EUA: Biden nomeia deputada crítica a Bolsonaro para Secretaria do Interior
Deb Haaland é a primeira indígena à frente da pasta. Ela foi contra acordos entre Estados Unidos e Brasil diversas vezes
atualizado
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Joe Biden, o presidente eleito dos Estados Unidos, escolheu nessa quinta-feira (17/12) a deputada Deb Haaland para ser a nova secretária do Interior do governo. Ela vai chefiar as terras públicas e reservas indígenas. Deb também terá um papel central na implementação da agenda ambiental e climática defendida pela campanha do democrata.
Se confirmada a nomeação, ela será a primeira indígena a liderar a pasta na história dos EUA. O departamento cuida de questões relacionadas aos povos nativos do país, que somam quase 2 milhões de pessoas. Ela já fez história ao se tornar a primeira indígena a ser eleita para a Câmara dos Deputados.
Haaland está atenta ao Brasil. Ela é uma congressista ativa em propostas legislativas contra o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e foi contrária a acordos entre Estados Unidos e Brasil por diversas vezes.
Deb e outros três deputados democratas divulgaram, em outubro deste ano, uma carta na qual refutam um Acordo de Proteção de Tecnologia, assinado por Trump e Bolsonaro em 2019, que prevê o uso da Base de Alcântara, no estado do Maranhão, pelos EUA.
O texto da carta pede que o governo americano não participe de ações que coloquem comunidades quilombolas sob risco de ataques racistas e de desapropriações.
Além disso, Haaland tentou ter apoio na Câmara para enfraquecer a designação dada pelo governo Trump ao Brasil de aliado preferencial fora da Otan.
Ela conseguiu a aprovação de uma emenda ao orçamento de defesa que obriga o governo Trump a fazer um relatório sobre os direitos humanos no Brasil. A medida foi sancionada pelo presidente.
“Queremos que os EUA aumentem o escrutínio em relação ao desrespeito aos direitos humanos no Brasil, especialmente nas violações contra indígenas e afro-brasileiros”, disse Haaland à Folha de S.Paulo em maio de 2019.