à Kamala Harris, pois, segundo a percepção da própria equipe, todos acabaram se voltando contra Trump. Um exemplo foi o quando ele questionou a identidade racial da democrata.
Como forma de construir um discurso consolidado, o republicano está direcionando as falas para a agenda econômica e de segurança pública. Inclusive, na terça-feira (20/8), Trump prometeu “tornar a América Segura Novamente” em evento em Michigan.
Donald Trump, também, tem buscado colar a imagem de Kamala Harris como uma líder incompetente para controlar a criminalidade do país.
“Kamala Harris vai entregar crime, caos, destruição e morte. Vocês verão níveis de crime que nunca viram antes. Eu entregarei lei, ordem, segurança e paz”, disse Trump.
Outra percepção é que o ex-presidente está construindo uma narrativa de golpe, caso perca as eleições deste ano, roteiro seguido por ele e seus apoiadores em 2020, que culminou na invasão do Capitólio.
Trump tem dito que “levou um tiro pela democracia” e que os democratas, referindo-se ao atentado sofrido por ele em julho deste ano, são “a verdadeira ameaça à democracia”.
Kamala Harris
A vice-presidente dos Estados Unidos continuará sua agenda tentando ao máximo manter a movimentação intensa que ela e seu companheiro de chapa Tim Walz conseguiram promover desde que ingressaram na disputa.
Especialistas dizem que Kamala e Tim devem manter a comoção que a Convenção Democrata causou ao longo das semanas se quiserem vencer a eleição do dia 5 de novembro.
Como demonstrado ao longo da Convenção Democrata, a campanha Harris-Walz seguirá por três linhas discursivas:
- A necessidade que os EUA têm de ter uma mulher no poder para que o direitos femininos, principalmente ao aborto, sejam devolvidos;
- A criação de condições de vida melhores para as classes mais baixas, com planos de saúde mais acessíveis;
- A visão destruidora e segregadora de Trump, ligando-o ao Projeto 2025, um conjunto de controversos planos de política conservadora escritos por uma série de aliados do ex-presidente Donald Trump, incluindo a revogação aos direitos ao aborto e à imigração.
Uma das estratégias elaboradas pelos Democratas é deixar as pautas mais polêmicas como imigração e segurança púbica para o candidato a vice, Tim Walz, abordar, enquanto Kamala começará a se concentrar em questões como aborto e racismo.
Outra linha de campanha que deve ser seguida por Kamala é concentrar seu discurso em grupos sociais periferizados dos EUA que não se sentem representados pelo governo, utilizando-se do fato de ser uma mulher negra e filha de imigrantes.
É impotante destacar que nos Estados Unidos o voto não é obrigatório, então, convencer esses tipos que costumam não comparecer as urnas é uma estratégia importante em uma das mais polarizadas eleições da história do país.